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Aquela Voz Interior – Parte I

Atualizado: 30 de ago. de 2023

Quando você olha aquele décimo sétimo brigadeiro na festinha de quatro anos de um priminho e na sua mente você escuta: “acho que dezesseis brigadeiros já são suficientes, não?” Ou então quando tarde da noite você para no sinal vermelho de uma rua secundária sem qualquer movimento e escuta em sua mente: “pode passar no vermelho, ninguém vai ver e não tem nenhuma câmera ou radar”.


Definição inicial


Esses são exemplos daquilo que o título deste editorial chama de “voz interior”, mas que, a partir de agora vou chamar de consciência. Logo de cara, vou emprestar uma definição do que é a consciência: “A consciência é o seu senso interior de certo e errado que julga tudo o que você fez ou está pensando em fazer.”¹


Nos exemplos que dei no início, vemos que, na primeira situação, a consciência julga como errado comer mais um brigadeiro, enquanto na segunda ela julga como certo passar no sinal vermelho. Em ambas as situações, a consciência avalia somente o que se está pensando fazer, mas também é bastante comum sentirmos o famoso “peso na consciência” com relação a algo que já foi feito. Isso ocorre quando a nossa voz interior nos convence de que o que fizemos não estava lá tão certo, ou então quando percebemos que perdemos uma oportunidade de fazer algo de outra maneira.

Perspectiva bíblica


A consciência é um tema recorrente na Bíblia. Do lado negativo, vemos que ela pode ser, por exemplo, corrompida (Tito 1.15), cauterizada (1 Timóteo 4.2) e fraca (1 Coríntios 8.7). Já do lado positivo, temos exemplos de que ela pode ser boa (1 Timóteo 1.5), pura (Atos 24.16) e limpa (1 Timóteo 3.9).


Tantas menções sobre a consciência são um forte indicativo de que é algo bastante importante na vida cristã. Portanto, é interessante termos um entendimento claro do papel dela em nossas vidas:


“Estes mostram a norma da lei gravada no seu coração,

testemunhando-lhes também a consciência e os seus pensamentos,

mutuamente acusando-se ou defendendo-se.”

(Romanos 2.15)

A consciência nos acusa ou nos defende com respeito à lei que está gravada em nosso coração, tanto pela revelação geral — revelada a todo ser humano (Romanos 1.20) — ou pelas Sagradas Escrituras. Por isso a importância de se ter uma boa consciência, pois, além de ser a régua com que medimos a realidade no tocante ao que é certo e errado, é ela que viabiliza o amor (1 Timóteo 1.5) e nos mantém na fé (1 Timóteo 1.19) e na pureza (Tito 1.15).


Espectro da consciência


Recorrentemente, no entanto, vemos que a consciência de cada um pode ser bastante diferente (algo que iremos tratar com mais detalhes na semana que vem). Isso se dá tanto em razão de alguns terem consciência fraca, que levam à contaminação (1 Coríntios 8.7), ou pelo fato de que condenam coisas certas ou aprovam coisas erradas, algo com relação ao qual a Bíblia adverte:


“Bem-aventurado é aquele que não se condena naquilo que aprova.”

(Romanos 14.22b)


Para fugir dessas distorções da consciência, é importante entendermos o que é comumente chamado de liberdade cristã. Na figura a seguir¹, vemos uma forma interessante de calibrar nossa consciência de forma a não transgredirmos este versículo.

No lado esquerdo do espectro, vemos aqueles mandamentos que versam sobre coisas que não devemos fazer como, por exemplo, furtar (Êxodo 20.15). São coisas claramente proibidas na Palavra de Deus. Já no lado direito, vemos mandamentos afirmativos, tais como honrar pai e mãe (Êxodo 20.12), algo nitidamente obrigatório para todo crente.


Ambas as extremidades do espectro estão em preto para indicar que são limites claros da nossa consciência, em contraste com a parte branca no interior da imagem, a qual representa o que é permitido, sem ser nem proibido, nem obrigatório. Entretanto, nem tudo o que é permitido é aconselhável, por isso, nos limites entre o branco e o preto, vemos áreas que representam decisões de sabedoria mais consolidadas, que, ao buscar na multidão de conselhos (Provérbios 11.14), a maior parte dirá que são tolas ou sábias, dependendo da proximidade com o proibido ou o obrigatório.


Ainda assim, por não serem indubitavelmente mandamentos, não podem ser tomados com a mesma força, podendo ficar a cargo da consciência de cada um no final das contas, assim como o restante de decisões na área totalmente branca do espectro, na qual residem as preferências e decisões pessoais dentro da liberdade cristã. São nessas áreas que muitos cristãos genuínos irão, ainda assim, discordar, algo em que, como já mencionado, iremos aprofundar na semana que vem.


Editorial de André Negrão Costa

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