Os estereótipos sexuais vêm sofrendo mudanças bruscas e recentes, criando uma identidade sexual mais fluida e desligada da identidade sexual biológica dada por Deus – “homem e mulher os criou” (Gênesis 1.27). Já vimos aqui como a Palavra de Deus chama maridos ao resgate de uma masculinidade bíblica, o marido “raiz”. Um processo semelhante acontece com as mulheres.
Estereótipos passados e recentes foram substituídos por um desejo de empoderamento feminino, ignorando papéis dentro de casamentos e distorcendo funções dentro dos lares. Parte do problema está em confundir essência com função. Em nenhum lugar da Bíblia, a mulher é colocada como inferior ao homem. Aliás, a Palavra de Deus defende a dignidade da mulher e afirma seu valor. Porém, isso não é o mesmo que dizer que a mulher tem a mesma função que o homem.
É o Evangelho que afirma a igualdade da mulher em Cristo (Gálatas 3.28). Porém, é o Evangelho que aponta papéis distintos entre o homem e a mulher no casamento. Ambos, marido e esposa, têm papéis distintos e fundamentais para cumprir um dos propósitos do casamento: apontar Cristo e a igreja (Efésios 5.31, 32). Portanto, assim como o marido “raiz”, a esposa “raiz” é vista em três características bíblicas ligadas à sua função em relação ao marido:
SUBMISSÃO ao marido
“Mulheres, sujeitem-se a seus maridos, como ao Senhor,
pois o marido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da igreja,
que é o seu corpo, do qual ele é o Salvador.
Assim como a igreja está sujeita a Cristo,
também as mulheres estejam em tudo sujeitas a seus maridos.”
(Efésios 5.22-24)
A passagem acima faz parte do trecho bíblico mais claro no ensino dos papéis conjugais nas Escrituras. Faz parte da sequência de implicações referentes ao mandamento geral de imitar a Deus (Efésios 5.1), ser cheio do Espírito (Efésios 5.18), adorar a Deus e ser grato a Ele (Efésios 5.19-20), e ser mutuamente submisso a Cristo (Efésios 5.21). Essa é a sequência de princípios colocada pelo apóstolo Paulo para introduzir o assunto da submissão da esposa para com o marido.
A passagem de Efésios 5.22-24 coloca o papel da mulher como submissa ao marido de três formas diferentes: (i) como mandamento, “sujeitem-se a seus maridos”; (ii) através da metáfora de cabeça e corpo; e (iii) através da comparação entre Cristo e a igreja.
Embora seja um conceito bíblico e válido, a submissão não significa que a esposa seja inferior ao marido. De forma análoga, Cristo foi submisso ao Pai (João 5.30), mas isso não significa que Cristo seja inferior ao Deus Pai. Submissão também não significa que o marido seja infalível, ou que a esposa não possa opinar. Ou seja, a submissão da mulher ao marido não está relacionada à essência de sua personalidade, mas refere-se à sua função. A submissão mostra a atitude do coração (1 Pedro 3.1-6), provando o amor a Deus (João 14.31), em uma parábola viva da igreja obedecendo a Cristo (Efésios 5.23).
Portanto, a submissão não priva a mulher de sua liberdade. Muito pelo contrário, a submissão permite a liberdade da mulher. Por exemplo, um trem é livre quando anda nos trilhos, não quando tenta andar pelo terreno acidentado. A submissão é o trilho que permite à mulher desenvolver seu papel por completo. Ou ainda, a submissão é como uma partitura musical que permite que o músico toque livremente uma linda melodia, de acordo com as notas, compassos e ritmo.
AJUDA ao marido
“Então o Senhor Deus declarou: Não é bom que o homem esteja só;
farei para ele alguém que o auxilie e lhe corresponda.”
(Gênesis 2.18)
Ao contrário do que a maioria pensa, a função de “ajudadora” não possui uma conotação secundária ou inferior ao que é ajudado. A ideia por trás do termo é de alguém que supre as necessidades de outra pessoa, ou que completa o outro. Uma auxiliadora idônea é parte importante da equação. Maridos precisam de ajuda, auxílio. Não porque não sabem fazer nada sozinhos (embora, às vezes é justamente o que parece), mas para cumprirem o papel dado por Deus de encher e dominar a Terra (Gênesis 1.28), representando visivelmente o domínio divino sobre a Criação.
De forma prática, a mulher pode exercer seu papel de ajudadora quando:
1. Faz do seu lar um lugar seguro. A mulher sábia edifica a sua casa e faz dela um lugar de refúgio para o marido (Provérbios 14.1; 31.11, 20).
2. É digna de confiança (Provérbios 31.11, 12).
3. Mantém uma boa atitude (Provérbios 31.26, 28, 29; Tiago 3.13-18; Filipenses 4.4).
4. Conversa de forma amorosa, aberta e honesta (Efésios 4.25).
5. Está satisfeita com sua posição, suas posses e tarefas (Filipenses 4.6-13; Hebreus 13.5, 16).
6. É diligente e cresce no exercício de sua diligência (Salmo 128.3; Provérbios 31.10-31).
7. Mantém sua beleza, especialmente a interior (1 Pedro 3.3-5).
8. Mantém uma boa vida espiritual (1 Pedro 3.1, 2).
9. Cultiva a lealdade ao marido diante dos filhos.
10. Demonstra confiança nas decisões do marido.
RESPEITO ao marido
“Portanto, cada um de vocês também ame a sua mulher como a si mesmo,
e a mulher trate o marido com todo o respeito.”
(Efésios 5.33)
Literalmente, o termo “respeito” indica “uma profunda medida de respeito por alguém”. É responsabilidade da esposa respeitar o marido. Isso é um mandamento e não uma opção. Portanto, a esposa não pode usar a desculpa de que “ele não merece o respeito”. A esposa precisa respeitar o seu marido apesar de suas imperfeições. O respeito não está vinculado à performance do marido, mas à submissão a Jesus Cristo. A forma mais básica que uma esposa demonstra respeito é por meio de suas palavras e como se refere ao seu marido, em sua presença ou não.
Cada uma das características da esposa “raiz” tem um papel muito importante no cumprimento do propósito do casamento: apontar para o relacionamento de Cristo e a Igreja. O casamento não é um fim em si mesmo, mas aponta para uma realidade maior. Assim, por amor a Cristo e em resposta ao seu amor, esposas do tipo “princesas e poderosas” precisam se arrepender de atitudes centradas em seus desejos e buscar uma vida de submissão a Jesus Cristo, vista na forma como se conduzem no casamento. Para a glória de Deus, por causa da obra de Jesus e no poder do Espírito, seja uma “esposa raiz”.
Editorial do Pr. Alexandre "Sacha" Mendes
Comentários