Nunca o inimigo foi tão conhecido
Em tempos de guerra, o uso de estratégia passa sempre pela preservação da informação. Segredos bem guardados são basicamente a chave do sucesso. Deixar o inimigo confuso e ter o elemento surpresa sempre “no gatilho” complementam os elementos de uma estratégia bem-sucedida.
Na ferrenha guerra espiritual que travamos contra o nosso coração pecaminoso, nossa inimiga, a ansiedade, já nem usa mais destas artimanhas “camufladoras”. Talvez por experimentar um retrospecto amplamente vitorioso em tempos atuais, a ansiedade luta de “peito aberto” sem o menor receio de se proteger. De fato, nosso inimigo nunca foi tão conhecido.
A ansiedade tem sido tratada como algo extremamente comum e normal. Quase que aceito pela reincidência e insistência de acompanhar a nossa vida. Temos crescido na capacidade de agirmos com insensatez ao definir o que é normal ou não, sempre que somos expostos à modernidade (mundanismo). Quer um exemplo disso? O mundo evangélico se revolta quando o assunto é a liberação do uso da maconha, temos ainda uma certa força para dizer que esta prática não pertence aos cristãos, e que mesmo o uso sendo cada vez mais habitual e até mesmo medicinal, os cristãos não apoiam esta causa, porém aceitamos passivamente que a ansiedade faz parte do nosso DNA e que todos teremos que lidar com ela, não como algo adquirido, mas pela nossa formação biológica, reduzindo a culpa, relativizando o pecado e normatizando nosso convívio com esta inimiga moderna e nada discreta.
A ansiedade não é simplesmente uma emoção. No caminho da santidade, onde Deus planejou nossa trilha cristã, a Bíblia trata com muita clareza este assunto. A ansiedade nas Escrituras está no “time” dos pecados, portanto se não for combatida ela vai roubar, destruir e matar. Vejam este texto:
“Não andeis ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplica,
e com ação de graça, apresentem seus pedidos a Deus.
E a paz de Deus que excede todo o entendimento,
guardará o coração e a mente de vocês em Cristo Jesus.”
(Filipenses 4.6 e 7)
“...ansiosos por coisa alguma”
Por mais óbvio que pareça, a instrução bíblica abrange TODOS os aspectos da vida. A aplicação vai desde a expectativa pela resposta de um resultado de exame médico a uma expectativa de uma simples publicação de sua escala de serviço do mês. Deus sabe da nossa capacidade de criar um ambiente cinza e sem esperança diante de dilemas simples ou complexos, por isso teve o cuidado de deixar registrado no texto que não haveria “coisa alguma” com o direito de nos deixar ansiosos.
“...pela oração e súplica, e com ação de graça, apresentem seus pedidos a Deus.”
Temos aqui um caminho dado para chegar à solução deste sofrimento. O texto indica oração e súplica, e com ação de graça. Interessante citar oração seguido de súplica, como se fosse a súplica um estágio posterior à oração, como um aumento na quantidade e intensidade da oração. Ação de graça já indica uma atitude de gratidão por aquilo que Deus é, na reafirmação dos atributos divinos, dando assim a paz necessária para confiar que Ele vai cuidar de tudo.
“E a paz de Deus que excede todo o entendimento, guardará o coração e a mente de vocês em Cristo Jesus.”
Este trecho traz o ponto alto do versículo. Somos chamados a uma experiência sobrenatural. Deus nos garante que antes mesmo de mostrar Sua resposta, antes mesmo de indicar uma pista da direção de como Ele vai conduzir o problema, Ele vai nos dar Sua paz! Uma paz que não se explica, simplesmente se desfruta e enche nossos corações de louvor e gratidão.
O assunto ansiedade é tão complexo que sempre haverá outros prismas interessantes a serem vistos. Uma das formas de elucidar um certo tema é aplicando o seu antônimo, que no caso da ansiedade, é a fé!
No texto de Hebreus 11.1 temos uma clara descrição da fé: “Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que não se veem”.
O autor de Hebreus parece trazer uma definição invertida da ansiedade, afinal o temor pelo desconhecido é o “combustível” da ansiedade. O que uma pessoa ansiosa mais deseja na vida? Com certeza que suas perguntas tenham respostas imediatas, ou que seus planos sejam logo concretizados. Por outro lado, confiar no Senhor e entregar os nossos caminhos para Ele cuidar tendo a paz de saber que Ele tem o melhor para nossa vida, é o que verdadeiramente significa ter uma vida de fé.
A ansiedade e a fé jamais caminharão juntas. É bem verdade que oscilamos em fases ou áreas de nossas vidas. Ora estamos ansiosos, ora estamos confiantes cheios de fé. Mas nesta jornada inevitavelmente seremos identificados como cristãos que viveram uma vida dominada pela ansiedade ou uma vida dominada pela fé.
Meu desejo é que no “bom combate” que o apóstolo Paulo escreveu para seu discípulo Timóteo, tenhamos vitória também sobre a ansiedade, nossa inimiga cada vez mais conhecida nos tempos atuais.
Tenha coragem de renunciar ao controle de sua vida, e experimente o cuidado do Senhor!
“Lancem sobre Ele, toda a sua ansiedade porque Ele tem cuidado de vós.”
(1 Pedro 5.7)
Editorial de Márcio Giffoni
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