Apologética — Prontos Para a Batalha!
- Site IBMaranata
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Num país sincrético como o Brasil, é interessante ver os tipos de reações que recebemos ao interagirmos sobre a fé com não-cristãos ao nosso redor. Muitos assumem que a fé do cristão tem como objetivo preencher lacunas — o que a razão não consegue explicar, é papel da fé. Muitos veem a fé como uma muleta — quando eu não tenho força para lidar com algo, eu recorro à fé. Mas estes conceitos de fé não poderiam estar mais distantes da fé bíblica.
A fé do cristão é inteligível e coerente, e não um salto no escuro. Ela é internamente e externamente consistente — nenhuma de suas doutrinas está em oposição a outras, e sua descrição do mundo natural é perfeitamente compatível com o que observamos no nosso dia a dia. É exatamente por isso que Pedro nos chama a nos engajar intelectualmente em discussões sobre a nossa fé:
“Mas, ainda que venhais a sofrer por causa da justiça, bem-aventurados sois.
Não vos amedronteis, portanto, com as suas ameaças, nem fiqueis alarmados; antes,
santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados
para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós,
fazendo-o, todavia, com mansidão e temor, com boa consciência,
de modo que, naquilo em que falam contra vós outros,
fiquem envergonhados os que difamam o vosso bom
procedimento em Cristo, porque, se for da vontade de Deus,
é melhor que sofrais por praticardes o que é bom do que praticando o mal.”
(1Pedro 3.14–17 – ênfase do autor)
O chamado é claro, mas muitas vezes nos sentimos perdidos; como podemos nos preparar para essa batalha? Este é justamente o foco da apologética.
Apolo-quê?
Apologética é um ramo da teologia que se preocupa com a defesa intelectual das verdades proclamadas pela Fé Cristã. A palavra vem do termo grego apologia (que também existe na língua portuguesa), que significa literalmente “declaração fundamentada ou defesa verbal”. Ela não é uma disciplina nova; como vimos acima, a “defesa da fé” é não somente prevista, mas incentivada pelo apóstolo Pedro e praticada constantemente na igreja primitiva. Vemos isso acontecer na prática várias vezes no livro de Atos, quando os apóstolos são trazidos à presença de autoridades para “justificar suas palavras” (Atos 6.8–10; 17.16–34).
O imperativo, na carta de Pedro se dá no contexto de oposição social, onde Pedro chama os cristãos a perseverarem em fidelidade, fazendo o que é bom e justo mesmo que sofram por isso. Isso incluía a defesa das doutrinas da fé cristã com temor e mansidão, mesmo em meio à difamação; se isso soa familiar, é porque boa parte de nós enfrentamos o mesmo tipo de oposição hoje em dia.
Confiando na Revelação
A Bíblia não nos dá apenas um imperativo no vácuo, mas ela também nos dá exemplos de como fazer apologética da maneira correta. Em boa parte das ocasiões em que vemos Paulo engajado em apologética, ele parte de duas verdades essenciais: a existência de Deus e a infalibilidade das Escrituras. Falando para os judeus, ele argumentava com base nas Escrituras provando que Jesus era o Cristo, defendendo, por exemplo, a doutrina da ressurreição, como vemos em Atos 17.1–4. Já no fim do mesmo capítulo, falando para os atenienses, a argumentação começa com a existência de Deus e do Seu caráter mostrado na revelação geral.
De qualquer modo, o ponto inicial da apologética é fundamentada em Deus e no que Ele diz sobre si mesmo, sobre o homem e sobre o mundo ao nosso redor. É impossível, então, estar preparado para a batalha sem conhecer e confiar naquilo que o Senhor nos dá na sua Palavra. Isso envolve um esforço diário em não apenas ler a Bíblia de maneira mecânica, mas realmente entender o que está escrito e aplicar às questões essenciais da vida. Saber que o que Deus nos revela é verdade não só fortalece a nossa confiança nEle, como também nos coloca na posição correta para engajarmos intelectualmente com o mundo.
Prova e Persuasão
Mas a tarefa do apologeta não é apenas passiva. Na realidade, ela envolve a aplicação das verdades bíblicas de maneira a provar que a Fé Cristã se aplica a todas as culturas do mundo, sendo a única alternativa real dentre as inúmeras filosofias que este mundo nos oferece. Isso não necessariamente implica que pessoas serão persuadidas pela nossa argumentação.
Sabemos que a conversão (a mudança de mente que temos ao abraçarmos a pregação) é papel do Espírito Santo (Efésios 2.4–10); diante da prova, é Ele que nos persuade e muda as nossas afeições para amarmos a Deus, ao invés de nós mesmos. Mas Ele não nos convence a crer naquilo que é irracional. É por isso que a apologética tem um papel importante no processo de evangelismo, não porque a conversão vem por argumentos intelectuais, mas porque Deus usa uma defesa fiel da fé para mudar corações com a ação do Espírito Santo. O convencimento então nunca é nossa responsabilidade, mas Deus escolheu usar Seus servos não apenas para mostrar ao mundo a vaidade dos seus pensamentos, mas para chamar mais pessoas ao arrependimento. Evangelismo para a glória de Deus deve sempre ser a motivação do cristão enquanto se engaja em apologética!
Para entender mais:
Este editorial foca em dar algumas bases da apologética, sem se preocupar muito com argumentos em si. Mas existem muitos bons livros que certamente irão ajudar a entender melhor o tema. Seguem dois bons recursos que usei como referência para este texto:
“Defending your Faith – An Introduction to Apologetics”, R. C. Sproul (Crossway);
“A ciência pode explicar tudo?”, John C. Lennox (Vida Nova).
Editorial de Petrônio Nogueira

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