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Duros Demais Consigo Mesmos

Atualizado: 15 de set. de 2023

Vivemos em um mundo de excessos e uma forma em que isso se tem tornado cada vez mais evidente é no burnout (esgotamento profissional). Pessoas buscando cumprir com suas obrigações no trabalho, em ambientes competitivos e de grande responsabilidade, passam a apresentar sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico. Viver diariamente sob pressão, com objetivos muito difíceis de alcançar leva pessoas ao desânimo e, muitas vezes, à depressão. Por vezes, tais objetivos não são apenas impostos pela chefia, mas pelos próprios profissionais que entendem que, se não continuarem mantendo um padrão de excelência, serão demitidos ou destruídos pela competição. É uma busca desenfreada pela perfeição, às custas de si mesmo.


E quando esta busca por perfeição não está relacionada aos nossos empregos, mas ao nosso desempenho espiritual? A Bíblia também está repleta de “obrigações” e “objetivos muito difíceis de alcançar”. Ela nos leva a ter grandes responsabilidades em casa, no trabalho, na igreja. Afinal, nela somos desafiados a manter o mais elevado padrão de excelência: Jesus Cristo. A nossa busca é justamente pela perfeição!


“Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste.”

(Mateus 5.48)


Como então não cairmos numa situação de “burnout espiritual”? De esgotamento em nossa busca pela perfeição? Como não sermos duros demais com nós mesmos?


Santidade é perfeição?


“Ora, a mensagem que, da parte dele, temos ouvido e vos anunciamos é esta:

que Deus é luz, e não há nele treva nenhuma. Se dissermos que mantemos comunhão com ele e andarmos nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade. Se, porém,

andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros,

e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado.

Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos,

e a verdade não está em nós.”

(1 João 1.5–8)


Deus é perfeito, é o Pai das luzes, no qual não há qualquer sombra de variação (Tiago 1.17). Para termos comunhão com Ele (e com nossos irmãos), também precisamos ser luz e eliminar qualquer forma de trevas que haja em nós (1 João 1.6). Entretanto, no mesmo texto, João fala que, se acharmos que não temos pecado, estamos nos enganando (1 João 1.8).


Como então podemos manter a comunhão com Deus, que é perfeito e exige perfeição para nos achegarmos a Ele, se não podemos negar que há pecado em nós? Parece contraditório, não? É aí que entram os próximos versículos:


“Se confessarmos os nossos pecados,

ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.

Se dissermos que não temos cometido pecado, fazemo-lo mentiroso,

e a sua palavra não está em nós.”

(1 João 1.9 e 10)


A forma com que pecadores como nós podem alcançar santidade e perfeição não é eliminando totalmente o pecado de nossas vidas, o que é impossível, mas confessando aquelas transgressões, que, por mais que tentemos evitar, acabam ocorrendo em nossa caminhada cristã.


Ou seja, ser perfeito e santo como Deus é perfeito e santo (1 Pedro 1.16) não significa sermos totalmente livres de pecado aqui neste mundo, mas que, por meio da “única oferta” de nosso Salvador, Jesus Cristo, estamos livres da condenação do pecado (Romanos 8.1–4) e, portanto, aptos à comunhão com o Senhor para que cresçamos em santidade e perfeição (maturidade). Assim, ao mesmo tempo em que estamos num processo de santificação progressiva, que só irá finalizar na eternidade, nós já fomos aperfeiçoados pelo sacrifício substitutivo de Cristo.


“Porque, com uma única oferta,

aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados.”

(Hebreus 10.14)


Heróis da fé: lista de imperfeições


Ainda em Hebreus, no capítulo 11, vemos a famosa lista de heróis da fé, isto é, pessoas que “obtiveram bom testemunho” (v. 2). Entretanto, se olharmos mais de perto para essas pessoas, vamos ver que, junto a essa lista de heróis, há uma lista de imperfeições que os acompanharam. Por exemplo, a bebedice de Noé (v. 7), os episódios em que Abraão mentiu a respeito de Sara (v. 8), as dúvidas de Sara com relação ao nascimento de Isaque (v. 11), o engano de Jacó (v. 21), a pedra de Moisés (v. 23), a meretriz Raabe (v. 31), o adultério e o assassinato cometido por Davi (v. 32), para citar apenas alguns.


“Ora, todos estes que obtiveram bom testemunho por sua fé não obtiveram,

contudo, a concretização da promessa, por haver Deus provido coisa superior a nosso respeito, para que eles, sem nós, não fossem aperfeiçoados.”

(Hebreus 11.39 e 40)


Por meio da fé, mesmo em meio a imperfeições, eles obtiveram bom testemunho. Entretanto, ainda não haviam sido aperfeiçoados, pois Jesus não havia vindo. Agora, juntamente conosco, podem desfrutar da perfeição de Cristo, O qual nos justifica e nos dá paz (Romanos 5.1).


Livre-se do peso


“Portanto, também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas, desembaraçando-nos de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia,

corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta,

olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus,...”

(Hebreus 12.1 e 2a)


Por fim, o autor de Hebreus nos desafia a perseverarmos, mesmo sabendo que o pecado irá continuar nos assediando em nossa corrida. Ainda assim, devemos nos desembaraçar do peso e não sermos duros demais com nós mesmos, já que é o Autor e Consumador da nossa fé que nos conquistou, justamente para que possamos conquistar, com Ele, uma vida de perfeição e santidade:


“Não que eu o tenha já recebido ou tenha já obtido a perfeição;

mas prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus.” (Filipenses 3.12)


Editorial de André Negrão Costa


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