A Verdadeira Feminilidade Bíblica

A Verdadeira Feminilidade Bíblica em Tito 2.3–5:

“Semelhantemente, ensine as mulheres mais velhas a serem reverentes na sua maneira de viver, a não serem caluniadoras nem escravizadas a muito vinho, mas a serem capazes de ensinar o que é bom. Assim, poderão orientar as mulheres mais jovens a amarem seus maridos e seus filhos, a serem prudentes e puras, a estarem ocupadas em casa, e a serem bondosas e sujeitas a seus próprios maridos, a fim de que a palavra de Deus não seja difamada.”

Quando o apóstolo Paulo escreve a Tito, sua preocupação central era o efeito prático do falso ensino. A carta mostra a ligação inseparável entre fé, prática e comportamento. A sã doutrina deveria gerar vida moldada pelo Evangelho de Cristo.

Em Tito 2.3–5, Paulo orienta que as mulheres mais velhas tenham conduta reverente e instruam as mais jovens no comportamento sábio e de bom senso. Essa transmissão prática de vida tinha um propósito: “para que a Palavra de Deus não fosse difamada”. Em outras palavras, a vida da mulher em Cristo deveria ser reflexo do poder transformador do Evangelho.

O Currículo da Graça

Esses versículos apresentam um verdadeiro currículo para a mulher cristã. Não é um peso, mas uma graça, pois só pode ser vivido pelo poder do Espírito Santo. É um currículo contracultural e contrário à natureza humana, pois se opõe aos padrões do mundo e revela o verdadeiro sentido da feminilidade bíblica em Cristo.

As mulheres mais velhas devem ensinar as mais novas a:

• amar o marido,

• amar os filhos,

• serem prudentes,

• puras,

• cuidadoras do lar,

• bondosas,

• e sujeitas ao marido.

Tudo isso não é apenas regra de conduta, mas fruto de uma vida rendida a Cristo. Só quem experimenta o amor de Cristo pode amar sacrificialmente. Só quem foi purificada pelo sangue de Cristo pode buscar pureza. Só quem se submete a Cristo pode se submeter com alegria ao plano de Deus para o casamento.

O Discipulado Feminino Começa no Lar

É comum pensarmos que discipular uma jovem recém-convertida significa apenas ensiná-la a orar, ler a Bíblia ou servir na igreja — e tudo isso é essencial. Porém, Paulo mostra que o discipulado feminino começa na vida prática do lar, o lugar onde o Evangelho se torna visível, cheio de graça e testemunho.

Toda mulher, em algum momento, será uma “mulher mais velha” para outra. Por isso, precisamos nos perguntar: temos instruído outras mulheres a viverem a verdadeira feminilidade bíblica em Cristo?

A primeira instrução que Paulo dá é sobre amar o marido. Depois de amarmos a Deus acima de tudo, o primeiro relacionamento próximo a ser cuidado é o do marido. Amar o marido não exige perfeição, mas sim um amor rendido a Cristo, que seja exemplo e ensino para mulheres mais jovens: colocar o marido em primeiro lugar, seguido pelos filhos.

O lar também é o primeiro campo missionário dos filhos. O discipulado intencional da mãe com seus filhos se torna um modelo de vida prática para futuras gerações. Ela ama, educa, disciplina e ensina a Palavra de Deus, sempre apontando para Jesus. Mesmo sendo pecadora e imperfeita em sua missão, e lidando com filhos pecadores, ela mantém seus filhos no caminho do Senhor (Deuteronômio 6.7), em dependência e obediência a Cristo, incutindo neles a Palavra de Deus em todo tempo.

Essa mulher entende que não é ela quem salva seus filhos do pecado, mas que, por amor e obediência a Deus, ela persevera, cumprindo seu papel de ensinar, orientar e conduzir os filhos à Palavra de Deus (2 Timóteo 3.15–17).

Amar o marido, cuidar da casa e educar os filhos não é apenas cumprir deveres, mas uma demonstração prática de uma vida rendida a Cristo, sendo luz para a próxima geração e para a comunidade.

A Fonte e o Poder

Essas instruções não fluem naturalmente. Elas confrontam tanto a cultura quanto nosso coração pecaminoso. Mas a boa notícia é que não vivemos isso em nossas próprias forças: Cristo vive em nós (Gálatas 2.20). É a graça de Deus que nos capacita a amar, ser puras, bondosas, prudentes e submissas.

O Lar Como Palco do Evangelho

Paulo dá prioridade ao lar — não para proibir o trabalho fora, mas para mostrar que o primeiro lugar de testemunho da mulher é sua casa (Eclesiastes 3.1). O lar é um palco onde Cristo é visto no cuidado diário da família.

Ao aconselhar mulheres mais jovens, lembremos que, em regra, o plano de Deus é o casamento e a maternidade (1 Coríntios 7 mostra exceções). Mas, em todos os casos, o chamado é o mesmo: viver de modo que Cristo seja visto no lar, no casamento e em todas as relações.

A preservação da família é crucial no plano redentor de Deus. Por isso, precisamos de mulheres que vivam Tito 2.3–5, não em força própria, mas em Cristo. Cada instrução ali dada só é possível quando Ele é o centro da vida da mulher. Esse é o fruto da sã doutrina: Cristo reinando na vida da mulher, fortalecendo o lar e fazendo o Evangelho resplandecer.

Aplicação Prática

Não há como viver Tito 2.3–5 se Cristo não for o centro do coração. Ser essa mulher exige um coração rendido Àquele que morreu para nos salvar e que já garantiu a vitória final.

- No relacionamento conjugal:

• Ore diariamente pelo seu marido e com seu marido, pedindo pelo crescimento espiritual dele.

• Elogie, encoraje e agradeça de forma intencional.

• Fale dele com honra diante de outras pessoas, demonstrando respeito

  e amor.

- Na maternidade:

• Ensine a Bíblia de forma prática: ao cozinhar, arrumar a casa, nas demais tarefas diárias, mostre como a Palavra de Deus se aplica à vida real (Deuteronômio 6.7). Tenha tempo de discipulado intencional com seus filhos.

• Corrija com amor e firmeza, lembrando que a disciplina é expressão de amor e não de ira (Provérbios 13.24).

• Ore com seus filhos (ao acordar, antes das refeições, ao dormir) e também por eles, demonstrando dependência do Senhor.

- No cuidado do lar:

• Faça do seu lar um refúgio para seu marido e filhos — mais do que limpeza, que seja um lugar de paz e acolhimento.

• Use sua rotina como forma de culto a Deus: cozinhar, lavar, organizar (Colossenses 3.23).

- No discipulado com outras mulheres:

• Ensine através do exemplo: seu amor pelo marido, cuidado com os filhos e zelo pelo lar. Convide-as para estar com você no seu dia a dia, para verem na prática como administra sua casa.

- No caráter pessoal:

• Separe diariamente um tempo para estar com o Senhor, de preferência no início do dia (Salmo 5.3), antes das demandas do lar, fazendo da oração e da leitura da Palavra de Deus o combustível diário do seu amor por Jesus.

Editorial de Muriely Sette