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Rotina — Não Deixe os Pratos Caírem

Provavelmente você já viu aqueles artistas de circo que ficam equilibrando pratos em varas. São vários pratos e o objetivo é não deixar nenhum cair enquanto giram.

 

O artista gira o primeiro, o segundo, o terceiro prato. Quando começa a girar o quarto, o primeiro começa a querer cair e ele precisa voltar correndo para girá-lo novamente. Gira o quinto e o segundo começa a desacelerar. Se demora demais para voltar, todos os pratos caem e ele precisa começar tudo de novo, do zero.

 

Só de ler como é o processo envolvido neste “equilíbrio de pratos” ou mesmo de ver o artista tentando equilibrar todos eles, já dá um certo desespero e cansaço, não é mesmo?

 

Às vezes, nossa vida é bem assim: tentamos manter várias coisas girando ao mesmo tempo — trabalho, compromissos, família, amigos, igreja — e a todo momento estamos tentando não deixar nada cair. Na realidade, é uma grande vitória quando conseguimos equilibrar os “diversos pratos em suas respectivas varas”, que dirá fazê-los girar todos ao mesmo tempo e no mesmo ritmo.

 

Estamos vivendo numa época frenética! Os muitos recursos tecnológicos, as diversas facilidades, nosso mundo industrializado, tudo isto contribuiu para a construção do estilo de vida que vivemos atualmente. E ainda associado a um coração manchado pelo pecado e “enganoso, ...e desesperadamente corrupto...” (Jeremias 17.9).

 

Muitos de nós vivemos muito ocupados. E muitas vezes nos orgulhamos em afirmar isso: “sou ocupado demais!”.

 

Mas naqueles momentos de “desespero”, seja pela falta de tempo, seja pelo prazo de entrega de uma planilha chegando ao final ou até pelo pneu furado no meio da chuva instantes antes de sair de casa (já com atraso como sempre), surge aquela pergunta constrangedora: “como cheguei a esta situação?”. Como você chegou a isso? Como todos nós chegamos a este ponto?

 

Como se não bastassem essas perguntas, outras mais desafiadoras surgem quase que no mesmo instante: “Quando será que vou conseguir controlar minha vida? Por que não consigo gerenciar meu tempo? Como é que eu fiquei tão ocupado assim?”.

 

Por fim, a conclusão é que temos estado ocupados demais para buscar a Deus com todo coração, alma, mente e força.


De fato, alguns de nós podem estar quantitativamente menos ocupados que outros, e alguns muito mais. Mas em certo grau, a maioria de nós se sente cansado e atolado em nossos compromissos, na maior parte do tempo.

 

Em seu livro The Busy Christian´s Guide To Busyness (Guia de Ocupação do Cristão Ocupado), Tim Chester sugere doze perguntas diagnósticas que determinam o quanto estamos mal da “doença da pressa”.¹


  1. Você trabalha regularmente trinta minutos por dia além das suas horas contratadas?

  2. Você verifica e-mails e mensagens de telefone do trabalho quando está em casa?

  3. Alguém já lhe disse: “Não quero incomodá-lo porque sei o quanto você anda ocupado”.

  4. Sua família ou amigos reclamam de você não ter tempo para passar com eles? 


  5. Se, de repente, e sem esperar, amanhã você tivesse a noite livre, usaria seu tempo para trabalhar em alguma tarefa doméstica?

  6. Com frequência você se sente cansado durante o dia ou descobre estar com pescoço e ombros doloridos?

  7. Com frequência você excede o limite de velocidade quando está dirigindo?

  8. Você faz uso de quaisquer horários flexíveis oferecidos por seus empregadores?

  9. Você ora com seus filhos com regularidade?

  10. Você tem tempo suficiente para oração?

  11. Você tem um hobby em que se envolve ativamente?

  12. Vocês comem juntos como família, em sua casa, pelo menos uma vez ao dia?

 

Nossa vida corrida mostra aspectos do nosso coração como:


  • O desejo de agradar outros: dizemos muitos “sim” para muitas pessoas porque queremos que elas gostem de nós.

  • O desejo por reconhecimento: assumir mais e mais compromissos nos torna fortes e incríveis perante os outros.

  • O desejo por performance: se não fizermos, ninguém mais fará e ainda o resultado não será perfeito.

  • O desejo por possuir coisas:  trabalhamos demais para ganhar dinheiro e depois gastá-lo com tudo o que sempre desejamos.

 

Em Lucas 10 está a clássica história de Marta e Maria, no contexto de “andar muito ocupado”.

 

“Indo eles de caminho, entrou Jesus num povoado. E certa mulher, chamada Marta,

hospedou-o na sua casa. Tinha ela uma irmã, chamada Maria,

e esta quedava-se assentada aos pés do Senhor a ouvir-lhe os ensinamentos.

Marta agitava-se de um lado para outro, ocupada em muitos serviços.

Então, se aproximou de Jesus e disse: Senhor, não te importas de que minha irmã tenha deixado que eu fique a servir sozinha? Ordena-lhe, pois, que venha ajudar-me.

Respondeu-lhe o Senhor: Marta! Marta! Andas inquieta e te preocupas com muitas coisas. Entretanto, pouco é necessário ou mesmo uma só coisa;

Maria, pois, escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada.”

(Lucas 10.38–42).

 

Muitos de nós passamos os dias, meses, em um turbilhão: preocupados, irritados, ansiosos, inquietos. Cada compromisso, cada tarefa da escola, cada pia cheia de louça, cada visita inesperada vira um motivo para pânico. Estamos tão ocupados, mas raramente com aquilo que realmente importa!

 

Neste trecho, Jesus não está chamando Marta para uma vida contemplativa, de fazer nada. É um lembrete de que temos de manter o que realmente importa em primeiro lugar. Marta não está fazendo nada de ruim ou errado. Só está distante daquilo que é melhor.

 

Importar-se com o que realmente importa, valorizar o que tem valor! Não é simplesmente “fazer menos”. É viver a vida que Deus planejou para nós!

 

Nosso coração anseia por uma solução para a agitação presente em nossas vidas. E essa solução não consiste em colocar tudo em ordem na cozinha, no escritório ou em qualquer lugar que tenhamos alguma função. Nem consiste em conseguir o extraordinário feito de deixar todos os pratos girando lindamente como numa dança (lembra do equilibrista de pratos lá do começo?). Mas é deixar de lado algumas coisas para nos sentarmos aos pés de Jesus, numa conversa tranquila.

 

Se seus pratos não estão girando sincronizados e você tem corrido muito de lá para cá (imagine aqui as áreas da sua vida em cada prato), muito provavelmente você não está vivendo da maneira que Deus te criou para viver!

 

O segredo para mantermos nossos “pratos girando” é caminharmos bem próximos a Deus, estando atentos à Sua voz. Providenciar tempo para estarmos com a Palavra de Deus e a oração é por onde devemos começar.

 

“Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o Senhor, o Criador dos fins da terra,

nem se cansa, nem se fatiga? Não se pode esquadrinhar o seu entendimento. 

Faz forte ao cansado e multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor. 

Os jovens se cansam e se fatigam, e os moços de exaustos caem, 

mas os que esperam no Senhor renovam as suas forças, sobem com asas como águias,

correm e não se cansam, caminham e não se fatigam.”

(Isaías 40.28–31)

 

Que possamos nos quedar e nos assentar aos pés do Senhor, lembrando que “apenas uma coisa é necessária” (Lucas 10.42).

 

Editorial de Danielle Tamanhão

¹Tim Chester, The Busy Christian´s Guide to Busyness, 9-10.

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