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Ano novo, o engano do recomeço

Atualizado: 12 de set. de 2018

Uma frase que escutei no início deste ano, logo nos primeiros segundos foi: “2018 promete!” Imediatamente pensei: “Promete o quê?” Foi então que comecei a refletir a respeito de algumas afirmações que frequentemente escutamos especificamente nesta época do ano. E junto com estas frases empolgantes e cheias de positivismo, surgem também os incontáveis planos para o ano que se inicia, alguns exemplos são: “Este ano promete, pois lerei a bíblia inteira”, “estudarei mais para aquelas matérias da faculdade”, “serei um profissional muito mais dedicado”, “um filho muito melhor”, “um pai melhor”, “um marido melhor”, ou quem sabe até: “Guardarei dinheiro para trocar meu carro ou fazer aquela viagem com minha família!” Estou certo de que a maioria, senão todas estas afirmações confiantes e cheias de entusiasmo, já passaram por nossas cabeças em algum velho “ano novo”. Mas qual o problema nisso? Evidentemente, não há nenhum pecado aparente nestas afirmações, porém, elas podem nos revelar muito a respeito dos nossos corações e nossas expectativas.


Somos tendenciosos a encarar cada ano novo como um novo recomeço ou um novo ciclo, e como todo ciclo, ele possui um início, meio e fim. Não que o ano não possua estas etapas, mas como cristãos, somos chamados para vivermos contra a correnteza e a pensarmos não mais como quem é deste mundo, mas como Cristo.


Consideremos:


Vida eterna, não ciclos finitos

Por quantas vezes começamos o ano empolgados com a expectativa de um ano repleto de objetivos traçados, e chegamos ao final dele desanimados ao percebermos que grande parte de nossos objetivos não foram alcançados? Culpa disto, é que na maioria das vezes somos levados a pensar como o mundo: “Ano novo é época de colocar novos projetos em ação”, “é tempo de ter paz, amizade, amor, bons pensamentos e positivismo”, o famoso “UP”. Pensamentos sem nenhuma base bíblica e que por si só não conseguem se sustentar, pois não possuem uma base sólida, muito menos um objetivo de glorificar a Deus, porém, o cristão deve pensar de forma clara e objetiva, a fim de não cair em tais pensamentos equivocados. Paulo, em sua carta aos filipenses, nos deixa claro qual era sua única meta: Alcançar a perfeição para a qual Cristo o resgatou (Filipenses 3.12b-14), ele desfrutava de sua salvação todos os dias incessantemente. Paulo era, com certeza, um homem que vivia buscando alcançar seus objetivos, que na época, eram vistos como essenciais, porém, mesmo assim ele reconheceu que os propósitos que tinha alcançado outrora, não eram os que Deus tinha para ele, por isso, ele estava deixando estas coisas para trás, a fim de prosseguir com o único e verdadeiro objetivo. A vida cristã é constante e incessante, não podemos ser escravos de “ciclos”, esperançosos pelo início de mais um novo ano para que finalmente consigamos alcançar todos os nossos supostos objetivos, nossa esperança é Cristo, e nosso objetivo também.


Objetivos de quem? Para quem?  

Isso tudo significa que não podemos mais fazer planos ou estipularmos metas para o ano que se inicia? De maneira nenhuma! Não há o menor problema em esboçarmos planos para nossas vidas, inclusive somos encorajados a isso pela própria palavra de Deus (Lucas 14.28-32). Devemos viver uma vida com o foco correto, e viver com foco implicará em objetivos muito bem traçados e definidos. Contudo, devem ser alicerçados na graça de Deus e sob sua direção, e isso é uma consequência de entendermos o primeiro tópico deste editorial. Quando entendemos que nossa vida é uma luta constante para glorificar a Deus, e vivemos de tal modo, facilmente nossos objetivos se tornam para a Sua glória, e mais profundo ainda, quando entendemos isso, o próprio Espírito Santo trabalha em nós, nos dando o objetivo correto, e nos capacitando a cumpri-los, sabendo que é Deus quem opera em nós tanto o querer quanto o efetuar (Filipenses 2.13), de forma que nossos propósitos devem ser os mesmo de Cristo com o objetivo de glorificar o Seu nome!


Perdendo 10kg para a glória de Deus

Parece até uma frase forçada não é mesmo? Mas há uma verdade nela, e embora ela pareça estranha, quando nossos objetivos estão alinhados com os de Deus, Ele nos capacita a realizarmos o que deve ser feito, novamente cito Filipenses 2.13. De maneira que não temos glória alguma em nossos objetivos alcançados (Jeremias 9.24), pois Ele os alcançou por nós! E até mesmo um simples plano para emagrecer 10kg pode ser alcançado para a glória de Deus. Quando estamos com nossos objetivos dentro de Sua vontade, Ele trabalha em nosso favor para que cheguemos onde precisamos chegar. E é incrível como vários versículos sobre a dependência de Deus vem a minha cabeça, (Jeremias 18.6), (Filipenses 2.13), (João 15.5), (Filipenses 1.6), etc. Somos dependentes de Deus, tudo o que realizamos é exclusivamente através de Sua bondade e mérito. Que Deus nos conceda a graça de vivermos uma vida de constante desenvolvimento espiritual. E como Paulo disse, esperançosos pela perfeição que será possível somente através de Cristo Jesus. E até lá, vamos vivendo de glória em glória, não de ciclo em ciclo, pois não precisamos de um falso “recomeço” de ano novo para continuarmos combatendo um bom combate para a glória de Deus.


Editorial de Rafael Ceron de Souza




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