Dia desses, ainda na estrada, ao retornar de viagem com minha família, fui chegando próximo ao pedágio, com a velocidade bem reduzida por causa do excesso de veículos, o que me proporcionou tempo suficiente para me surpreender com uma frase escrita logo abaixo do para-choque de um caminhão: “Preste atenção: em toda religião, as pessoas que mais vão, as piores são”. Meu primeiro sentimento foi encarar aquela frase como preconceituosa e de muito mal gosto. Tive até vontade de descer do carro e ir até lá perguntar a respeito, mas, certamente, não seria muito prudente. No entanto, em todo restante da viagem fiquei pensando no que havia motivado uma pessoa a gravar em seu próprio caminhão uma inscrição como aquela. Acredito que não se tratava apenas de um desabafo, mas deveria ser o resultado de uma experiência traumática que suscitou uma decepção tão grande com algum “religioso” que seria necessário o país todo conhecer.
Essa é uma realidade antiga, mas muito palpável ainda hoje, porquanto, o mundo continua a sentir os efeitos danosos de uma mancha encardida e de difícil remoção da vida espiritual: a dissimulação cristã. Jesus, citando o profeta Isaías, disse em Mateus 15.8-9: “...honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. Em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens”. Naquele contexto, o mestre se referia aos fariseus que usavam de hipocrisia, porque conheciam a lei, mas a manipulavam em benefício próprio, com o fim de lucro, de reconhecimento e com o desejo de serem os únicos criadores e protagonistas de um verdadeiro teatro religioso.
Mas, o que isso tem a ver conosco? Permita-me entrar de sola e perguntar a você, porque também me pergunto todos os dias: Em nossa vida, como discípulos de Jesus, temos trazido honra ou desonra ao nosso Deus? Quanto de nossa natureza humana tem prevalecido sobre nossa devoção? Aos olhos do mundo, infelizmente, os crentes de hoje são considerados uma geração de pessoas arrogantes e, pasmem, apáticos espiritualmente. Porque conhecem a Palavra de Deus, mas, infelizmente, ao ouvirem verdades profundas do Senhor, explodem em louvor e adoração apenas nos cultos aos domingos, mas murcham durante todo resto da semana ao permitirem que as circunstâncias espinhosas do dia a dia assumam o púlpito de suas vidas. E é, por isso, que também dissimulam, agridem, enganam e se perdem entre a lucidez da Palavra de Deus e a loucura da hipocrisia e do egoísmo. Deus se revela a todo instante para nós, mas preferimos a murmuração, a reclamação e a viver afundados em nossos problemas, nas dificuldades, na escassez, porque essa é a nossa característica e, com isso, proclamamos o nome do Senhor em vão e permitimos que ele seja drenado para o ralo do ultraje, do desprezo e da humilhação.
Mas é o rei Davi quem nos dá um sinal de alerta, um alarme que nos desperta, nos levanta e nos faz louvar e a glorificar a Deus como uma atitude de coração e como resultado de um relacionamento sincero de amor e adoração por termos a consciência que pertencemos exclusivamente ao Senhor: “Aleluia! Louva, ó minha alma, ao Senhor”. (Salmo 146.1) É tudo o que precisamos fazer. Porque quando agimos assim, o Espírito Santo nos sacode de uma maneira impressionante e leva-nos a reconhecer a grandeza, o caráter e os atributos Senhor em qualquer circunstância. E é assim que testemunhamos, diariamente, os frutos de uma vida de santidade e de crescimento espiritual, usados exclusivamente para honra e glória do único Deus Santo e Criador de todas as coisas.
Então, ao acordar, diga ALELUIA, porque o dia, embora difícil, passará a ser suave (Mateus 11.28). Escreva ALELUIA entre o arroz e o feijão em sua lista de compras, porque se não tiver muito para comprar lembrará que nunca mais passará fome (João 6.35), nem sede (João 4.13-14). Grave ALELUIA no painel do carro para lembrar, nos momentos de tensão, os exemplos de mansidão e humildade de um Deus que se tornou servo e se esvaziou a Si mesmo (Mateus 11.29 – Filipenses 2.7). Grite ALELUIA quando estiver num leito de hospital para lembrar que você já foi curado pelas feridas de alguém que sofreu todas as suas dores (Isaías 53). Proclame ALELUIA em todas as circunstâncias para jamais esquecer da misericórdia do Deus Eterno que, pela Graça, o salvou em Cristo Jesus (João 5.24) e, assim, contagiar pessoas, honrando o nome do Senhor e testemunhando quão bem-aventurado é aquele que O tem como auxílio e esperança (Salmo 146.5). Quem sabe, algum dia, em alguma estrada, ao ser ultrapassado por algum caminhão, você, assim como eu, também possa se surpreender, mas agora pela alegria de ler no para-choque: “Aleluia! Louva, ó minha alma, ao Senhor”.
Amém! Aleluia!
Editorial de Walter Feliciano

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