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Começando o Ano com o Pé Direito – Parte 1

O final do ano traz consigo uma ideia interessante: chegou a hora de decidir como será o próximo ano. Novos hábitos. Novas ideias. Novas resoluções.


“Depois de dez anos postergando, ano que vem é hora de cuidar do corpo, começar a ir à academia e fazer uma dieta.”

“Depois de tanto tempo, chegou a hora de organizar as finanças.”

“Depois de cinco tentativas frustradas, agora eu consigo terminar a leitura da Bíblia em um ano.”

“Ano que vem promete...”


O problema é que, embora tenhamos boas ideias e boas motivações, algo ainda nos impede de colocar essas ideias em prática. A distância entre o planejamento contido em uma planilha e a vida real é grande. A dificuldade não está em ter as ideias, mas em vivê-las. Sabemos também que simplesmente mudar uma atitude sem mudar o nosso coração é ineficaz (Efésios 4.22–24). Mudanças meramente externas não costumam ser duradouras e eficazes o suficiente.


Mas qual será que é o problema? Porque se não entendermos onde realmente está o problema essa história continuará se repetindo, e a frustração continuará aumentando. Será que o problema está em fazer resoluções? Não! Se não está nas resoluções, onde está? Creio que temos dois problemas principais: resoluções equivocadas e falta de planejamento.


Nesse editorial, trataremos justamente esses dois pontos. A ideia é ajustar as nossas expectativas de acordo com a Palavra de Deus, buscarmos resoluções bíblicas para nossas vidas, e entender a importância não só de ter ideias, mas de planejar como iremos colocá-las em prática.


Ajustando resoluções equivocadas


Muitos dos nossos planos não vão para frente simplesmente por estarem desalinhados com os planos de Deus para nós. Infelizmente, nos acostumamos a pensar como o mundo, e a buscar os mesmos objetivos que o mundo busca.


Não sei se você tem o costume de escrever suas resoluções, ou se você as mantém só na cabeça. Eu costumo escrever. Enquanto pensava nesse editorial, fui rever algumas das coisas que escrevi nos últimos anos. Com tristeza, percebi que minhas resoluções estão bem mais voltadas para mim mesmo do que para Deus. Eu sou o centro das coisas que escrevi, e não o Senhor. Como eu posso esperar que Deus me ajude a alcançar objetivos que não estão de acordo com a Sua vontade, que não me levam para mais perto dEle?


Devemos jogar fora a maneira como o mundo procura mudar, e devemos ver o ano novo como um momento estratégico para considerar como podemos e devemos crescer para nos tornar semelhantes a Cristo.¹


As resoluções que devemos fazer, as ideias que devemos priorizar, são as que nos conduzem rumo à maturidade cristã (Filipenses 2.12, 13; 3.12–14; 2 Pedro 3.18).


“Assim, meus amados, [...] desenvolvam a sua salvação com temor e tremor,

porque Deus é quem efetua em vocês tanto o querer como o realizar,

segundo a sua boa vontade.”

(Filipenses 2.12, 13 – Ênfase do autor)


“Não que eu já tenha recebido isso ou já tenha obtido a perfeição,

mas prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus. [...] esquecendo-me das coisas que ficam para trás

e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo.”

(Filipenses 3.12–14 – Ênfase do autor)


“Cresçam na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.”

(2 Pedro 3.18)


Deus espera de nós uma busca por crescimento. Ele quer ver em nós o esforço para que esse crescimento aconteça. Infelizmente, e frequentemente, cristãos esquecem que Deus os chama a trabalhar no crescimento. A mudança não é algo que Deus está apenas fazendo; Ele nos chama a trabalhar na mudança. E enquanto trabalhamos em nossos corações, Deus promete que Ele trabalhará em nós.²


Nossas resoluções, então, precisam refletir um anseio por parecer com Jesus. Nossa prioridade precisa ser o nosso relacionamento com o Senhor. Não é ruim ter como resolução “receber uma promoção no trabalho”, mas é errado se isso vem à frente de “crescer na minha vida de oração”.


Planejando com sabedoria


Com as resoluções ajustadas, precisamos planejar como iremos executá-las. As coisas não acontecem no automático. Se não transformarmos ideias abstratas em pequenos passos práticos, chegaremos ao final de mais um ano com a mesma sensação de estagnação.


Nesse ponto, quero destacar quatro passos importantes:


1. Tenha objetivos de médio-longo prazo: nós sempre queremos resultados rápidos, mas na vida cristã isso é bem difícil. Deus nos colocou numa maratona. Ele espera ver em nós perseverança. Isso significa que as coisas mais importantes que faremos levarão tempo para acontecer. Portanto, pense em objetivos de médio-longo prazo. “Daqui 10 anos eu quero ter lido a Bíblia toda três vezes.” “Daqui cinco anos eu quero ter memorizado trinta novos versículos.” Eu sei que é “chato” pensar daqui a cinco anos, mas eu garanto que fará diferença.


2. Defina pequenas tarefas para alcançar os objetivos: com os objetivos de médio-longo prazo definidos, pense em pequenos passos práticos para alcançá-los.


Como eu vou conseguir ler a Bíblia três vezes em dez anos? Lendo dois capítulos todos os dias.

Quanto tempo eu levo para ler dois capítulos da Bíblia? Dez minutos.

Então:

  • Eu vou separar na minha agenda dez minutos, todos os dias, no mesmo horário, para ler a Bíblia.

  • Eu vou procurar um aplicativo que me ajude a acompanhar o progresso da leitura.

  • Eu vou procurar um amigo que tope entrar nessa comigo, porque com certeza isso irá me motivar a continuar.

Destrinche cada objetivo da forma mais detalhada que puder. Quanto mais detalhado, mais fácil será acompanhar os objetivos e praticar.


3. Revise esse plano regularmente: planos não servem de nada se você não colocá-los em prática e regularmente revisá-los. Sempre que voltamos aos planos, nos lembramos do motivo pelo qual nos propusemos a fazer o que estamos fazendo. Também é uma oportunidade de ver o nosso progresso, e quão longe podemos chegar se formos constantes ao longo do tempo.


4. Tenha alguém para prestar contas: finalmente, compartilhe com um amigo sobre os seus objetivos. Isso, por si só, já será um filtro para más resoluções. Além disso, saber que alguém irá perguntar frequentemente sobre como andam os planos será um incentivo para perseverar. Também é uma forma de termos ideias diferentes, de aproveitarmos da criatividade do outro para pensar em boas maneiras de alcançar os nossos objetivos.


O ano está quase acabando. Um novo ano está às portas. Não perca a oportunidade de avaliar e mudar aquilo que precisa ser mudado.


Editorial de Gustavo Santos

¹ GREINER, Joshua M., New Year Planning #1: Out With Resolutions, In With Plans.

² Ibid.

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