É possível conhecer uma pessoa através de diversas formas. Uma delas é pelo nome com o qual é identificada. Ao longo das Escrituras, Deus apresentou-se utilizando diversos nomes com o objetivo de destacar várias características de Seu caráter conforme cada situação.
No Antigo Testamento, um dos nomes pelo qual Ele se apresenta é El Shaddai, que significa "O Poderoso" ou "Todo-Poderoso", e está vinculado à ideia transmitida pela expressão "ser forte". A ideia de soberania logo pode ser associada ao conceito de que Ele pode fazer todas as coisas que deseja, e que para Ele, não há impossíveis.
Logo no princípio das Escrituras, é mencionado que, pelo Seu poder, Deus criou todas as coisas a partir do nada, exatamente como foi do Seu agrado (Gênesis 1 e 2), e que desde então, Ele sustenta todas as coisas com Sua palavra: "Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder," (Hebreus 1.3a).
Além disso, há menção do controle poderoso de Deus durante a formação do ser humano dentro do ventre materno, nos detalhes necessários para possibilitar a existência e o crescimento ordenado e saudável (Salmo 139.13–16).
El Shaddai também aparece em Gênesis 17.1, quando Deus dá mais detalhes sobre Sua aliança com Abrão. Lá, o nome traduzido por "Deus Todo-Poderoso" transmite a ideia de Deus como um Ser suficiente, que supre nossas necessidades: "Quando atingiu Abrão a idade de noventa e nove anos, apareceu-lhe o Senhor e disse-lhe: Eu sou o Deus Todo-Poderoso; anda na minha presença e sê perfeito" (ênfase do autor).
De fato, os registros principais deste nome estão associados com a bênção da Aliança feita aos patriarcas, particularmente no que se refere à multiplicação da descendência escolhida (Gênesis 12.2; 15.5). A menção deste nome de Deus continua sendo feita pelos patriarcas, tais como Isaque, que reiterou a bênção para seu filho Jacó para que sua descendência fosse multiplicada e abençoada: "Deus Todo-Poderoso te abençoe, e te faça fecundo, e te multiplique para que venhas a ser uma multidão de povos" (Gênesis 28.3 – ênfase do autor).
A Aliança foi relembrada a Jacó, após seu retorno do exilio na casa de Labão, ocasião na qual Deus mesmo apareceu-lhe, identificando-Se como El Shaddai: "Disse-lhe mais: Eu sou o Deus Todo-Poderoso; sê fecundo e multiplica-te; uma nação e multidão de nações sairão de ti, e reis procederão de ti" (Gênesis 35.11 – ênfase do autor). Algum tempo depois, Jacó abençoou os filhos de José, Efraim e Manassés, citando as mesmas coisas que El Shaddai prometera a ele: "Disse Jacó a José: O Deus Todo-Poderoso me apareceu em Luz, na terra de Canaã, e me abençoou, e me disse: Eis que te farei fecundo, e te multiplicarei, e te tornarei multidão de povos, e à tua descendência darei esta terra em possessão perpétua" (Gênesis 48.3, 4 – ênfase do autor), e "pelo Deus de teu pai, o qual te ajudará, e pelo Todo-Poderoso, o qual te abençoará com bênçãos dos altos céus, com bênçãos das profundezas, com bênçãos dos seios e da madre" (Gênesis 49.25 – ênfase do autor).
A estreita relação entre El Shaddai e os patriarcas é confirmada a Moisés pelo próprio SENHOR, no momento em que Ele se lembra do povo da Aliança que, até então, estava em aflição no Egito e decide libertá-lo: “Disse o Senhor a Moisés: Agora, verás o que hei de fazer a Faraó; pois, por mão poderosa, os deixará ir e, por mão poderosa, os lançará fora da sua terra. Falou mais Deus a Moisés e lhe disse: Eu sou o Senhor. Apareci a Abraão, a Isaque e a Jacó como Deus Todo-Poderoso; mas pelo meu nome, O Senhor, não lhes fui conhecido. Também estabeleci a minha aliança com eles, para dar-lhes a terra de Canaã, a terra em que habitaram como peregrinos. Ainda ouvi os gemidos dos filhos de Israel, os quais os egípcios escravizam, e me lembrei da minha aliança” (Êxodo 6.1–5 – ênfase do autor).
Diante da apresentação que destaca o ser Todo-Poderoso, somos levados a refletir: Acaso há alguma coisa demasiadamente difícil para Deus? Essa foi a pergunta que o próprio Deus fez para Abraão e Sara, e que foi respondida para Maria por meio do anjo, em Lucas 1.37: "Porque para Deus não haverá impossíveis em todas as suas promessas”.
Paulo destaca o agir poderoso de Deus, por meio do qual temos a garantia da renovação espiritual necessária para enfrentarmos as situações da vida: “Se habita em vós o Espírito daquele que ressuscitou a Jesus dentre os mortos, esse mesmo que ressuscitou a Cristo Jesus dentre os mortos vivificará também o vosso corpo mortal, por meio do seu Espírito, que em vós habita” (Romanos 8.11). O apóstolo também nos garante que o poder de Deus nos conduzirá em segurança até o fim: “Tendo por certo isto mesmo: que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao Dia de Jesus Cristo” (Filipenses 1.6). E Paulo nos dá a certeza de que Deus continua controlando todas as situações e os eventos da história: “o qual exerceu ele em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos e fazendo-o sentar à sua direita nos lugares celestiais, acima de todo principado, e potestade, e poder, e domínio, e de todo nome que se possa referir não só no presente século, mas também no vindouro. E pôs todas as coisas debaixo dos pés e, para ser o cabeça sobre todas as coisas, o deu à igreja” (Efésios 1.20–22).
Deus é El-Shaddai, o Deus Todo-Poderoso, que criou todas as coisas e controla todas as coisas com a sua Palavra poderosa. Nada foge ao Seu controle, e tudo o que Ele prometeu Ele é capaz de cumprir. Que estas verdades gerem em nós a mesma resposta que Maria deu ao anjo: "Aqui está a serva do Senhor; que se cumpra em mim conforme a tua palavra" (Lucas 1.38).
Editorial de Neemias X. P. Santos
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