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A Vida Centrada no Evangelho – A Ótica do Evangelho (cap. 1)

Atualizado: 29 de fev.

Introdução à série – A VIDA CENTRADA NO EVANGELHO


A vida cristã é — ou deveria ser — uma vida centrada no Evangelho (2 Coríntios 5.15). A mensagem da cruz é a fonte de tudo o que fazemos (2 Pedro 1.3–11) — ela motiva nossos esforços, direciona nossos passos, conduz nossos relacionamentos. No entanto, a teoria nem sempre se traduz em prática. Sabemos que deveríamos viver vidas centradas no Evangelho, mas ainda lutamos para tornar isso uma realidade.

 

Pensando nisso, e buscando crescer em uma vida onde Cristo é o centro, olharemos juntos, ao longo de nove semanas, para o livro “A Vida Centrada no Evangelho”, de Robert Thune e Will Walker. Cada editorial conterá um resumo do capítulo, algumas observações de pontos importantes e perguntas para auxiliar a aplicação do conteúdo.

 

Ao olhar para esse guia prático que nos ajuda a entender as implicações do Evangelho para a nossa vida cotidiana, queremos, tanto ajudá-lo a aplicar as verdades do Evangelho à sua vida, como também fornecer uma ferramenta que pode ser muito utilizada em discipulados, sejam eles formais ou informais.

 

A Ótica do Evangelho

 

Uma visão correta e profunda do Evangelho irá impactar todas as áreas da nossa vida. Ele não é só a “porta de entrada” para a vida cristã. O Evangelho é o poder de Deus (Romanos 1.16) tanto para a nossa justificação (2 Coríntios 5.21) quanto para a nossa santificação (Romanos 8.29 e 30). Ele nos revela o tamanho da distância que há entre Deus, totalmente Santo e Justo (Isaías 55.8 e 9), e nós, homens completamente pecadores (Jeremias 17.9 e 10), mas também nos mostra que essa separação foi desfeita por meio do sacrifício de Cristo (Hebreus 10.19–23).

 

No entanto, essa compreensão de quem Deus é e de quem nós somos não é algo que entendemos completamente no momento em que ouvimos e abraçamos o Evangelho. É um processo que, enquanto estivermos aqui nessa vida, deve continuar. Deus espera que nossa compreensão sobre quem Ele é e sobre quem nós somos cresça a cada dia (2 Coríntios 3.18).

 

Nossa compreensão do Evangelho é um processo


Esse é um processo que vemos acontecendo na vida do apóstolo Paulo. Mais para o início de sua vida cristã, ele diz que é o menor dos apóstolos (1 Coríntios 15.9). Um pouco mais à frente, ele declara ser o menor dos santos (Efésios 3.8). E mais ao final de sua vida, ele afirma ser o pior dos pecadores (1 Timóteo 1.15). Será que Paulo estava pecando mais no final da sua vida? Creio que não. O que mudou, então? Paulo tinha uma compreensão maior da santidade de Deus, e consequentemente, uma compreensão mais profunda da sua pecaminosidade.

 

Imagine que você está no fundo de uma caverna, onde não consegue ver nada. A escuridão é completa, mas você começa a caminhar, buscando a saída. Depois de um tempo, um pequeno raio de luz aparece, e você percebe que seus braços estão sujos. Seguindo em direção à luz, você agora vê que suas pernas também estão sujas, e que a sujeira é um pouco mais forte do que parecia. À medida em que você caminha e se aproxima da saída da caverna, você consegue ver, cada vez com mais clareza, o quão sujo estava — não havia uma parte sequer do seu corpo que estava limpa. O fato é que você não ficou mais sujo conforme saía da caverna, mas à medida em que a luz entrava, você conseguia enxergar a sujeira que já estava lá. À medida em que vemos a santidade de Deus, enxergamos com mais clareza a sujeira que já está em nós. E quanto maior a sujeira, maior a necessidade de limpeza. Não é um banho simples que resolverá o problema. É necessário um mega banho, roupas novas, etc. Na verdade, não somos capazes de limpar nossa sujeira. Precisamos de alguém que nos lave e nos dê novas vestes — precisamos de Cristo, nossa justiça, santificação e redenção (1 Coríntios 1.30).

 

Essa é a beleza da grandiosa mensagem do Evangelho. Cristo veio para resolver um problema que nós mesmos criamos, e que não temos a menor capacidade de resolver, simplesmente porque Ele nos ama, e quer demonstrar Sua graça e misericórdia a nós.

 

Nossa tendência é minimizar o pecado e a santidade de Deus

 

Mesmo assim, ainda minimizamos a grandiosidade do que Jesus fez. Por vezes, tentamos nos defender ao invés de reconhecer nossos pecados e nos arrepender. Outras vezes, fingimos ser externamente algo que não somos internamente. Também tentamos nos esconder, para que ninguém “saiba que somos pecadores”. Ou até mesmo culpamos e julgamos outros, porque criamos regras baseadas em preferências, e não vivemos os padrões de Deus. Essas atitudes, embora comuns no nosso dia a dia, minimizam o sacrifício de Cristo na cruz. Elas mostram que não vemos o pecado como algo tão grave, diminuindo assim a santidade de Deus, e consequentemente removendo a necessidade da morte de Jesus na cruz — porque, se nosso pecado não é tão ruim assim, Jesus não precisava ter vindo.

 

Mantendo os olhos fixos na cruz

 

Agora, se a única solução que temos para o pecado é o Evangelho, por que agimos de formas que o minimizam? Porque o Evangelho nos humilha. Ele escancara nossa incapacidade e dependência. Ele revela que o poder e o merecimento não estão em nós. E é por isso que Deus quer que mantenhamos nossos olhos fixos na cruz. Porque enquanto os nossos olhos estiverem voltados para nós, tentaremos pelas nossas forças e falharemos, carregaremos um peso que somos incapazes de carregar, minimizaremos a gravidade do pecado e o tamanho da santidade de Deus, e continuaremos sofrendo as consequências dos nossos pecados.

 

Mas quando nossos olhos se voltam para a cruz, experimentamos a liberdade do poder do pecado que Cristo nos dá, tiramos das nossas costas o peso de conquistarmos a própria salvação, pois Jesus já conquistou por nós, e somos capacitados a viver em grata obediência diante de tamanho amor, graça e misericórdia demonstrados a nós.


Para pensar:


  • Você percebe diferenças na sua vida depois que conheceu o Evangelho? Quais?

  • Como sua vida mudou nesse último ano como fruto de uma compreensão mais profunda do seu pecado e da santidade de Deus?

  • De forma prática, como você pode crescer na compreensão do seu pecado e da santidade de Deus?

  • Como você tende a minimizar o seu pecado e a santidade de Deus?

  • Como uma visão mais profunda do Evangelho impacta seus relacionamentos?


Editorial de Gustavo Santos


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