Graça Sem Medida
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“Então, alguns escribas e fariseus replicaram: Mestre, queremos ver de tua parte algum sinal. Ele, porém, respondeu: Uma geração má e adúltera pede um sinal;
mas nenhum sinal lhe será dado, senão o do profeta Jonas.
Porque assim como esteve Jonas três dias e três noites no ventre do grande peixe,
assim o Filho do Homem estará três dias e três noites no coração da terra.
Ninivitas se levantarão, no Juízo, com esta geração e a condenarão;
porque se arrependeram com a pregação de Jonas. E eis aqui está quem é maior do que Jonas.” (Mateus 12.38–41)
Enquanto Jonas demonstrou uma justiça sem a graça, Jesus derrama graça sem medida às próprias custas.
A palavra do Senhor veio a um homem chamado Jonas, dizendo que este deveria ir à grande cidade de Nínive para clamar contra ela, porque sua maldade desagradava a Deus. Nínive era uma das maiores cidades do reino da Assíria. Seus moradores eram maldosos, corruptos e inimigos do povo de Deus.
Aqui, Jonas se depara com duas verdades que confrontam seu senso de justiça/moral:
A repreensão é algo amoroso, pois é um alerta ao pecador de seu pecado e suas consequências (Provérbios 3.11 e 12; 27.5 e 6; Mateus 18.15–20; Tiago 5.19 e 20);
Deus é misericordioso e perdoa o pecador arrependido (Êxodo 33.19; Salmos 103.8–18; 51.16 e 17).
A conclusão de Jonas é: Deus está sendo gracioso providenciando repreensão a um povo injusto e corrupto. E se esse povo se arrepender, Deus que é clemente, e misericordioso, e tardio em irar-se, e grande em benignidade e que se arrepende¹ do mal (Jonas 4.2) os perdoaria.
Jonas então decide desobedecer a Deus e fugir de Sua presença e de Sua comissão. Ele sai na direção oposta, descendo a Jope (atualmente, parte da cidade de Tel Aviv) onde ele embarca em um navio que ia para Társis (atualmente, no sul da Espanha, próximo a Gibraltar).
Jonas, cegado por sua obstinação, crendo ser mais justo do que Deus, se esquece que é impossível escapar da presença de Deus (Salmo 139.7–12).
Deus lança então uma grande tempestade. Os marinheiros pagãos parecem mais sensíveis do que o homem de Deus, a ponto de terem que pedir que ele orasse! Jonas então é lançado ao mar, um grande peixe o traga e lá ele fica por três dias e três noites.
Deus falou ao peixe, que diferente de Jonas, O obedeceu vomitando Jonas na terra (Jonas 2.10). Depois de seu recomissionamento, Jonas vai a Nínive.
A pregação de Jonas, registrada em Jonas 3.4, contém cinco palavras em hebraico apenas. Ou seja, considerando o histórico de Jonas e sua reação (que vemos no capítulo seguinte), parece que sua pregação não foi feita com a melhor das intenções.
Mas, Deus não precisa de um eloquente mensageiro para que Sua mensagem tenha efeito. Os ninivitas se arrependem. Todos, desde o maior até ao menor creram em Deus, proclamaram um jejum, vestiram-se de panos de saco, demonstrando profunda tristeza. Até mesmo o rei se humilhou. Se arrependeram e clamaram a Deus (Jonas 3.5–9).
Deus, sendo clemente, e misericordioso, e tardio em irar-se, e grande em benignidade e que se arrepende do mal, perdoou os ninivitas pecadores e arrependidos.
Jonas se enfurece extremamente. Vemos aqui a motivação de sua fuga. Ele não queria ver os pecadores, corruptos, inimigos de Israel alcançando misericórdia, a ponto de pedir pela sua própria morte.
Jonas nega uma verdade essencial e central do conceito de graça. Ele crê ser mais digno de receber a graça de Deus do que os ninivitas. E aí está o erro. Não há quem seja digno de receber a graça de Deus!
O profeta irado sai da cidade e Deus lhe faz nascer uma planta que o alivia do calor. No dia seguinte a planta seca e Jonas volta a sofrer com o calor, chegando novamente a pedir a sua própria morte.
Deus então o confronta:
“...Tens compaixão da planta que te não custou trabalho, a qual não fizeste crescer,
que numa noite nasceu e numa noite pereceu;
e não hei de eu ter compaixão da grande cidade de Nínive,
em que há mais de cento e vinte mil pessoas,
que não sabem discernir entre a mão direita e a mão esquerda,
e também muitos animais?”
(Jonas 4.10 e 11)
Jonas teve mais compaixão da planta, que lhe oferecia algo de volta, do que de pessoas que o incomodavam. Sua “compaixão” era condicional e egoísta.
Veja como, em tudo isso, Jesus é maior do que Jonas! Jonas é um missionário falho e desobediente. Jesus é o “missionário perfeito” que faz a vontade do Pai!
Jonas amava o que lhe oferecia benefício e odiava o que lhe incomodava. Jesus ama seus inimigos e abre mão de Si mesmo por eles. Jonas se via como mais digno. Jesus é digno, mas se fez como nós. Jonas se achava mais justo do que Deus. Jesus é Deus! Jonas desobedece à comissão dada por Deus. Jesus faz a vontade do Pai perfeitamente.
O sinal de Jonas não era apenas sobre três dias no ventre do peixe, mas apontava para a morte e ressurreição de Jesus. Enquanto Jonas foi lançado ao mar contra sua vontade, Jesus se entregou voluntariamente à morte. A tempestade que deveria cair sobre nós caiu sobre Ele.
Nunca houve alguém como Jesus, que abriu mão de tanto para repreender ao pecador e para avisá-lo sobre a justiça e misericórdia de Deus!
“pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus;
antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo,
tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana,
a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz.”
(Filipenses 2.6–8)
Para reflexão:
Em que áreas da sua vida você se vê como mais digno da graça de Deus do que outros? Há pessoas ou grupos que você secretamente espera que não recebam a misericórdia de Deus?
Como você reage quando Deus abençoa pessoas que você considera "menos merecedoras"? Isso revela algo sobre o que você realmente acredita sobre a graça?
Se a graça de Deus não tem a ver com mérito ou dignidade, por que é tão difícil aceitar que Deus seja gracioso com pessoas que consideramos piores que nós?
Editorial de Timoteo Monteiro

¹ O livro de Jonas cita duas vezes a ideia de Deus “se arrependendo” (3.10 e 4.2). Deus não se arrepende como um pecador quebrantado por seu pecado, pois Ele é santo e imutável (Tiago 1.17). Porém, Deus se revela a nós de forma que consigamos entender. Sendo assim, apesar de já saber cada detalhe sobre o que aconteceria com os Ninivitas, Deus nos ensina sobre Seu caráter mostrando como, ou seja, mediante o arrependimento deles, Deus mostra Seu perdão, em contraste com a punição anteriormente determinada.
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