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Aplicando a lei ao coração

No seu discurso do Sermão do Monte (Mateus 5-7), Jesus fala sobre como deve ser o discípulo do reino de Deus. As informações são chocantes e contra qualquer coisa que as pessoas da época imaginariam. Na verdade, essas informações também são chocantes para as pessoas de hoje em diversos pontos, inclusive para aquelas que se consideram religiosas, mostrando que o Cristianismo é diferente de qualquer outra religião ou sistema moral.


O choque em relação ao padrão

O ser humano, nas mais diversas épocas da história, está acostumado a apresentar regras comportamentais consideradas boas. Os fariseus na época de Jesus tinham uma lista de regras impostas, supondo estarem seguindo a Lei de Deus simplesmente por cumpri-las. Da mesma forma, até a igreja moderna adotou regras que estão mais relacionadas a costumes do que à Palavra de Deus. O apóstolo Paulo dirá que essas coisas são “mandamentos e ensinos humanos” que “têm aparência de sabedoria, com sua pretensa religiosidade, falsa humildade e severidade com o corpo, mas não têm valor algum para refrear os impulsos da carne” (Colossenses 2.22, 23).


Quando Jesus chega e explica o padrão do Reino, aplicando-o ao coração, um legalista pode pensar que ele está querendo aliviar a Lei, por minimizar a importância dos aspectos externos ao ressaltar a importância das motivações. Porém, o fato é que o padrão que Jesus apresenta é altíssimo. Afinal, é mais fácil estar presente no salão de culto todo domingo, ou estar realmente envolvido com os membros de uma igreja vivendo as mutualidades? É mais fácil pagar uma mensalidade qualquer ou priorizar o reino de Deus em suas finanças? É mais fácil seguir a dieta dos carboidratos ou se alimentar para a glória de Deus? A questão é, portanto, que cumprir regras externas é algo que pode ser feito por qualquer pessoa, enquanto viver o padrão de Cristo, que está ligado as nossas motivações mais profundas, é impossível para todos nós.


O choque em relação à condenação

O segundo choque aparece após verificarmos o padrão de Cristo e percebermos que ninguém chega a esse padrão. A realidade é que as pessoas em geral, vendo aquilo que Jesus pede de cada um, costumam diminuir as exigências de Deus, propor sistemas paralelos ou formas diferentes de obediência, e até mesmo criar suas próprias religiões (seja dando um novo nome para ela ou não), de forma que elas consigam, de alguma maneira, cumprir as regras. Se uma pessoa consegue viver de acordo com o sistema moral que ela mesma criou, ela se sente bem e considera ter atingido alguma forma de “salvação”. Porém, isso não é o que Jesus apresenta no seu discurso.


A reação que Jesus espera de uma pessoa confrontada com o padrão elevado apresentado por Ele é reconhecer sua incapacidade. Jesus já começa o discurso dizendo que o reino dos céus é dos pobres de espírito. Ou seja, é necessário que você reconheça que você não é capaz de seguir o padrão do reino para poder entrar no reino. O resultado do julgamento de cada ser humano tendo como base a Lei de Cristo é um só: culpado (João 3.19–21).


O bom choque em relação à possibilidade de obediência

No entanto, apesar da condenação mediante ao rigoroso padrão apresentado, a boa – e chocante – notícia é que esses ensinamentos não servem somente para trazer condenação. É verdade que todos merecemos punição por causa do nosso pecado, mas por Sua graça Deus quis salvar o Seu povo e conceder graça para que diariamente ele seja capaz de obedecer à Lei com um coração sincero (2 Coríntios 5.15; 2 Pedro 1.3–4).


Dessa forma, voltamos ao alto padrão apresentado por Cristo. Após reconhecermos que somos pobres de espírito e de que vivemos constantemente na dependência de Cristo, passamos a ser capacitados por Ele para seguir o Seu padrão. Com isso, nosso coração outrora pecaminoso é moldado para ser um coração capaz de ter intenções corretas, de forma a verdadeiramente seguir à Lei — e não mais ter intenções erradas, que nos levam a dar um jeitinho para aparentar seguir a Lei.


Editorial de Tássio Cavalcante




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