Será mesmo que as boas obras são necessárias à salvação? Será mesmo que a mudança é necessária? Viver em novidade de vida é obrigatório? Sim - ou, pelo menos, deveria ser. Não de acordo com a necessidade do mérito, mas como o meio pelo qual a salvação se desenvolve. São os frutos de uma árvore, e não a raiz. Não são a causa da nova vida, mas o efeito obrigatório dessa nova vida que nos foi dada (2 Coríntios 5.17).
O escritor J. C. Ryle diz algo extremamente pertinente no seu livro Santidade: "Suponha, por um momento, que você poderia entrar no céu sem santidade. O que você faria? Que tipo de prazer você teria lá? Com qual dos santos você sentaria para conversar? Os prazeres deles não são os seus... o caráter deles não é o seu. Como você acha que seria feliz, se nada disso o satisfez na terra? ... Como alguém que não busca a santidade aqui encontrará prazer em permanecer o resto da eternidade entoando cânticos ao Cordeiro? ...Nós precisamos ter mentes celestiais e desejos celestiais na nossa vida terrena, ou então jamais nos encontraremos nos céus na nossa vida por vir." Nós vemos o apóstolo Paulo continuamente chamando os cristãos das igrejas por onde passava a viverem de acordo com a posição que Cristo os concedeu (Efésios 4.1; Filipenses 1.27; Colossenses 1.10; 1 Tessalonicenses 2.11-12). Tiago também é bem enfático em dizer que a fé sem obras é morta (Tiago 2.14-17).
Em Tito capítulo dois, Paulo deixa bem claro como a nossa salvação se desenvolve, qual o propósito da nossa salvação e o que nos motiva a buscar a santidade:
"Porque a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens. Ela nos ensina a renunciar à impiedade e às paixões mundanas e a viver de maneira sensata, justa e piedosa nesta era presente, enquanto aguardamos a bendita esperança: a gloriosa manifestação de nosso grande Deus e Salvador, Jesus Cristo. Ele se entregou por nós a fim de nos remir de toda a maldade e purificar para si mesmo um povo particularmente seu, dedicado à prática de boas obras."
(Tito 2.11-14 - NVI)
A mesma graça que nos salva nos ensina a viver
A graça de Deus nos salva e nos ensina a viver de forma justa e piedosa. Ela nos capacita a desejar e fazer as boas obras que Deus planejou na eternidade passada. O entendimento correto do sacrifício de Cristo e da graça estendida a nós irá nos mover a viver não mais para nós mesmos, mas por Aquele que morreu e ressuscitou (2 Coríntios 5.14-15).
Ansiar pela vinda de Cristo nos motiva
O pensamento de que Cristo pode voltar a qualquer momento nos leva a fazer o nosso melhor a cada dia, a remir o nosso tempo nos dedicando a conhecê-lO e serví-lO o máximo que pudermos. Ao mesmo tempo, a santificação no tempo presente é a forma que Deus determinou para nos prepararmos para uma eternidade por vir. Não faz nenhum sentido dizer que amamos a Cristo e que ansiamos a Sua vinda se não obedecemos aos Seus mandamentos e buscamos uma vida de santidade (João 14.21).
Nós podemos agradar a Deus
As nossas obras podem ser verdadeiramente boas sem serem perfeitamente boas. É verdade que nada do que fazemos irá nos colocar em uma posição de merecer algo e que nada do que fazemos vai além da nossa obrigação de servos. Mas nós nos acostumamos a nos relacionar com Deus como um justo juiz, e nos esquecemos de que Ele também é um pai de amor, e que como um Pai, Ele se agrada quando os Seus filhos O obedecem. Nós podemos agradar a Deus e podemos nos alegrar quando fazemos isso. Não é orgulho admitir que Deus começou uma boa obra na sua vida e que você tem crescido à semelhança de Cristo.
A obra da salvação não acaba no momento em que entendemos a mensagem do evangelho. Nós somos sim chamados a uma vida de santidade, ansiando pelo dia em que seremos glorificados e veremos o nosso Senhor.
"Esforcem-se para viver em paz com todos e para serem santos; sem santidade ninguém verá o Senhor."
(Hebreus 12.14 - NVI)
Editorial de Gustavo Henrique
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