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Morrer para viver

Atualizado: 26 de out. de 2018

Ninguém odeia a si mesmo, pelo contrário, ama e nutre, constantemente, a si próprio. Nessa pequena frase está contido um dos maiores desafios que vamos enfrentar em toda nossa caminhada cristã. Todos os dias somos constantemente tentados a agir de acordo com nossa própria conveniência, seja por pensamentos, palavras, ações ou omissões. E a ênfase demasiada que estabelecemos no “eu” revela uma forma dissimulada de usurpar para nós as prerrogativas que pertencem unicamente ao Criador.


Status, fama, respeito próprio são ingredientes que alimentam nossa mente com a ideia de que todos os nossos problemas estão sempre relacionados com uma “autoimagem negativa” ou “uma autoestima baixa.” Esse tipo de idolatria acaba por manifestar o nosso apetite voraz de prevalecer, de controlar, de ser o centro de todas as coisas e de balançar o sininho para que Deus venha nos servir imediatamente.


É daí que procedem todos os males horizontais que impedem uma atitude de servo que honra e glorifica ao Senhor e, ao mesmo tempo em que faz minguar os peixes das bênçãos divinas em nossas praias, permite que as ondas da autonomia humana se ergam, espumadas de egoísmo, para lançarem na areia apenas a ilusão de que posse, poder, dinheiro ou aparência pessoal sejam os únicos critérios para medir o sucesso e a felicidade de alguém.


Mas a lógica do Cristianismo é contrária a tudo o que pode ser observado em nossos dias. Seu autor, Jesus Cristo, de quem a Bíblia fala tão eloquentemente, assim como instruiu seus seguidores naquela época, deixou também para nós o legado de uma verdadeira revolução de pensamento ao nos ensinar um novo caminho de vida:  


“Se alguém quer vir após Mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-Me. Pois quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á;

quem perder a vida por Minha causa, esse a salvará”

Lucas 9.23-24


Negar a nós mesmos e carregar nossa cruz é muito mais do que simplesmente fazer uma decisão por Cristo. Precisamos verdadeiramente ser reconciliados com o Deus santo e crucificados diariamente com o nosso Salvador, para que haja uma transformação real de mente e coração. Isso significa reconhecer e aceitar que, além da nossa abnegação, vamos também pagar o preço pela escolha de renunciar ao pecado e às suas recompensas.


Dificuldades, maus-tratos, zombarias, infâmias, injurias, toda sorte de males e perseguições são apenas parte da punição que o mundo reserva para aqueles que decidirem seguir a Cristo. Será, então, que estamos realmente dispostos a passar por isso e, assim como escreveu o autor de Hebreus (em 12.4), a resistir ao pecado até o sangue? Não responda agora! Deixe para responder nos dias difíceis de abandono, nas noites escuras, na dor dilacerante, na aflição da perda, na angústia da saudade, nas injustiças que sofrerá ou quando os efeitos insuportáveis da abstinência do pecado lhe apontarem o caminho da loucura.


Somente o verdadeiro discípulo de Jesus compreende que foi resgatado de sua condição miserável e do seu destino terrível, o inferno e, por isso, consegue manifestar com coragem e resignação: Usa-me, Senhor, estou pronto para todo trabalho ou qualquer sacrifício por amor a Ti. Quando declaramos isso, não apenas como um exercício labial, mas como resultado da certeza de que Cristo vive em nós, passamos a compreender o verdadeiro significado das palavras do apóstolo Paulo:  “Fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no filho de Deus, que me amou e se entregou por mim” (Gálatas 2.20). Se assim não for, estaremos de volta para o caminho largo que conduz à perdição, dominados pelo amor exclusivo a nós mesmos e assistindo, inertes, a plenitude de nossas vidas ser consumida pela ganância dos nossos próprios interesses.


Deus enviou seu único Filho para sofrer a nossa morte e nos dar um novo nascimento com o mesmo amor que esteve presente quando Jesus disse: "Lázaro, vem para fora!" (João 11.43). E é somente nesse amor, que nos dá a coragem necessária de morrer para o mundo e ressuscitar com Cristo, onde encontraremos aquilo que todo ser humano mais procura e deseja:  a profunda e plena realização pessoal em Cristo.


Amém! Aleluia!


Editorial de Walter Feliciano



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