Cada lar tem uma dinâmica particular. É curioso como diferentes lares demonstram formas distintas de convívio, quase que uma “microcultura” particular dentro de suas quatro paredes. Porém, em meio a tanta diversidade, notamos elementos comuns a todos os lares também. Por exemplo, cada lar tem um centro de controle, um centro gravitacional onde todo o restante gira em sua função. Ou seja, toda casa tem alguém ou algo direcionando como as coisas devem ser.
Quem deve ser o centro? A pergunta é legítima e importante. A partir do centro do lar, todas as demais coisas serão estabelecidas. Os padrões de comunicação são formados a partir de quem ou do que direciona o lar. O que é importante para o lar vem de quem ou o que é o centro.
Um lar com o centro errado
Dois extremos ilustram o perigo de construirmos um lar ao redor do centro errado.
Um lar centrado nos pais
Um lar centrado nos pais será caracterizado pela busca de cumprir as vontades dos pais. Quando os pais são o centro do lar, eles acreditam que sempre têm a razão e dificilmente ouvem seus filhos. O desejo por controle leva esses pais a exigirem a obediência imediata. "Ai" do filho que insistir em viver fora dos limites da obediência. Não me entenda mal, obediência é um valor importante. Porém, o foco está desajustado quando pais pecam para obter obediência imediata por parte dos filhos ou pecam quando não a têm. Comumente, a reação pecaminosa vem em forma de irritação e ira. Pais ficam cegos para a hipocrisia que suas exigências comunicam para os filhos perdidos em erros comuns a todos nós. Um lar centrado nos pais é inconsistente na aplicação da disciplina, pois o que rege as decisões disciplinares é o humor variável dos pais, não o Senhor.
Um lar centrado nos filhos
No outro extremo, está o lar centrado nos filhos. Nesse caso, a vontade dos filhos é que dirige como o lar deve operar. Raramente suas vontades são desafiadas e os pais fazem de tudo para que seus filhos não sofram, nem que esse sofrimento seja a consequência natural de suas escolhas. Num lar centrado nos filhos, desobediência não tem consequência e os filhos aprendem rapidamente que podem manipular seus pais, que lutam para não ofender ou entristecer seus filhos. Nesse contexto, é comum que os filhos assumam um lugar de prioridade diante dos próprios cônjuges e, obviamente, do Senhor.
Um lar com Cristo no centro
O Evangelho nos informa sobre quem deveria ser o centro do lar: Jesus. Porque Jesus morreu por nós, não vivemos mais para nós mesmos, mas para Ele (2 Coríntios 5.15). A partir de quem somos em Jesus, todas as demais coisas são ordenadas para Ele. As vontades dos pais e os desejos dos filhos salvos por Jesus são todos submissos ao senhorio de Jesus. Só assim o lar será um ponto de proclamação e representação das boas-novas de Jesus.
Como é a vida com Jesus no centro?
Um lar com Cristo no centro tem características que refletem a obra de Jesus em nosso favor e seu caráter santo. Um lar onde Cristo está no centro reflete sua obra numa atmosfera que reconhece a presença do pecado. Sim, o pecado distorce relacionamentos e causa rupturas no convívio dentro de casa. Quando Cristo está no centro, o pecado não é um assunto evitado, mas assumido como uma realidade a ser enfrentada pela própria obra de Jesus. Num lar centrado em Jesus, a obra de Jesus dá esperança para enfrentarmos o pecado. Não vivemos mais debaixo do poder do pecado e a obra de Jesus nos dá a esperança de mudarmos para refletirmos o caráter santo de Jesus. Num lar centrado em Jesus, seus integrantes crescem à Sua semelhança, numa atitude que promove união e harmonia, marcas do amor que caracteriza os discípulos de Jesus (João 13.35).
Um lar centrado em Jesus tem a honestidade ousada de reconhecer suas falhas e pecados. Um lar centrado em Jesus tem a esperança de crescer em amor e pureza. Assim, o lar deixa de ser um baú dos sonhos pessoais para ser uma embaixada que representa a transformação do Evangelho.
Editorial do Pr. Alexandre "Sacha" Mendes
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