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Cidadãos dos Céus em Terras Alheias

Uma breve exposição de Filipenses 3.17–4.1

 

Todo povo é moldado pela terra à qual pertence. A pátria orienta o caráter, inspira os costumes, define aquilo que se julga honroso e desejável. Contudo, os cristãos vivem em uma condição singular: pertencem a uma pátria que não se vê, não se mede, não se defende por armas humanas — pátria celestial. Nossa cidadania está nos céus, e é de lá que esperamos o Salvador.

 

Sendo isso verdade, então a pergunta central não é teórica, mas prática: como viver de acordo com uma pátria que ainda não vemos? Como viver de acordo com a pátria celeste imersos em culturas que celebram o que é vergonhoso?

 

A resposta que o apóstolo Paulo, em Filipenses 3.17–4.1, nos oferece é profundamente comunitária: aprendemos a viver como cidadãos dos céus observando nossos compatriotas que já caminham em direção à pátria celestial, aqueles que, como ele, seguem o Modelo supremo, Cristo. Não somos formados apenas por doutrinas, mas por convivência. Ninguém aprende a cultura do céu sozinho. Por isso, Paulo declara: “Sede meus imitadores" (1 Coríntios 1.10). Paulo não é o destino, mas um guia que aponta para o Rei.


Imitem, Observando Seus Compatriotas Rumo à Pátria Celestial

 

A vida cristã é aprendida também pelo olhar. Paulo pode dizer: “Sede meus imitadores, como eu sou de Cristo” porque sua vida está submetida ao padrão do Senhor. Do mesmo modo, o autor de Hebreus nos instrui: “Lembrai-vos dos vossos guias […] imitai a fé que tiveram” (Hebreus 13.7).

 

A Igreja não é apenas uma assembleia de indivíduos, mas o testemunho prático de vidas de acordo com a pátria celestial. Aprendemos a viver de acordo com o Evangelho observando os santos. Por isso Paulo orienta a Tito: “Em tudo te dá por modelo” (Tito 2.7 e 8).

 

O cristão é moldado, não somente pelo que ouve, mas por aquilo que contempla diariamente, nas Escrituras e na vida comunitária. Portanto, cercar-se de irmãos piedosos não é sentimentalismo: é disciplina espiritual formativa. A pergunta não é apenas no que você crê, mas com quem você aprende a crer, porque:


Há Nativos Deste Mundo Que Corrompem o Caminho


Paulo alerta que muitos vivem como inimigos da cruz de Cristo, ainda que recebam honras, seguidores e aplausos. Seu “deus é o ventre” (Romanos 16.17 e 18), isto é, o eu interior, o desejo imediato, a vontade própria transformada em autoridade moral. Vivem segundo à máxima do nosso tempo: “Eu sinto, logo é certo”.


Além disso, “gloriam-se no que é vergonhoso”, invertendo o valor das virtudes, conforme já denunciava Isaías: “Ai dos que ao mal chamam bem e ao bem mal” (Isaías 5.20). A vida dos "nativos influenciadores" ensinam, formando discípulos — chamados “seguidores” — pois toda cultura é pedagógica.

 

Quando a sociedade celebra insolência, vulgaridade, arrogância e superficialidade, ela levanta ídolos — também chamados “influenciadores” — que moldam corações. Paulo não está apenas apontando pecados, mas indicando um processo de discipulado invisível. Alguém está ensinando você, ainda que não perceba. Por isso, cuidado para não confundir os nativos desse mundo com os verdadeiros compatriotas que deve seguir.


A Nossa Pátria e Esperança São Celestes

 

A razão de imitarmos uns e não outros é esta: pertencemos a outra pátria. Nossa cidadania está nos céus (Filipenses 3.20). Somos estrangeiros a caminho de casa. Como Abraão e os patriarcas, confessamos que somos peregrinos sobre a terra, buscando “a pátria superior, isto é, celestial” (Hebreus 11.13–16). O cristão não anda sem direção, mas com saudade — saudade do lar que ainda não viu, mas que lhe foi prometido.

 

A esperança cristã não é evasão do mundo, mas o alicerce que o sustenta. Esperamos o Rei que há de vir, não como uma fuga, mas com fé; não com medo, mas com coragem. Como ensina Tito, aguardamos “a bendita esperança e a manifestação da glória” (Tito 2.11–14). Essa esperança molda o presente, porque Aquele que virá transformará “o corpo da nossa humilhação” e o conformará ao Seu corpo glorioso (João 3.2; Romanos 8.18–23). Amém!

 

Vivemos, pois, entre dois mundos: com os pés na terra, mas o coração ancorado nos céus. Não buscamos glória agora, porque a verdadeira glória ainda será revelada. Não ansiamos pela aprovação do mundo, porque nossa identidade já está selada diante de Deus. Não sofremos como o mundo, porque nossa esperança é celeste. Seguimos o Mestre, e não os ídolos do momento; buscamos os rastros dos santos que O imitam, e não as modas dos nativos desta era.

 

Por isso, a cidadania celestial nos redefine em nosso mundo. Ela nos chama a viver o presente à luz do futuro, a enxergar o tempo com os olhos da eternidade. Nosso compatriota, Paulo, enfim conclui: “Permaneçam, deste modo, firmes no Senhor” (Filipenses 4.1).

 

Como cidadãos dos céus vivendo em terra estranha, devemos manter os olhos fixos no Rei. Caminhe com aqueles que caminham para o alto. Rejeite a sedução da “vergonha célebre” que este século oferece. Lembre-se diariamente de onde você é e o que lhe aguarda, como cantavam os antigos:


 "O EXILADO"

Da linda pátria estou mui longe, triste eu estou;

Eu tenho de Jesus saudade; quando será que vou?

Passarinhos, belas flores, fazem-me almejar

As maravilhas e esplendores do meu celeste lar.


Cristo me deu fiel promessa, vem me buscar;

Meu coração está com pressa, eu quero já voar.

Meus pecados eram muitos, e culpado sou,

Mas o seu sangue põe-me limpo, e para a pátria vou.


Qual filho do seu lar saudoso, eu quero ir;

Qual passarinho para o ninho, eu quero ao céu subir.

É fiel, a vinda é certa, quando, não o sei;

Mas ele me achará alerta, com Ele ao céu irei.

(Justus Henry Nelson)


Editorial de Lucca Giffoni

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