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Cada cicatriz conta uma história

Atualizado: 13 de set. de 2019

Você já reparou nos filmes de ação que os soldados mais experientes são aqueles cheios de marcas de guerra? Cada cicatriz em seus corpos os remete a lembrança de alguma batalha.


Lembro-me de uma cena clássica do filme Rambo III, onde uma estaca perfurou e atravessou o lado de seu abdômen. Ele, com muita dor, retirou a estaca com as próprias mãos e, no buraco deixado, colocou fogo utilizando pólvora de uma das munições. Por mais que seja um filme, esta cena ilustra perfeitamente como uma ferida deve ser tratada.


Imagine se ele deixasse a estaca lá, a ferida iria inflamar e poderia levá-lo à morte. O processo de retirada da estaca doeu, o fogo para cauterizar a ferida doeu, mas foram ações necessárias para que ele permanecesse vivo e apto para a batalha.


Toda cicatriz já foi uma ferida

Vou usar as figuras da ferida e da cicatriz como marcas de nossas vidas. Cada um de nós já sofreu algum tipo de “ferimento”, seja ele físico, psicológico ou emocional. O ponto é que todos nós estamos sujeitos a nos ferir, o importante é saber como encaramos o processo de cura e como lidamos com suas marcas.


A cicatriz não surge do nada, ela é o resultado de alguma ferida que nos machucou e passou pelo processo de cicatrização. Como na ilustração acima, sabemos que toda ferida dói, pode inflamar e, se não cuidada, pode trazer sérios prejuízos, inclusive a morte.


Tratar a ferida pode até ser um processo doloroso, mas não a tratar impossibilitará a cura e poderá trazer consequências terríveis.


Como devemos encarar o processo de cicatrização

A Bíblia aponta três possíveis origens para o sofrimento: Como consequência do nosso próprio pecado (Salmo 51, Ezequiel 18.4c, Romanos 6.23), quando somos afetados pelo pecado de outros e simplesmente pelo fato de vivermos em um mundo caído.


Se sofremos por consequência de nosso pecado, Deus nos chama ao arrependimento.

João 1.9 diz: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.”


Deus é justo e amoroso. Ele não imputa a culpa sobre aqueles que se entregaram verdadeiramente a Ele. Deus pode até não retirar a consequência do pecado, mas nunca irá desamparar um filho arrependido (Salmo 51.17).


A Bíblia também nos fala sobre provações, quando o sofrimento não é consequência de um pecado pessoal. Podemos sofrer quando pessoas agem contra nós ou as consequências de suas ações nos afetam. Nesses casos, devemos atacar o problema (o pecado) e não pessoas. Nossas ações devem focar na resolução das situações e conflitos, tome a iniciativa para a restauração e o perdão. Não reaja quando ultrajado, reações tendem a ser pecaminosas. Aja, não reaja.


Do mesmo modo, quando o sofrimento não é oriundo do pecado de alguém em específico¹, como fatalidades, doenças, catástrofes naturais, etc., podemos considerar também como provação.


Deus, em Sua soberania, permite que Seus filhos experimentem sofrimento e dor neste mundo com uma finalidade proveitosa (Romanos 8.28), mas de maneira nenhuma os deixará desamparados (1 Coríntios 10.13).


Caso você ainda carregue as dores de uma ferida, Deus tem o poder para te curar. Talvez seja você quem esteja impedindo a cura ao se recusar a “tirar a estaca”. Tratar um problema pode ser difícil, doloroso, mas certamente irá culminar na cura.


Se você estiver sofrendo por causa de um pecado, arrependa-se. Confesse seu pecado, peça perdão a Deus e às pessoas ofendidas, se houver. O perdão do Senhor é libertador. Davi, no Salmo 32, relata que sentia fisicamente as dores enquanto não confessou o seu pecado a Deus.


Ou se alguém pecou contra você, perdoe. Não reaja pecaminosamente, aja em prol da restauração. Você não tem o controle sobre os atos dos outros, mas tem o total controle sobre os seus. Lembre-se, reagir de maneira inadequada também é pecado.


Como devemos lidar com as cicatrizes

Como ovelhas desgarradas, chegamos cheios de machucados nas mãos do Senhor e Ele cuidou de nossas feridas. Toda ovelha tem uma história. Nosso testemunho é uma excelente ferramenta para a proclamação do Evangelho, pois ele retrata de onde o Senhor nos tirou e onde Ele nos colocou por Sua graça.


O apostolo Paulo em Gálatas 6.17 diz que carrega as “marcas de Cristo” em seu corpo. Em 2 Coríntios Paulo relata: “Cinco vezes recebi dos judeus uma quarentena de açoites menos um; fui três vezes fustigado com varas; uma vez, apedrejado; em naufrágio, três vezes; uma noite e um dia passei na voragem do mar; em jornadas, muitas vezes; em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos entre patrícios, em perigos entre gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre falsos irmãos; em trabalhos e fadigas, em vigílias, muitas vezes; em fome e sede, em jejuns, muitas vezes; em frio e nudez. Além das coisas exteriores, há o que pesa sobre mim diariamente, a preocupação com todas as igrejas” (2 Coríntios 11.24-28).


Paulo teve motivos de sobra para ser uma pessoa amargurada ou frustrada por conta do sofrimento, ele era perseguido só por falar de Jesus. Ele não se sentia injustiçado, mas tinha prazer no sofrimento porque desfrutava da presença do Senhor em meio as tribulações (2 Coríntios 10.12).


Só viveremos uma vida significativa quando nossas cicatrizes apontarem para a cura recebida por Jesus. Não devemos temer ou tentar esconder o passado, ele revela o velho homem que Cristo resgatou, transformou e continua Sua obra de restauração.


A verdadeira e definitiva cura

Por mais que experimentemos sofrimentos nesta vida, Deus deixou em sua Palavra como lidar com eles. Jesus nos encorajou dizendo: “Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim. No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo” (João 16.33).


A verdadeira restauração começa quando nos arrependemos de nossos pecados e nos entregamos ao Senhor, nEle temos vida eterna, e esta vida começa no dia em que nos entregamos a Ele (João 17.3). Com Jesus temos esperança para lidar com o sofrimento presente.


O plano de Deus não se limita a esta vida, um dia estaremos com Ele face a face e viveremos juntos por toda a eternidade. E lá, não haverá mais dor nem sofrimento.


“...Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles.

E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto,

nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram.

E aquele que está assentado no trono disse: Eis que faço novas todas as coisas...”

(Apocalipse 21.3b-5a)


Nossos corpos serão restaurados, não haverá mais nenhuma cicatriz, porque o Senhor sarará nossas feridas. Ressuscitaremos com corpos glorificados para vivermos com Ele para sempre.


O único que terá marcas em seu corpo na eternidade será o Senhor Jesus, em Suas mãos, pés e lado, para sempre lembrarmos que Ele é o bendito Cordeiro de Deus que nos comprou com Seu precioso sangue.


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¹ Adão sujeitou toda a criação à vaidade por conta do pecado. Morte, doenças e pragas são consequências diretas da rebeldia do coração do homem contra Deus (Gênesis 3.17-19).


Editorial de Dimas Rodrigo



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