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Esperança nas despedidas

Atualizado: 28 de out. de 2018

São tantas bênçãos que nem podemos começar a contar. Ser encontrado por Cristo realmente nos transporta de um reino de escuridão para uma maravilhosa luz. Não só temos o perdão definitivo dos nossos pecados presentes e futuros, mas também somos confrontados com um novo jeito de encarar a vida, com novos objetivos e o consolo constante do Espírito Santo em todas as nossas tribulações. Há algum tipo novo de alegria, resultado da comunhão restaurada com Deus, que nos dá o combustível para viver a vida dessa maneira. Se você passou por isso, percebe que uma das coisas mais interessantes desse processo é o fato de que normalmente não temos essas experiências sozinhos; tudo isso é vivido numa comunidade cujos laços são cada dia mais estreitos. E talvez essa seja a razão de ser tão difícil dizer adeus quando Deus, na sua soberania, nos leva a outros lugares do mundo – ou mesmo quando somos encarados com a morte de um irmão.


A doce comunhão

Não sei o quanto você, leitor, já teve dificuldades com pessoas, mas posso arriscar que certamente você já teve alguma (seja dentro da igreja ou não). Por isso, é comum encararmos com um pouco de dificuldade afirmações como “Ora, vocês são o corpo de Cristo, e cada um de vocês, individualmente, é membro desse corpo.” (1 Coríntios 12.27), especialmente no começo da nossa caminhada. Afinal, nossas experiências passadas nos dizem que pessoas podem ser complicadas demais para serem incumbidas de representar algo tão importante. Mas eis algo curioso: a Bíblia não diz que “pessoas fáceis de lidar são o corpo de Cristo”, mas “vocês são o corpo de Cristo”, ou “juntos, vocês representam Cristo diante de um mundo caído” (como em 1 Timóteo 3.15) – isso é um fato reafirmado em diversas partes do Novo Testamento e que muitas vezes temos que aceitar pela fé, a princípio. Mas basta estar no convívio por algum tempo que começamos a entender que não há outro lugar no mundo em que pessoas tão diferentes possuam um laço tão forte. De maneira quase inexplicável, pessoas que de outro modo não teriam relação nenhuma, começam a caminhar juntos, a ensinar uns aos outros, a consolar uns aos outros... Em resumo, vidas são compartilhadas e um amor sobrenatural é manifestado. Essa é a doce comunhão que experimentamos e que tantas vezes é retratada no fim das cartas de Paulo (quando puder, leia Romanos 16 com esses olhos). É essa uma das maiores bênçãos que Deus nos dá ao nos adotar na sua família.


A dor e a esperança final

É incrivelmente doloroso pensar que algo tão bom poderia ser quebrado de alguma forma, mas Deus, sendo incrivelmente sábio, nos coloca em situações em que o adeus é necessário. A boa notícia é que a Bíblia não é alheia a esse sentimento, mas o retrata em diversas ocasiões. Nessas horas é que lembramos do pranto dos presbíteros de Éfeso ao ouvir as palavras de despedida de Paulo em Atos 20.36-38. Lembramos da tristeza dos discípulos ao saber que Cristo não estaria mais com eles em João 16 e até mesmo das lágrimas de Cristo ao encontrar Lázaro em seu túmulo, em João 11. A separação é dolorosa, mas não podemos deixar que ela nos cegue; ela nos lembra que vivemos num mundo caído, onde a dor sempre vai estar presente, mas sabemos que graça e consolo atuam de maneira ainda mais efetiva nessas situações. Deus usa tudo isso para nos mostrar seu amor, afinal, “nós amamos porque ele nos amou primeiro” (1 João 4.19). Esses momentos são oportunidades de experimentar um pouco da intensidade do amor de Deus por nós. Mas a Bíblia não se detém ao dizer que tal sofrimento é válido, ela traz a solução final para todo o sofrimento. Um dos aspectos que não mencionei no início do texto e que é essencial à mensagem do Evangelho é a nossa glorificação final – o fato de que iremos passar a eternidade com Cristo. Mais uma vez, essa não será uma experiência que passaremos sozinhos, mas seremos levados em conjunto à presença do nosso Senhor “e assim estaremos com o Senhor para sempre” (1 Tessalonicenses 4.17). Esse é o consolo que Paulo dá aos leitores daquela carta diante da morte de irmãos queridos. Essa é a esperança de toda despedida. Em breve nos encontraremos de novo, sem mais impulsos pecaminosos que nos atrapalham, mas em perfeita comunhão uns com os outros. Para sempre louvando ao Senhor, como fomos criados para fazer, algo que fazemos muito melhor em conjunto. Essa é uma das coisas que nos fazem suportar despedidas, e sabemos que quanto mais amamos, mais difícil elas são – e por isso, ainda mais preciosa é a nossa esperança.


Ensina-nos Senhor!

Tendo isso em mente, em toda despedida, podemos nos dirigir ao trono da graça, mesmo com o coração contrito. Deus nos conhece e sabe da dor que passamos, mas Ele sabe de tudo o que temos que aprender com esse processo. Ensina-nos, Senhor, a dizer adeus com o Teu reino em mente. Ensina-nos a amar nossos irmãos cada vez mais, sabendo que tudo isso vai doer no momento de alguma separação, seja quando o Senhor chamar um de nós para Si, seja quando colocar outros caminhos para seguirmos. Sabemos, Pai, que essa dor vale a pena pois nos dá um pequeno vislumbre do quanto o Senhor nos ama. O Senhor nos amou até a morte! Nos consola diante das circunstâncias que não podemos controlar, e nos lembra da nossa esperança final todos os dias. Que a cada dia desejemos mais e mais o momento desse reencontro, onde não haverá mais trevas, e onde, juntos, poderemos Te louvar de maneira perfeita e Te conhecer, juntos, por toda a eternidade. Amém!


Editorial de Petrônio Nogueira



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