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Falando Só o Que Se Deve Falar

“Falei isso sem querer!” Você costuma dizer esta frase com frequência? Talvez você até acredite nisso, mas nossas palavras revelam aquilo que está escondido dentro de nós, afinal, “a boca fala do que está cheio o coração” (Lucas 6.45). Muito provavelmente, nós realmente acreditamos no que dizemos “sem querer”, apenas não gostaríamos que os outros tivessem ouvido.

 

Já parou para pensar que as pessoas podem considerar como verdade aquilo que dizemos, mesmo que de forma impensada? Você olha para o projeto de um amigo e comenta: “É, acho que isso não vai dar certo, não” — e pronto, essa pode se tornar a “verdade” que ele passa a acreditar. Agora, imagine esse efeito multiplicado nas demais áreas. Responderemos diante de Deus por cada palavra dita. Jesus foi claro: “Mas eu digo que, no dia do juízo, os homens haverão de dar conta de toda palavra inútil que tiverem falado. Pois por suas palavras vocês serão absolvidos, e por suas palavras serão condenados” (Mateus 12.36 e 37).

 

Em Efésios 4.29, Paulo nos instrui:

 

“Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe,

e sim unicamente a que for boa para edificação,

conforme a necessidade, e, assim, transmita graça aos que ouvem.”

 

Esse versículo está inserido em um ensino precioso sobre despir-se e revestir-se. Paulo exorta os efésios a, quando identificarem um pecado, abandonarem a prática, mas não pararem por aí. No lugar do pecado, devem se revestir de uma prática piedosa, que glorifique a Deus e edifique a igreja. Se antes, como “velho homem”, vivíamos corrompidos por desejos enganosos (Efésios 4.22), agora devemos nos revestir do novo homem e sermos semelhantes a Deus em justiça e santidade (Efésios 4.24).

 

Entre os exemplos dados, está o uso da língua. Não é de se admirar que Paulo destaque esse ponto. Tiago também adverte: “Se alguém se considera religioso, mas não controla a língua, engana a si mesmo, e a sua religião não tem valor algum” (Tiago 1.26). Nossa verdadeira fé se prova no controle da língua.

 

Primeiramente, Paulo nos exorta a não usarmos palavras torpes — ou seja, palavras podres (do grego sápros, que significa podre, estragado, corrompido ou ruim), palavras que fazem mal aos outros, contaminam o ambiente, destroem e desanimam. O versículo começa com a ordem de nos despirmos do “velho homem” — nesse caso, abandonar as palavras torpes — e, em seguida, nos revestirmos da nova forma piedosa de falar. Para isso, Paulo apresenta três critérios: nossas palavras devem ser boas para a edificação, conforme a necessidade, e assim, transmitir graça aos que ouvem.

 

1. Nossas Palavras Devem Ser Para EDIFICAÇÃO

 

Logo no início do meu casamento, ouvi comentários sobre como o entusiasmo e a alegria iniciais desapareceriam “assim que acabasse a lua de mel”. Aquilo me encheu de medo e insegurança. Esse conselho era muito pior do que um alerta para uma possível dificuldade; era uma afirmação mentirosa de que o casamento piora conforme o tempo passa.

 

E se eu, de fato, tivesse passado a enxergar meu casamento, principalmente nos dias difíceis, como algo que “é assim mesmo, e só vai piorar”? Felizmente, pela graça de Deus, fui edificada por muitas outras irmãs e suas famílias, e desfruto de uma realidade diferente. No mau conselho, nossa esperança é minada enquanto no conselho dos sábios encontramos esperança e confiança (Provérbios 12.18), não em nós, mas em quem caminha conosco: Deus.

 

Edificamos alguém quando o incentivamos a construir sua vida nas verdades absolutas e seguras de Deus. Quando alguém sofre, o ajudamos a colocar os óculos da fé e da esperança, e a olhar suas circunstâncias sob a ótica do Senhor — não dizendo palavras otimistas vazias, mas verdades confiantemente infalíveis.

 

Se confiarmos que o que Deus pensa sobre as coisas é infinitamente melhor do que a nossa própria opinião, e estivermos empenhados em aplicar isso em nossa vida, estaremos aptos a edificar quem estiver ao nosso lado por meio daquilo que falamos. Aqui, de maneira prática, cabe também citar a importância dos elogios sinceros, das palavras de ânimo e encorajamento e do compartilhar de testemunhos. Somos mutuamente edificados no corpo, a igreja de Cristo. Pense em situações em que você mesmo já foi edificado com algum desses exemplos.

 

2. Nossas Palavras Devem Ser NECESSÁRIAS          

 

Corremos um grande risco de achar que sabemos demais, e por isso, temos muito a ensinar. Se acreditarmos nisso, provavelmente seremos pessoas que sempre têm algo a opinar na vida dos outros. O versículo (Efésios 4.29), nos orienta que nossas palavras devem ser “...conforme a necessidade”. Pode ser que o que estamos dizendo não seja mentira, mas será que é necessário naquele momento?

 

Salomão nos diz: “Na multidão de palavras não falta transgressão, mas o que modera os seus lábios é prudente” (Provérbios 10.19). A possibilidade de pecarmos ao falar demais é grande, e provavelmente deixaremos de lado dois aspectos importantes: ouvir atentamente o outro e refletir sobre o que vamos dizer.

 

Na ânsia de expor o que pensamos, podemos ouvir de maneira equivocada e não compreender de fato a necessidade do outro naquele momento. Ouvir é o primeiro passo para falarmos adequadamente: “Sejam todos prontos para ouvir, tardios para falar...” (Tiago 1.19b). Sem estarmos atentos ao que as pessoas falam, corremos o risco de corrigir quem precisa de consolo ou animar quem precisa ser exortado. Devemos preferir ouvir bem, para então falar, pois “quem responde antes de ouvir, comete insensatez e passa vergonha” (Provérbios 18.13).

 

Também precisamos refletir sobre aquilo que vamos dizer, moderando nossos lábios: “O coração do justo pensa antes de responder, mas a boca dos ímpios jorra coisas más” (Provérbios 15.28). Pensar antes de falar é piedoso e prudente. Pergunte-se: “Isso é realmente útil?”. “Trará algum benefício para esta pessoa ouvir isso agora?”. E, caso haja dúvida sobre o quanto meditar antes de falar é importante, Salomão nos exorta: “Tens visto um homem precipitado nas suas palavras? Maior esperança há para o tolo do que para ele” (Provérbios 29.20).

 

Em algumas situações não teremos muito o que dizer. Momentos de sofrimento, como em um velório, são exemplos disso. Muitas pessoas recorrem a discursos prontos sobre a soberania de Deus e o problema do mal, quando a outra pessoa apenas precisa de consolo. Se pedirmos a Deus, Ele nos dará sabedoria para falarmos não somente o que é correto, mas no momento correto: “dar resposta apropriada é motivo de alegria; e como é bom um conselho na hora certa!” (Provérbios 15.23).

 

Por vezes, estaremos diante de situações em que não há nada verdadeiramente necessário a ser dito. Quando isso acontecer, considere não dizer nada. Não precisamos opinar sobre tudo ou dizer tudo o que pensamos.  Em certos momentos, a melhor maneira de edificar alguém, conforme a necessidade, é o silêncio:

 

“Retém as suas palavras o que tem conhecimento,

e o homem de entendimento é de espírito sereno.

Até o tolo, quando se cala, é reputado por sábio;

e o que fecha os seus lábios é tido por entendido.”

(Provérbios 17.27 e 28)

 

3. Nossas Palavras Devem TRANSMITIR GRAÇA

 

À medida que formos renovados pelo Espírito Santo e tivermos como alvo principal a glória de Deus, nossas palavras edificarão as pessoas, serão ditas conforme a necessidade, e assim, conseguiremos transmitir graça aos que nos ouvem.

 

Transmitir graça é oferecer aquilo que as pessoas não merecem, assim como temos recebido o que não merecemos de Deus. Naturalmente, baseados em nossa carne, ofereceríamos palavras torpes — estragadas — aos outros, mas por causa do que Cristo fez, nossa motivação pode ser transformada, e podemos dar muito fruto para Sua glória.

 

Antes, nossas palavras destruíam as pessoas, eram cheias de sabedoria humana, mas agora, nossas palavras testificam que há um novo Senhor reinando em nosso coração. Nossas palavras devem dar testemunho da transformação que o Pai Celestial fez em nosso coração mau. 

 

Infelizmente, o pecado governa esse mundo e por vezes, seremos alvos de palavras que nos ferem, que são injustas e mentirosas. Mas, não somos os únicos. Jesus mesmo, o Homem Perfeito, foi acusado e humilhado, mas continuou sendo misericordioso com os outros e fiel a Deus em Sua santidade.  Devemos andar como Ele andou pagando o mal com abundância de bem.

 

Transmitimos graça ao relembrar do que Cristo fez: como Ele perdoou completamente pecadores perdidos como nós (Colossense 2.13–15), como em Cristo sempre há perdão para pecados confessados (1 João 1.9), e como há esperança mesmo para quando pecamos repetidamente. Há esperança para o ímpio, assim como continua havendo esperança para os crentes quando tropeçam. Esse também é um lembrete caso você tenha sido exortado até aqui.

 

Conclusão


Como temos visto, prestaremos contas diante de Deus de tudo aquilo que falamos. Há mais instruções na Bíblia sobre como devemos falar do que provavelmente imaginamos. Sem dúvida, o estudo aqui não conseguiu englobar tudo. Se Deus decidiu que esse era um assunto tão pertinente, devemos considerá-lo dessa forma, não é mesmo?

 

Para finalizar, gostaria de enfatizar que jamais usaremos bem a língua apenas através da nossa própria capacidade. É Deus quem nos capacita e gera em nós um coração transformado, por meio do qual transbordam palavras piedosas. Nossas palavras são apenas reflexos do que de fato acreditamos. Nosso objetivo, então, deve ser transformar nossas crenças através da Palavra de Deus, confiantes de que Aquele que começou a boa obra é fiel para completá-la.

 

Minha oração é para que Deus nos dê temor e devoção suficientes para honrar, através de cada uma de nossas palavras, Àquele que é digno de as receber.

 

“Que as palavras da minha boca e o meditar do meu coração sejam agradáveis a ti,

Senhor, minha Rocha e meu Redentor.”

(Salmo 19.14)

 

Editorial de Alice Fagundes

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