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Quando as coisas não acontecem como gostaríamos

Atualizado: 25 de jan. de 2019

Se você tem mais de 1 ano de vida, com certeza já teve a oportunidade de perceber que nem sempre — ou muitas vezes — as coisas não acontecem como gostaríamos. Quando essas situações aparecem, nossa primeira reação normalmente é reclamar, enfatizar o que não está funcionando, e tentar culpar alguém por aquilo que estamos passando. O que não percebemos é que toda atitude de ingratidão que temos, mesmo que não falemos isso de forma clara, revela nossa ingratidão contra Deus. Por mais que tentemos negar, ou mesmo que não pensemos dessa forma, qualquer murmuração é um grito que damos contra Deus dizendo: “Você não sabe o que é melhor pra mim, e Você não tem me dado o que eu mereço”. Esse coração ingrato não é exclusividade da nossa sociedade atual, mas algo que marcou toda a história da humanidade.


Após quase um ano no Monte Sinai, o povo de Israel começa sua caminhada rumo à Terra Prometida. Todo o povo estava animado e havia se preparado de acordo com as determinações do Senhor. Apenas um ano atrás eles haviam saído do Egito vendo todos os feitos maravilhosos de Deus em favor do Seu povo. Durante todo esse ano, eles viram o cuidado de Deus em prover tudo o que eles precisavam. No entanto, apenas três dias após a saída do Monte Sinai, tudo começa a desmoronar. Números 11 nos mostra um padrão para o restante do livro, onde murmurações e discórdias são encontradas outras diversas vezes. Ao mesmo tempo, o texto nos mostra qual a reação de Deus diante de tudo o que Ele via no Seu povo.


Mesmo com tudo o que Deus havia feito para o povo, a ingratidão era uma marca em Israel. Tudo era motivo para murmuração e nada os deixavam felizes, a ponto de dizerem que a vida deles no Egito era melhor do que a vida deles depois de terem sido libertos (Números 14.2–4; 21.5; Atos 7.39). O povo de Israel era ingrato pela comida e por tudo o que o Senhor provia, ingrato pela liderança que o Senhor havia escolhido para guiá-los, ingrato pelo clima que eles enfrentavam no deserto... o povo era ingrato por tudo! No entanto, o texto não nos mostra somente como o povo era ingrato, mas pelo menos duas das diversas raízes da ingratidão: esquecimento e incredulidade.


A ingratidão é marcada pelo esquecimento

A ingratidão é marcada pelo esquecimento tanto das bênçãos de Deus como também das dificuldades da vida antes dEle. Lembrar de algo bom com um pano de fundo neutro é positivo, mas quando colocamos um pano de fundo que destaca aquilo que está na frente, as coisas ganham uma cor ainda maior. As bênçãos de Deus se intensificam e se mostram infinitamente maiores quando nos lembramos da nossa condição antes que Ele entrasse nas nossas vidas — mortos em nossos delitos e pecados (Efésios 2.1). O problema com o povo de Israel — assim como o nosso — é olharmos para nossa vida antes de sermos libertos e acharmos que era bom, que o Egito era melhor, que lá nós “comíamos de graça; dos pepinos, dos melões, dos alhos silvestres, das cebolas e dos alhos” (Números 11.5). Eu tenho muita dificuldade para imaginar que sendo escravos no Egito o povo comia algumas dessas coisas. Nós começamos a fantasiar sobre a vida que tínhamos, e deixamos de olhar com clareza para tudo o que Deus já fez por nós, o que Ele está fazendo, e do que Ele nos livrou. Caímos no esquecimento, tanto sobre o que era ruim quanto sobre tudo o que se fez novo em Cristo.


A ingratidão é sinal de incredulidade

Israel deixou de acreditar que Deus sabia o que era melhor para eles, rejeitando assim o plano de Deus para a vida deles. A dúvida que eles têm sobre o caráter de Deus serve como combustível para as suas murmurações e reclamações. Diante disso, o Senhor nos mostra que ingratidão e incredulidade têm consequências, e algumas delas definitivas. O povo estava provocando a Deus com as suas atitudes desde o tempo do Egito. Deus estava sendo misericordioso, mas Ele não podia permitir que o povo desonrasse o Seu nome como estava fazendo. Aquela geração que se mostrava ingrata e que não confiava em Deus não entraria na Terra Prometida (com exceção de Josué e Calebe). O povo como um todo passaria 40 anos andando pelo deserto para depois entrar em Canaã (Números 14.26–35). É possível que alguns tenham se arrependido de sua ingratidão e incredulidade dentro desse tempo vagando pelo deserto, mas a consequência do pecado permaneceu. Infelizmente, pecados têm consequências, muitas vezes maiores e mais definitivas do que imaginávamos.


A ingratidão é extremamente perigosa — nos faz esquecer quem Deus é e o que Ele fez por nós. Ela mostra um coração incrédulo na bondade, no amor, na justiça, na graça e na misericórdia de Deus. O Senhor já nos deu muito mais do que merecíamos e poderíamos pensar em pedir. Temos infinitos motivos para sermos eternamente gratos ao Senhor.


É muito fácil para nós, hoje, olharmos para o povo de Israel e criticarmos as atitudes dele. No entanto, antes de criticar a atitude do povo, pense em como você tem vivido diante de tudo o que Deus já fez por você. Ele enviou Seu único Filho para morrer no seu lugar e lhe dar a vida eterna (João 3.16). Podemos pensar em muitas outras bênçãos que Deus tem nos dado, mas “só” essa já deveria ser suficiente para nos levar a sermos gratos independentemente de quão ruim nossa situação possa ser.


Editorial de Gustavo Santos


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