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A Vida Centrada no Evangelho – Crer no Evangelho (cap. 3)

Eu nunca tive um bom equilíbrio. Depois de algumas quedas tentando andar de skate, surfar ou andar de patins, percebi isso. Enquanto algumas pessoas precisavam só de alguns minutos para aprender o básico, eu não conseguia nem ficar em pé praticando esses esportes. O último que eu me lembro de ter tentado foi o slackline, aquela fita que as pessoas amarram normalmente em árvores para ficar andando em cima. Até hoje eu não consigo entender como alguém consegue ficar em pé naquela fita. Qualquer pequeno movimento para um dos lados se intensifica, a fita começa a balançar, e a queda é certa.

 

O que me chama a atenção no slackline é que, quando seu pé começa a ir para a direita, por exemplo, a tendência natural do corpo é ir com todas as forças para o lado esquerdo, na tentativa de se equilibrar. Mas depois de ir com tudo para a esquerda, a tendência é fazer o mesmo para a direita. E se seguirmos assim, nunca encontraremos o equilíbrio, que está no centro.

 

No capítulo 2 do livro “A Vida Centrada no Evangelho”, olhamos para duas atitudes opostas que nos desequilibram: fingimento e desempenho. Ambas nos afastam do Evangelho, que é o único local possível de encontrarmos equilíbrio. E é justamente esse o ponto que os autores desenvolvem no capítulo 3:

 

“Uma convicção forte e vibrante no Evangelho nos liberta de nós mesmos

e produz verdadeira e duradoura transformação espiritual”.¹

 

O equilíbrio que precisamos para viver uma vida estável, satisfeita e produtiva está no Evangelho. Por quê? Porque o Evangelho nos livra das nossas instabilidades, pois nos firma na rocha imutável que é Cristo e Sua obra.

 

A raiz da nossa instabilidade

 

Nós, seres humanos, lutamos constantemente para encontrar nossa identidade, e algo que traga sentido à nossa vida. Queremos que as pessoas gostem de nós, que sejamos respeitados pelo que fazemos, entre outras coisas. O problema é que buscamos tudo isso no lugar errado. Deus nos criou para Si, e não encontraremos sentido a não ser nEle. A raiz da nossa instabilidade, como não poderia deixar de ser, é o pecado que nos faz tirar Deus do centro de tudo e nos coloca como “reis e rainhas do universo”. Embora possa parecer funcionar por um tempo, tirar Deus da jogada nos destrói. O que precisamos, de fato, é do Evangelho.

 

A resposta do Evangelho

 

O Evangelho nos mostra a verdade como ela é: somos terrivelmente pecadores, mas Deus é incrivelmente gracioso e misericordioso. Nossa pecaminosidade fica clara, bem como a esperança e salvação que temos em Jesus. Como os autores dizem:

 

“Nossa alma precisa se tornar profundamente arraigada na verdade do Evangelho,

de modo que ancoremos nossa justiça e identidade em Jesus, e não em nós mesmos”.²

 

Precisamos colocar nossa confiança no fato de que Jesus perdoou nossos pecados, e crer que Ele nos deu uma nova vida — a Sua vida. Agora, já não somos mais nós vivendo, mas Cristo deve viver em nós (Gálatas 2.20). Jesus nos dá uma nova identidade, e espera que vivamos de acordo com quem somos agora. Não somos mais quem éramos — fomos santificados, justificados, transformados por Jesus (1 Coríntios 6.9–11).

 

Nossa luta, então, é contra a tendência constante de irmos para os extremos do desequilíbrio — fingimento e desempenho. Essa atitude, de acordo com os autores, é compatível com uma visão de órfãos, e não de filhos. Ainda pensamos que Deus não é nosso Pai, que Ele não nos ama, e que Ele não quer ter um relacionamento conosco.

 

Embora tenhamos algo bem melhor em Cristo, nosso pecado nos leva a colocar nossa confiança em nós mesmos. Por vezes, sentiremos que ninguém se importa conosco — como se Deus não fosse um Pai amoroso. Outras vezes, ficaremos desanimados e derrotados — como se Jesus não nos desse uma real esperança apesar das circunstâncias difíceis. Também iremos machucar outras pessoas com nossas palavras e ações — como se fôssemos merecedores de algo, ou melhores do que os outros. E também buscaremos satisfação em bens e reconhecimento — como se algo pudesse nos satisfazer, que não Jesus.

 

O Evangelho ajusta tudo isso, nos mostrando que fomos sim adotados numa nova família (Efésios 1.3–5). Ele mostra nossa incapacidade e podridão, ao mesmo tempo em que mostra o amor e o perdão de Jesus. Ele nos entrega a um relacionamento com Aquele que pode, de fato, satisfazer nossa alma. Ele nos fortalece, e nos dá esperança para passarmos por situações difíceis que poderemos enfrentar. Ele nos faz confiar cada vez menos em nós, e cada vez mais em Cristo.

 

O Evangelho é o fundamento, e nada mais!

 

Para pensar:


  • Por que o Evangelho nos dá um fundamento estável?

  • Como a certeza de sermos filhos de Deus muda a forma como nos relacionamos com Ele e com as pessoas?

 

 Editorial de Gustavo Santos

¹ THUNE, Robert H.; WALKER, Will, A Vida Centrada no Evangelho, São Paulo: Vida Nova, 2017, p. 35.

² Ibid., p. 36.

 

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