(Continuação do post da semana anterior que pode ser acessado clicando aqui)
3. As genealogias apontam para Cristo
O último ponto, e a meu ver mais importante, é que as Escrituras dão testemunho de Cristo (João 5.39). Até a Lei? Sim. Até as histórias do povo de Israel? Sim. Até as genealogias?! O fato é que Cristo disse que todas as Escrituras falam dele, logo, sim, tudo na Bíblia aponta para Ele. Porém, cada texto da Bíblia é escrito em um contexto, com um público alvo, com um objetivo, de forma que precisamos da teologia bíblica para entender como cada texto aponta para Cristo. Logo, um versículo isolado pode não apontar por si só para Cristo, mas se entendermos dentro da teologia bíblica ele é uma peça do que aponta para Cristo. Portanto, sim, as genealogias falam de Cristo.
Creio que o principal motivo das genealogias é relacionado a Gênesis 3.15, chamado de protoevangelho. Esse versículo chama a atenção para um descendente, uma promessa a ser cumprida. Cria-se uma expectativa de que em alguma genealogia essa primeira promessa do Messias se cumprirá. Inclusive, ao longo da Bíblia vemos algumas situações em que se suspeita que essa promessa não será cumprida, com a morte de Abel em Gênesis 4 ou a esterilidade de Sarai em Gênesis 11 e de Rebeca em Gênesis 25, por exemplo, mas as genealogias sempre aparecem lá para mostrar que o plano segue na soberania de Deus.
Em Gênesis, vemos que as genealogias vão enfatizando sempre o povo escolhido. Em Gênesis 5, é mostrada a descendência de Sete; Gênesis 11, a de Sem; Gênesis 25, Isaque; Gênesis 46, a de Jacó. Alguns indícios vão apontando que o próximo passo de interesse na genealogia é Judá (Gênesis 49, Números 1 e 26, Juízes) e depois Davi (2Samuel 7), sendo que isso tudo fica evidenciado em uma das genealogias mais longas: 1Crônicas 1-8. Certamente, observa-se uma intenção do texto em se preservarem os registros dos israelitas, porém, a pergunta é: isso aponta pra Cristo? O leitor da Bíblia provavelmente estava empolgado com as histórias de Davi, a sabedoria de Salomão e as intrigas dos períodos dos Reis, mas tudo termina com a destruição do Reino do Norte e o Exílio de Judá. Um leitor desatento provavelmente se esqueceria da promessa de Gênesis 3.15 que foi se afunilando, de Eva para Sete, de Sete para Sem, de Sem para Abraão, de Abraão para Isaque, de Isaque para Israel, de Israel para Judá de Judá para Davi, mas e agora? Caso o leitor não perceba, a genealogia de Crônicas nos mostra que devemos voltar a olhar para Judá e mais especificamente agora Davi e na genealogia dele esperar o Messias. De fato, mesmo com o exílio, vemos no começo de 1Crônicas que a linhagem real de Davi é registrada e vê-se a expectativa do Messias que viria de Davi.
Por fim chegamos à última das genealogias da Bíblia: a genealogia de Jesus (Mateus 1 e Lucas 3). É como se todas as genealogias apontassem para esta última. Agora é feito um grande resumo dos registros feitos até agora e Jesus nos é apresentado: Eis o vosso Rei! Finalmente a profecia de Gênesis 3.15; 9; 12; 49 e 2Samuel 7 e todas as feitas pelos profetas se cumprem. O Messias, Filho de Davi, o Leão de Judá, a Descendência de Abraão, Isaque e Jacó, a Semente da Mulher finalmente esmagará a cabeça da serpente.
Olhar para as genealogias é ver o plano misericordioso de Deus em ação e nos a leva à gratidão e ao êxtase por vermos quão grandioso é o nosso Deus. Não há esperança se não for por Ele.
Aleluia!
Editorial de Tássio Cavalcante

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