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Dominando o Que Nos Domina — Como Usar Bem a Internet

A internet é um mar lindo, rodeado de belas e convidativas paisagens para explorar e desfrutar. Dela vem uma brisa agradável e satisfatória. No entanto, em alguns momentos, ela tem uma água meio escura, daquelas que dá receio de entrar por não saber o que tem por baixo. Às vezes essa água fica agitada e nos traz sentimentos de dúvidas, ansiedade e desorientação. Se você acessou a internet e veio diretamente para o texto, ótimo — você está desfrutando das belas paisagens. Mas se “gastou um pouco de pele” atritando seu dedo em feeds, status e vídeos de entretenimento, talvez sua experiência seja mais como um mar agitado e sujo.


É inegável que a tecnologia e a internet foram um grande avanço cheio de benefícios à humanidade. Porém, é fato que elas também têm afetado nosso pensamento, emoção e principalmente nossa vida espiritual. Precisamos urgentemente compreender os detalhes sobre este perigo para não mais nos deixar sermos dominados ou afetados por elas. Ainda há tempo para parar, pensar e retroceder para amadurecer em como temos sido afetados por tanta informação que estamos sendo expostos a todo momento. Tenha certeza, você é afetado pelo que tem consumido por meio da tecnologia e internet.


Recentemente uma organização particular (Comscore) realizou uma pesquisa sobre as redes sociais e o uso da internet. De acordo com o levantamento, o Brasil tem cerca de 131 milhões de pessoas conectadas à internet, sendo o terceiro maior consumidor de redes sociais, perdendo somente para Índia e Indonésia. Em média, um brasileiro vive 46 horas por mês em redes sociais. Destas horas gastas, Instagram, Youtube e Facebook são os mais acessados. Interessantemente, o Instagram tem a preferência do público, principalmente pela existência de influencers, pessoas que ditam moda e carregam um grande grupo de fãs e seguidores.


Acredito ser um tanto assustador esses números e para onde a sociedade tem caminhado. A intenção é alertar para perigos que, de certo modo, não temos percebido pela tecnologia e internet. Acredito que elas têm afetado intencionalmente nossos corações, adoração e descanso.


Nosso Coração


Tal qual uma bússola, assim também é o nosso coração. A bússola aponta para o norte magnético do nosso planeta nos dando orientação geográfica; nosso coração é tão semelhante que ele sempre aponta para aquilo que está norteando nossa vida, aquilo que amamos ou desejamos mais. A internet tem o poder de recalibrar nosso coração para fazer amarmos o que ela pode nos dar. Por exemplo, se postamos coisas em redes sociais e começamos a receber feedbacks legais, elogios e pessoas pedindo mais, qual a nossa tendência natural? Talvez a gente comece a pensar assim: “uau, eu sou o cara!”. Começamos a amar o status que adquirimos, o que as pessoas falam de nós, do nosso trabalho, da nossa performance etc. Nos tornamos escravos das pessoas e de seus feedbacks. A bússola em nosso coração vai apontar para o que nos domina, os nossos maiores desejos, pois ela foi calibrada por nós para isso.


Em contrapartida, a Bíblia descreve para nós que o pecado distorceu nossa percepção da realidade e descalibrou nosso coração. Hoje, o homem natural prefere as trevas (João 3.19) ao invés da luz, foi preciso uma ação divina para nos tirar desse mundo escuro (Efésios 2.1–5) para que nossos corações fossem recalibrados para amar a Deus. Fomos feitos novos (2 Coríntios 5.17) para que o que estava distorcido e descalibrado fosse recalibrado pelo poder de Jesus e de sua Palavra. Contudo, a todo momento, o mundo está tentando moldar quem somos, transformar a nossa identidade para que nos amoldemos a ele. O diabo usa uma boa ferramenta (internet) como um meio de nos afastar de Deus, tentando substituir o Senhor que amamos por um novo senhor — que é cruel, escravizador e insaciavelmente carente de likes, holofotes e adoração.


Adoração


Quando era criança, eu adorava estar perto do colega de classe que era popular, que tinha um cabelo superliso e atraia olhares das meninas. Eu queria ser igual a ele. Havia uma “adoração” de minha parte, pois comecei a ser como ele. Até jogar a cabeça como se tivesse pelo menos um fio liso em minha cabeça. A internet tem causado em nós uma transformação ao ponto de sermos influenciados a agir semelhante ao que adoramos. Quantos por aí vivem imitando cantores famosos? Será que não temos muitos imitadores de jogadores de basquete? Quantas filas de shows por aí com gente dormindo meses ao relento esperando para comprar ingresso? Quantos produtos são vendidos aos milhões somente porque uma celebridade usa?


Meu ponto é que temos nos tornado parecidos ou desejamos ser parecidos com o que “curtimos” por meio da internet. A nossa identidade é fomentada por aquilo que adoramos e desejamos ser, e assim vamos nos conformando com isto. A web promove poderosamente esta adoração. A Palavra nos alerta que somente um é digno de adoração, o Senhor. O Decálogo (Êxodo 20) exprime veementemente que não existe outro a quem devemos nos curvar. Adorar qualquer coisa que não seja Jesus resulta em confusão de nossa identidade. Enquanto não vivermos a realidade da nossa identidade em Cristo, sofreremos o cansaço de tentar sermos semelhante ao que não deveríamos. Pois, nossa identidade está em Jesus Cristo, que é nossa adoração, salvação e descanso.


Descanso


Ao chegar em casa depois de um dia cansativo de trabalho, o que geralmente esperamos é que tudo não esteja de pernas para o alto. Criou-se o axioma de que após o trabalho devemos descansar, não importa o que aconteça. Talvez venha à sua mente alguns momentos nos quais você chegou em casa nesta condição e logo pegou seu celular para ver seu Instagram ou Youtube para relaxar a cabeça, desestressar um pouco das altas demandas de trabalho.


A internet é o principal meio onde podemos ter entretenimento digital. Existe uma real relação entre as redes sociais e a dopamina, um dos principais neurotransmissores responsáveis pelo prazer, sensação de bem-estar e relaxamento. “Zapiar” entre vídeos curtos causa essa sensação de entrar em um mundo paralelo de prazer e satisfação. É como se você dissesse: cansei do mundo real, vou para o mundo digital que me relaxa e me tira dos problemas e situações que não quero enfrentar. Não quero ser proibitivo sobre entretenimento, mas a pergunta que fica: será que estou trocando meu descanso e minha dependência de Deus por algo que não seja Ele?


Enfim, precisamos entender que a internet é uma bela ferramenta, mas que não passa disso. Devemos usá-la para cumprirmos nosso propósito de glorificarmos ao Senhor. Jamais deve ser usada para substituir aquilo que só o Senhor Jesus pode nos dar de forma definitiva e inesgotável.


Boas perguntas com relação à internet:


• Preciso realmente ver meu celular a cada notificação de mensagem que chega?


• Será que as atrações do meu telefone me isolam das pessoas e das necessidades reais que me rodeiam? Quais as consequências que tenho percebido ao viver isto?


• Será que eu simplesmente me tornei viciado em internet, redes sociais etc.? Se for o caso, o problema pode ser resolvido com moderação em seu uso ou preciso abandoná-la por um tempo?


• Meu acesso à internet, redes sociais, vídeos podem esperar ou fico ansioso para ver se não vou perder algo?


• Quero que meus filhos me vejam olhando excessivamente para uma tela enquanto crescem? O que este hábito está comunicando para eles e outros ao meu redor?


• Meus hábitos e tempo dispendido em consumo digital têm glorificado a Deus? Onde e quanto tenho errado?


Editorial de William Rubial



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