Já vimos que as bem-aventuranças são uma anunciação do caráter do próprio Jesus e dos cidadãos de seu Reino. Neste contexto, Jesus anuncia a quarta bem-aventurança: ''Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, pois serão satisfeitos'' (Mateus 5.6). Para entendermos melhor esta profunda declaração, vamos pensar na comparação que Jesus fez. Ele comparou a necessidade de justiça dos filhos de Deus com a necessidade do nosso corpo por comida e água.
As palavras fome e sede expressam uma ideia de extrema necessidade, de alguém que está morrendo de fome e sede, alguém desesperadamente necessitado de água e comida. Segundo o Dr. Lloyd Jones, a força dessas palavras não deve ser confundida com sensações passageiras, mas trata-se de uma necessidade ''profunda e forte, que continua enquanto não for satisfeita. (...) É algo que continua se intensificando e que deixa o indivíduo simplesmente desesperado. É algo que provoca sofrimento e agonia''. Como está escrito no Salmo 42.1: ''Como a corça anseia por águas correntes, minha alma tem sede de ti, ó Deus''.
Portanto, Jesus ensinou que os seus seguidores têm uma profunda necessidade de justiça. A pergunta natural agora é: que justiça é essa? Certamente não se trata de uma justiça terrena e humana. Não se trata de um termo jurídico, nem de igualdade social. Todas essas coisas são boas, mas Jesus nunca ensinou que devemos ter fome e sede delas. Essas coisas são passageiras e falíveis, incapazes de satisfazer nossa alma. Na verdade, a justiça que Jesus fala aponta para o desejo de receber libertação do pecado, em todas as suas formas e em suas manifestações.
De certa forma, já fomos saciados deste desejo, pois Cristo já alcançou a justiça por nós (Romanos 5.1). Ao mesmo tempo, continuamos sendo pecadores. Sendo assim, fome e sede de justiça se manifestam quando odiamos o pecado e desejamos, de todo coração, nos livrar de tudo que nos afasta de Deus.
Importante observar que a promessa de ser saciado é para aqueles que têm fome e sede de justiça. Se investirmos o nosso coração no desejo de outras coisas, inevitavelmente seremos decepcionados. Nada neste mundo pode satisfazer a nossa alma a não ser a justiça de Deus, como adverte tão claramente o texto de 1 João 2.15–17:
''Não amem o mundo nem o que nele há.
Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele.
Pois tudo o que há no mundo — a cobiça da carne,
a cobiça dos olhos e a ostentação dos bens — não provém do Pai, mas do mundo.
O mundo e a sua cobiça passam, mas aquele que faz a vontade de Deus
permanece para sempre.''
Portanto:
Do que você tem fome e sede?
Onde você está investindo o seu coração?
O que consome sua mente ao se deitar e levantar?
Seu coração pulsa pelas ansiedades ou pela eternidade?
E isso também impacta a forma como evangelizamos. A justiça que nós queremos promover, mais do que apenas terrena, é uma justiça espiritual, onde pessoas injustas são feitas justas ao crerem em Cristo!
Que tipo de Evangelho você tem pregado?
Que tipo de justiça você tem buscado promover?
Pela graça de Deus, seja o nosso coração levado a amar aquilo que Deus ama e a odiar tudo que Ele odeia. Assim seremos saciados, agora e na eternidade.
Editorial de Matheus Carneiro
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