“E pôs Abraão por nome àquele lugar Jeová Jireh. Daí dizer-se até ao dia de hoje: No monte do Senhor se proverá.”
(Gênesis 22.14)
Como vimos em nossa série de editoriais sobre os Nomes de Deus, existem diversas formas utilizadas ao longo da Bíblia para se referir a Ele. Alguns desses nomes foram formas pelas quais o próprio Senhor Se definiu para o Seu povo como, por exemplo, Jeová (Isaías 42.8; Malaquias 3.6), Jeová Rafa (Êxodo 15.26) e El-Shadday (Gênesis 17.1).
Por outro lado, alguns nomes de Deus são oriundos de formas pelas quais pessoas O chamaram, muitas vezes frutos de experiências específicas que tiveram com o Senhor, tais como Jeová Nissi (Êxodo 17.15), Jeová Shamá (Ezequiel 48.35) e Jeová Jireh (Gênesis 22.14).
No texto de hoje, iremos refletir um pouco sobre uma dessas experiências específicas, que levou o patriarca Abraão a nomear um lugar como Jeová Jireh: o Senhor proverá.
Prover e ver
A palavra “prover” na língua portuguesa tem sua origem no latim, sendo formada pelo prefixo “pro”, que possui o sentido de anterioridade, e pelo verbo “ver”. Entretanto, fazer provisão para algo significa não somente ver anteriormente uma necessidade, mas agir com relação a isso. Dessa forma, o ato de prover está relacionado a uma ação de suportar, agindo de forma proativa para suprir necessidades identificadas (vistas).
Interessantemente, na língua hebraica, a palavra “ver” pode ser traduzida como “prover”, o que é exatamente o caso de Gênesis 22. “Deus proverá” (Jeová Jireh) pode ser também traduzido como “Deus verá”, possuindo, contudo, o sentido mais amplo de não apenas se ver algo sem qualquer ação, mas com um propósito.
Assim, a providência de Deus não se limita a antever as coisas, mas a sustentar e governar tudo o que ocorre no universo. No caso de Abraão, essa providência foi vista por meio de um cordeiro (Gênesis 22.8) — e de muitas outras formas ao longo de sua vida e depois dela, na vida de seus descendentes.
Uma experiência de fé
Foquemos então no contexto que levou Abraão a chamar aquele monte de Jeová Jireh. Ao caminhar em direção à terra de Moriá com seu filho Isaque, Abraão deve ter tido os mais diversos pensamentos sobre o que Deus estava pedindo dele. Em Hebreus 11.17, vemos que sua conclusão foi a de que o Senhor ressuscitaria Isaque após seu sacrifício. Ainda assim, a ordem de Deus certamente pareceria contraditória, dolorosa, assassina, inconsistente com tudo o que Abraão sabia sobre Ele. Entretanto, Abraão permaneceu submisso e obedeceu ao ponto de quase sacrificar seu próprio filho, dando a nós uma das maiores demonstrações de fé já registradas, e contribuindo para que Abraão se tornasse o exemplo de justificação pela fé para todos nós (Tiago 2.21–23). Dessa forma, o nome Jeová Jireh está intimamente ligado a uma postura de fé que devemos ter para com Deus em qualquer situação, seguindo o exemplo de Abraão.
Verbo no futuro
É bastante interessante notar que o verbo “prover” se encontra no futuro, quando Abraão dá nome àquele lugar. Apesar de Deus já ter provido o cordeiro para o sacrifício naquele momento, Abraão não colocou o nome de “Deus proveu” no monte. Fica claro, então, que aquele ato não apenas tinha como objetivo provar Abraão, mas também apontar para a maior demonstração da providência de Deus: o sacrifício de seu Filho, o Cordeiro de Deus, em nosso lugar.
Desfrutando da providência de Deus
Quando pensamos em Cristo, podemos entender a extensão da providência de Deus:
“Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura,
não nos dará graciosamente com ele todas as coisas?”
(Romanos 8.32)
Não há limites para o poder de Deus. Ele toca desde pequenos pássaros (Mateus 10.29), até estrelas gigantes (Isaías 40.26). Mas nada é mais poderoso e importante do que o sacrifício de Seu próprio Filho.
Além disso, a providência de Jeová Jireh não se limita a essa existência terrena, mas inclui um plano maravilhoso que tem como objetivo final trazer glória ao Criador. E nessa glória é que iremos para sempre habitar, desfrutando de Sua presença e provisão da maneira mais intensa possível.
Até que esse dia chegue, saber que Deus provê e proverá nos leva a adorá-lO mais e mais, maravilhando-nos na Sua salvação, entendendo que tudo faz parte de Seu plano perfeito, e que Ele nos dá forças para enfrentarmos as provas e sofrimentos que encontraremos em nossas vidas.
Consideremos:
Como temos visto a provisão de Deus em nossas vidas?
Como a compreensão clara da provisão de Deus nos move à gratidão?
O Evangelho é a maior demonstração da provisão de Deus. Em Jesus temos tudo o que precisamos!
Editorial de André Negrão Costa

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