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A Vida Centrada no Evangelho – Perdão (cap. 8)

O assunto deste editorial é um elemento muito importante na construção de uma vida cristã. Nesta série de publicações que temos caminhado pelas últimas sete semanas, chegamos ao tema perdão.

 

Quando chamamos o tema perdão de um elemento muito importante, poderíamos aumentar a intensidade desta descrição para algo do tipo: essencial, fundamental ou ainda insubstituível.

 

O perdão é a chave que abre qualquer porta trancada pelas quebras de relacionamentos entre duas ou mais pessoas. Assim os clássicos exemplos de crise familiar, desonestidade em ambiente de trabalho, perturbação de vizinhos e picuinhas dentro da igreja são onde entendemos a dificuldade de se aplicar o perdão.

 

No entanto, devemos ter no coração que o perdão “nasceu” bem antes disso. Ele nasceu justamente com a chegada do pecado no mundo em Gênesis 3. Naquela separação entre Deus e o homem, um plano de reconciliação foi então criado. Romanos 5.10 cita nossa condição de inimigo e ainda destaca que veio de Deus a iniciativa de executar este plano:

 

“Se quando éramos inimigos de Deus fomos reconciliados com ele

mediante a morte de seu Filho, quanto mais agora,

tendo sido reconciliados, seremos salvos por sua vida!”.

 

Deus, então, concede perdão ao casal e a toda sua descendência, estipulando assim o padrão do uso desta “chave reconciliadora”, ou seja, o poder de liberar perdão ao ofensor.

 

Outro elemento importante da vida cristã e que está sempre caminhando próximo ao perdão, é o arrependimento. Enfatizando novamente o aumento da intensidade da descrição para essencial, fundamental e insubstituível, o arrependimento dá o fechamento ao plano reconciliador de Deus. Mesmo sendo Deus que nos move ao arrependimento, uma resposta clara do nosso arrependimento se faz necessária. A salvação em Cristo Jesus não é uma graça a todos os homens, mas apenas àqueles que o próprio Deus move ao arrependimento.

 

“Se confessarmos os nossos pecados,

ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados

e nos purificar de toda injustiça.”

(1 João 1.9)

 

Se tomarmos posse deste “passo a passo” divino, o Evangelho começa então a operar por meio de nós, e agora somos capazes de fazermos as aplicações de arrependimento e perdão em todo e qualquer relacionamento. No texto de Miqueias 7.18, o profeta exalta a grandeza do Senhor, colocando-O como um Deus perdoador e bondoso: “Quem, ó Deus, é semelhante a ti, que perdoas a iniquidade e que te esqueces da rebelião do restante da tua herança? O Senhor não retém a sua ira para sempre, porque tem prazer na benignidade”.

 

Como um casamento destruído pela infidelidade conjugal pode voltar a ser um casamento que glorifique a Deus? Como o ódio entre irmãos de sangue que dura por gerações pode dar lugar à paz e harmonia? Como um cruel assassino pode voltar a socializar com uma comunidade? Como uma igreja poderia voltar a ter unidade mesmo depois de uma fatídica divisão entre pastores ou membros?

 

O perdão que agora somos capazes de conceder é um reflexo do perdão que recebemos de Deus, uma poderosa chave que destrava portas com casos que o mundo caído jamais aceitaria perdoar. Traidores, assassinos e cristãos que promovem discórdia são alvos do ódio e justiça daqueles que ainda não receberam o perdão do Senhor. O mundo pratica um tipo de perdão que não é completo e nem eficaz, um perdão sem o poder restaurador, geralmente executado com atitudes convenientes e usando termos do tipo: “colocar uma pedra em cima deste assunto” ou “águas passadas não movem moinhos”, mas a fragilidade destas atitudes aparece sempre quando vem à memória a situação ou o ofensor. É como se toda situação passada e os sentimentos da época se repetissem com a mesma intensidade. Isso acontece porque o mundo não pode dispensar perdão porque ainda não foram perdoados.

 

Um entendimento do Evangelho deve nos fazer responder de forma diferente do que o mundo responderia. O cristão pratica o perdão de forma plena, simplesmente porque este poder foi concedido através da salvação em Cristo, ou seja, não pela sua força humana, mas pela graça manifestada em sua vida. Já o mundo usaria de todo seu “senso de justiça” totalmente deturpado para acusar, condenar e executar pessoas, aplicando punições que por vezes são até mais rígidas do que a própria lei local.

 

Antes, sede uns para com os outros benignos, misericordiosos,

perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo.”

(Efésios 4.32)


Por isso para você meu irmão e minha irmã, se o perdão não é algo que faz parte da sua vida, reveja sua caminhada cristã até aqui. Pode ser que você esteja indo enganado para a direção errada.

 

Se o perdão até é concedido depois de “muita luta”, volte seu pensamento para Deus e recorde o preço que Cristo pagou na cruz por nós para termos o perdão dos nossos pecados.

  

Perdoar nossos ofensores não é fácil e nem natural, mas uma vida cristã que agrada a Deus tem que estar de posse desta poderosa chave do perdão em mãos, pronta para ser usada seja qual for a porta que estiver trancada, para que relacionamentos sejam restaurados, e a glória do Senhor seja evidenciada.

 

Para pensar:

 

  • Você recorda de alguma experiência marcante em que precisou perdoar ou ser perdoado? Você teve mais facilidade em perdoar ou em pedir perdão?

  • Existe hoje alguma situação ainda “em aberto” nos seus relacionamentos que você entende que precisa dar passos práticos para resolver? O que te impede de fazer?

 

Editorial de Márcio Giffoni


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