A Grande Comissão
- Site IBMaranata
- 16 de out.
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A soberania de Deus não está em conflito com a urgência missionária. Antes, a soberania de Deus é o combustível para a obediência ao mandamento da Grande Comissão, ou seja, fazer discípulos de todas as nações, batizando-os e ensinando-os a obedecer os ensinamentos de Jesus (Mateus 28.18–20).
A forma como cremos na soberania de Deus influencia diretamente nossa visão sobre a Grande Comissão. O que cremos sempre afeta a forma como agimos. O que fazemos sempre revela no que, ou em quem cremos.
Portanto, a tensão entre o que cremos sobre a soberania de Deus e o sentimento de urgência missionária tem mais desdobramentos do que imaginamos. Não é incomum encarar perguntas como: Se Deus já escolheu Seus eleitos, e todos os eleitos serão salvos, para quê pregar o Evangelho? Para quê agir com urgência?
Gostaria que analisássemos as seguintes afirmações:
A soberania de Deus não está em conflito com a urgência missionária.
A soberania de Deus é o combustível para a obediência à Grande Comissão.
A Soberania de Deus Não Está em Conflito Com a Urgência Missionária
A fé na soberania de Deus é inegociável para obter um bom entendimento da salvação em Jesus Cristo. Cremos, portanto, que Deus é quem nos escolheu (Romanos 8.29 e 30; Efésios 1.4 e 5), pois o homem não pode fazer o bem, nem buscar a Deus (Romanos 3.10 e 11; João 15.5). Quando não cremos nisso, caímos no falho entendimento de que participamos, de uma forma ou de outra, de nossa salvação.
Veja quão central e importante é estarmos firmes nessa convicção. Todos os passos de nossa salvação, desde o sacrifício de Jesus e Sua ressurreição até o nosso convencimento (João 16.8) e conversão, são obras de Deus e não nossa.
Aqui se encontra o dilema: Se a obra é de Deus, por que temos tanta urgência missionária?
Em primeiro lugar, Deus, em Sua soberania, decidiu que “a fé vem pela pregação, e a pregação, pela Palavra de Cristo”.
Analisemos Romanos 10.13–15:
“Porque: Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.
Como, porém, invocarão aquele em quem não creram?
E como crerão naquele de quem nada ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue?
E como pregarão, se não forem enviados? Como está escrito:
Quão formosos são os pés dos que anunciam coisas boas!”
Veja como a conclusão de Paulo não é: “não importa como ouvirão, porque se forem eleitos serão salvos”. Paulo, apesar de crer na soberania de DEUS, segue enxergando urgência para a obediência à Grande Comissão.
Veja como o texto segue para revelar algo importantíssimo nos versículos 16 e 17:
“Mas nem todos obedeceram ao evangelho; pois Isaías diz:
Senhor, quem acreditou na nossa pregação?
E, assim, a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo.”
(ênfase do autor)
Quando alguém é salvo, essa pessoa é salva pela graça, mediante a fé. Estes, tanto a graça quanto a fé, não vêm de nós. É dom de Deus (Efésios 2.8 e 9). Nós não produzimos a fé pela qual recebemos a graça. Até isso é dom de Deus. Veja que maravilhoso! Deus nos dá aquilo que Ele pede de nós! Ele é o provedor de todos os passos da nossa salvação. E a forma como Ele decidiu nos dar a fé foi pela pregação da Palavra.
Por isso Paulo segue a seguinte lógica: “Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo”. Para invocar o nome do Senhor, é preciso crer no nome do Senhor. Para crer no nome do Senhor, é preciso ouvir (porque a fé vem pelo ouvir). E para ouvir, é preciso pregar. E para que pregue, é preciso ser enviado.
Portanto, Deus, na Sua soberania, concede a fé aos Seus eleitos através da pregação da Palavra de Cristo. Não há conflito, mas sim harmonia entre essas verdades maravilhosas e consoladoras.
Em segundo lugar, nós não obedecemos à Grande Comissão porque se não fizermos isso as pessoas não serão salvas. Nós obedecemos à Grande Comissão porque Jesus ordenou!
É simples assim. É urgente, porque é uma ordem do nosso Senhor e Salvador! Ele não precisa de nossa ajuda para o cumprimento da Grande Comissão. Mas essa é uma ordem que Ele nos deu.
Muito mais do que uma ordem. É um privilégio! Experimentamos da maravilhosa presença de Deus ao obedecermos essa ordem (Salmo 16.11; Mateus 28.20b).
Algumas semanas atrás, tive o privilégio de pregar o Evangelho para uma menina de 13 anos que chorou ao ouvir que Deus estava disposto a tomar sua culpa e colocá-la em Jesus (Salmo 103; Isaías 53). Depois, fiquei pensando no tamanho do privilégio que eu tive: participar da conversa mais importante da vida daquela menina!
Ao lembrar dessa experiência, percebo que a confiança na soberania de Deus não diminui a alegria nem o senso de responsabilidade em anunciar o Evangelho — pelo contrário, ela os aprofunda. Saber que é o próprio Deus quem opera na salvação não nos torna passivos, mas cheios de esperança.
Afinal, quando abrimos a boca para pregar, não confiamos em nossa capacidade de convencer, mas no poder de Deus para salvar.
A Soberania de Deus é o Combustível Para a Obediência à Grande Comissão
O que quero dizer com isso é que sem a soberania de Deus não haveria esperança para a pregação do Evangelho. A pregação mais eloquente e profunda do Evangelho não seria frutífera. Porque a fé é um dom de Deus. Só há conversão quando Deus age com Sua soberania convencendo o homem pecador.
Sendo assim, a soberania de Deus nos dá esperança de que, ao pregarmos o Evangelho, há possibilidade de frutos!
Veja o que John Piper diz sobre isso: “Sempre haverá pessoas que argumentam que a doutrina da eleição torna missões desnecessárias. Mas elas estão erradas. Ela não torna missões desnecessárias; ela torna missões cheias de esperança. John Alexander […] disse: ‘No início da minha carreira missionária, eu dizia que, se a predestinação fosse verdadeira, eu não poderia ser missionário. Agora, depois de mais de vinte anos lutando com a dureza do coração humano, digo que jamais poderia ser missionário a menos que acreditasse na doutrina da predestinação.’ Ela nos dá esperança de que Cristo certamente tem ‘outras ovelhas’ entre as nações”.¹
A soberania de Deus não está em conflito com a urgência missionária. Antes, ela é o combustível para a obediência à Grande Comissão!
Editorial de Timoteo Monteiro

¹ PIPER, John. Let the Nations Be Glad! The Supremacy of God in Missions. 3. ed. Grand Rapids: Baker Academic, 2010 – tradução livre.
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