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Encarando a Morte

A morte é inevitável, e isso não é novidade. A morte é universal, não tem quem escape, e isso também não é novo. Ainda assim, a possibilidade da morte nos assusta, provocando diversas reações, como negação, indiferença, desespero e medo. Seja você alguém saudável, jovem, enfermo ou de cabelos brancos, a possibilidade da morte nos coloca para pensar e ponderar muita coisa. Entre elas, se estaremos prontos para encará-la com confiança, certos de que sabemos o que nos aguarda do outro lado.

 

Seria ótimo poder conhecer alguém que enfrentou a morte e voltou para contar a experiência. Nossa esperança em encarar a morte seria informada por alguém que a experimentou na própria pele e pode contar como foi. Pois bem, existe alguém que enfrentou a morte e faz melhor que apenas contar um relato como vítima. Esse alguém é Jesus Cristo. Ele enfrentou e venceu a morte, colocando em uma nova perspectiva a inevitabilidade e a universalidade da morte. A morte não tem a última palavra, mas Jesus em Sua Palavra nos aponta uma luz no fim do túnel para encarar a morte com a esperança da vida eterna.

 

Quem é o inimigo?

 

Algumas de nossas dificuldades em encarar a morte vem do desconhecimento sobre o que de fato é a morte. Nossa cultura evita falar da morte ou romantiza sua realidade com conceitos que não expressam a verdade e não passam de paliativos superficiais diante de perguntas profundas. A morte não é a passagem para um estado superior fruto de nossa imaginação. A morte é uma separação não natural, que se tornou realidade na história a partir da entrada do pecado. Em Gênesis 2.17, Deus estabeleceu que a morte seria a consequência do pecado. Testemunhamos a sua entrada em Gênesis 3 e lemos sua ação na narrativa bíblica a partir de Gênesis 4. Romanos 6.23 não deixa dúvida: “o salário do pecado é a morte”.

 

Então, a morte tornou-se parte da experiência humana, assim como o pecado. David Powlison estava certo ao descrever o pecado como uma disposição de “viver no mundo que pertence a Deus e agir como se estivéssemos no controle”.¹ Colhemos a morte como resultado de uma vida desligada do Criador. Então, encarar a morte é parte de algo maior, relacionado com a vida em si. Toda a reflexão sobre a morte acontece em vida. Nenhuma reflexão sobre a vida faz sentido sem o Doador da vida. E o que Deus diz sobre a vida?

 

Sobre a vida

 

A realidade da morte nos coloca para pensar sobre a vida. Reconhecemos que a morte deva ser lamentada, mas não como quem não tem esperança. Em Sua Palavra, Deus nos dá esperança da vida eterna como dom gratuito de Deus, em Cristo Jesus nosso Senhor (Romanos 6.23b). Essa promessa tem o lastro da obra de Jesus. Nosso Salvador não falou apenas sobre uma possibilidade futura, mas de uma real esperança que aguardamos com base em Sua obra na cruz e do túmulo vazio. Jesus venceu a morte (Atos 2.24; Apocalipse 1.8). Sua vitória nos dá a garantia dessa esperança viva (1 Pedro 1.3). Somos então encorajados com a realidade da vida eterna para todos aqueles que creem em Jesus (João 1.12 e 13).

 

Essa realidade não apenas garante o estado futuro e final, mas também orienta nossa peregrinação em vida. Enfrentar a morte é o último passo de viver a vida. Assim, o desafio não é pontual, mas parte de um processo em vida informado pela realidade eterna. O apóstolo Paulo resume essa dinâmica da seguinte forma: “para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro” (Filipenses 1.21). Leia novamente: “o morrer é lucro”! Não se trata apenas de encarar com coragem a morte, mas de dar as boas-vindas para a morte como um ganho! Isso só é possível para aqueles que vivem por Cristo. Assim, encarar a morte é resultado de como encaramos a vida. Como você encara a vida?

 

O Evangelho nos chama para vivermos além de nós mesmos (2 Coríntios 5.15). Quando passamos a viver para qualquer outra coisa, a morte não é um ganho, mas uma perda de oportunidades para termos o que queremos. Para encararmos a morte com coragem, precisamos nos apegar ao Dono da vida e Àquele que tem as chaves da morte sob Seu controle (Apocalipse 1.8). Assim, ocupemos nossa atenção com aquilo que dá sentido à vida, que não é uma coisa, mas alguém: Jesus Cristo.

 

Encarando a morte com coragem para encontrar o maior tesouro

 

Sobrenaturalmente, um coração cheio da Palavra de Deus e direcionado para Jesus Cristo encontrará na morte a passagem para o seu maior tesouro: Jesus Cristo. Assim, os demais anseios (e medos) entram debaixo da perspectiva correta, minimizando o medo e o desconforto de encarar a morte, pois nossos olhos estão fixos no Doador da vida: Jesus Cristo. Talvez, tudo isso seja mais fácil falar (ou escrever) do que viver. Mas trata-se das verdades da Palavra de Deus experimentadas em Jesus, que é a Verdade e a Vida (João 14.6). Uma corrida de fé irá nos colocar em contato com essas realidades e nos conduzirá a encarar a morte com a esperança de quem tem a vida eterna conhecendo a Jesus Cristo (João 17.3).

 

Assim, viva voltado para Jesus, o qual garante o perdão dos pecados, liberdade do poder escravizador dos pecados e a vida eterna livre da presença do pecado, quando não haverá mais morte (Apocalipse 21.4).

 

Editorial do Pr. Alexandre "Sacha" Mendes

¹ Powlison, David. Enfrentando a morte com esperança. São José dos Campos-SP: Editora Fiel, p. 19.

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