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Aquilo Que Nossos Olhos Veem

Esse ano, eu e minha esposa iremos completar 4 anos de casados. Nessa época, há 4 anos, me lembro de passar bastante tempo olhando móveis, eletrodomésticos, coisas para casa, etc. Eu nunca pensei que fosse entrar em um supermercado e me interessar por jogos de talheres, tigelas, batedeiras, “tupperware”, material de limpeza e outras coisas. Mas naquele momento, copos, panelas e tantos outros utensílios para casa começaram a atrair os meus olhos, simplesmente porque houve uma mudança de prioridades. E, embora essas coisas sempre estivessem nos supermercados e lojas, eu nunca as tinha notado.

 

Agora, é óbvio que todos sobreviveremos sem enxergar os “talheres e tigelas” do supermercado. No entanto, há um perigo muito grande em não termos as prioridades corretas quando pensamos na nossa vida cristã. Essas prioridades se refletem naquilo que nossos olhos buscam, algo que fica claro na história de Ló.

 

Ló era sobrinho de Abraão, que em Gênesis 13 ainda era só Abrão. Deus mudaria o nome dele um pouco mais à frente, no capítulo 17, quando reafirmaria Sua aliança descrita no capítulo 12. Aqui, no capítulo 13, um pouco do caráter de Ló começa a ser desenvolvido, e nós vemos um cara um tanto complicado — cujo clímax é atingido naquela situação terrível em Sodoma e Gomorra e no incesto com suas filhas, relatada em Gênesis 19. Não, Ló não fez o que fez “do nada”. Algo estava acontecendo em seu coração desde Gênesis 13 — e de muito antes.

 

A realidade é que ninguém chega ao ponto que Ló chegou no capítulo 19 do nada. É um processo destrutivo, que começa pequeno e que vai tomando conta de nós. É como uma bola de neve, que começa pequena e vai crescendo. Obviamente, é mais fácil tratar o processo no começo do que no final, é mais fácil parar a bola de neve enquanto ela ainda está pequena lá em cima da montanha do que quando ela já está grande. E hoje vamos tentar identificar alguns momentos desse processo, principalmente relacionados aos nossos olhos (aquilo que vemos), para que sejamos capazes de trabalhar o nosso coração de uma forma mais precisa e “fácil”.

 

Nossos olhos buscam aquilo que é prioridade para nós

 

“Ló olhou demoradamente para as planícies férteis do vale do Jordão,

na direção de Zoar. A região toda era bem irrigada, como o jardim do SENHOR,

ou como a terra do Egito. (Isso foi antes de o Senhor destruir Sodoma e Gomorra).”

(Gênesis 13.10)

 

Ló queria conforto, paz, posses, poder... e isso é algo que aparece naquilo que chama atenção aos seus olhos. Os olhos de Ló buscavam aquilo que era importante para ele. E também é assim conosco. Nossos olhos buscam aquilo que é prioridade para nós. Os nossos olhos são levados por aquilo que nós amamos, por aquilo que nós queremos, por aquilo que está no nosso coração. Os filmes que gostamos, as séries que assistimos, tudo isso vai muito além do aspecto da imagem — essas coisas mostram o que está no nosso coração.

 

Prioridades equivocadas nos levam a não enxergar os perigos do pecado

 

O problema é que quando nossos olhos estão focados naquilo que amamos, não conseguimos mais enxergar os perigos do pecado. Prioridades equivocadas nos levam a não enxergar os perigos do pecado. O versículo 13 mostra que os olhos de Ló foram levados e dominados por aquilo que era prioridade para ele, e ele não viu algo importante e determinante para sua vida.

 

“O povo dessa região, porém, era extremamente perverso e vivia pecando contra o SENHOR.”

(Gênesis 13.13)

 

Exatamente como acontece conosco, prioridades erradas nos levam a ignorar os perigos do pecado e a buscar com todo esforço aquilo que desejamos. Ló sabia que o povo de Sodoma era perverso e que a convivência com eles não lhe faria bem — mas isso não foi o suficiente, pois ele estava cego pelas suas prioridades equivocadas.

 

Igualmente, sabemos que aquela série, aquele filme, aquela amizade, aquele trabalho e aquela “...preencha como quiser...” irão nos afastar de Deus, mas muitas vezes isso não é suficiente para nos parar — nós queremos o que queremos, então vamos fazer o que for preciso para alcançar. Quantas vezes vimos algo, sabíamos que era errado, mas mesmo assim fomos atrás, simplesmente porque queríamos muito alguma coisa? Quantas vezes inventamos desculpas para justificar nossos pecados, simplesmente porque queríamos muito alguma coisa?

 

Nossas prioridades impactam as pessoas ao nosso redor


O ponto é que nossos desejos e prioridades equivocadas não nos mostram o processo todo. Nossa visão é obscurecida pelo nosso coração enganoso, fazendo com que ignoremos o impacto que nossas atitudes têm nas nossas vidas e nas vidas das pessoas ao nosso redor. Não há como fugir dessa realidade: nossas prioridades impactam as pessoas ao nosso redor. Por influência da decisão de Ló, sua mulher morreu (Gênesis 19.26) e suas duas filhas cometeram incesto (Gênesis 19.33–38).

 

Obviamente, não somos responsáveis pelos pecados das pessoas ao nosso redor, mas a forma como vivemos irá contribuir ou atrapalhar a caminhada dos que estão à nossa volta. Talvez você pense que não, mas cada atitude sua produz algum impacto naqueles que convivem com você. Ou você os está levando para mais perto de Cristo (como Abraão fez com Ló), ou você os está levando para Sodoma (como Ló fez com sua família). Qual dessas duas atitudes têm sido a sua realidade? Você é conhecido como alguém que edifica pessoas? Ou você é alguém que atrapalha a caminhada de outras pessoas? Infelizmente, nossa tendência é ser como Ló. Nós nascemos assim. Nós crescemos assim. E, se nada mudar, morreremos assim.

 

Mas... há uma solução. Cristo veio para transformar nossas vidas. Ele veio para nos dar um novo coração, com novas prioridades e novos desejos (Ezequiel 11.19 e 20). Ele veio para consertar nossa visão, para nos mostrar como de fato as coisas são e para o que realmente vale a pena viver (Salmo 73).

 

Enquanto nossas prioridades estiverem nas coisas do mundo, estaremos perdidos, e continuaremos olhando para as coisas erradas. Sofreremos e faremos outros sofrerem. Não seremos capazes de amar o próximo, pelo simples fato de que estamos ocupados demais nos amando, olhando para o nosso próprio umbigo, satisfazendo os nossos desejos. Mas, se Cristo for nossa prioridade, ainda que não tenhamos nada, teremos tudo. Seremos capazes de enxergar nosso pecado e lutar contra ele, e seremos capazes de amar, influenciar e investir nas pessoas ao nosso redor, porque estaremos atentos às necessidades delas.

 

É sobre isso que Jesus fala em Mateus 6.22 e 23, durante o Sermão do Monte:


“Seus olhos são como uma lâmpada que ilumina todo o corpo.

Quando os olhos são bons, todo o corpo se enche de luz.

Mas, quando os olhos são maus, o corpo se enche de escuridão.

E, se a luz que há em vocês é, na verdade, escuridão, como é profunda essa escuridão”.

 

Editorial de Gustavo Santos


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