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Identidade em Cristo: Adotados por Deus

Este editorial dá sequência a nova série intitulada Identidade em Cristo, que busca responder quem somos para darmos o próximo passo na vida cristã. A doutrina da adoção é o tema que abordaremos hoje, provendo sua definição, suas bases teológicas, suas implicações e finalmente como a adoção nos ajuda a dar o próximo passo.


O que é a Adoção?


A doutrina da adoção é um dos conceitos da redenção que tem um correspondente na experiência humana. Muitos casais decidem adotar uma criança que nunca poderá pagar pelo amor, dedicação e investimento de seus pais. A definição bíblica da doutrina da adoção não é muito diferente do que acontece quando uma família adota alguém, porém diversas nuances diferenciam as duas, conforme veremos. Wayne Grudem define adoção como “o ato de Deus pelo qual Ele nos faz membros da Sua família.” ¹


Quais as suas bases teológicas?


Na semana passada vimos que Efésios 1.4 dá suporte à doutrina da eleição. O versículo subsequente ensina que um dos objetivos da eleição é a adoção através de Jesus Cristo: “nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade” (Efésios 1.5). Outra passagem significativa é 1 João 3.1a: “Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus; e, de fato, somos filhos de Deus”.


Antes de estarmos em Cristo, nós éramos órfãos espirituais debaixo da opressão do pecado e de Satanás “e éramos, por natureza, filhos da ira” (Efésios 2.3). Também éramos “filhos da desobediência” (Efésios 2.2; 5.6), e até mesmo filhos do Diabo (João 8.44). Porém, Deus interveio e legalmente nos declara Seus filhos e filhas para que possamos usufruir de todos os direitos e responsabilidades como membros de Sua família: “Pois todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus” (Gálatas 3.26; João 1.12).


Como a adoção impacta o nosso dia a dia?


O primeiro impacto da doutrina da adoção é garantir que experimentemos, em sua plenitude, um relacionamento íntimo com Deus por meio do Espírito Santo. Note a lógica do apóstolo Paulo em Gálatas 4.6, 7: “E, porque vós sois filhos, enviou Deus ao nosso coração o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai! De sorte que já não és escravo, porém filho; e, sendo filho, também herdeiro por Deus”. O termo Aramaico “Aba, Pai” ocorre também no Novo Testamento nos lábios de Jesus, ao derramar o seu coração diante do Pai no Getsêmani (Marcos 14.36). Tão íntima é a nossa união com o Deus do universo que o Espírito nos impele a clamar “Aba, Pai!” assim como o Filho Unigênito fez.


Em segundo lugar, podemos apontar a disciplina amorosa que recebemos do nosso Pai Celeste. O autor de Hebreus nos recorda de Provérbios: “Filho meu, não menosprezes a correção que vem do Senhor, nem desmaies quando por ele és reprovado; porque o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe” (Hebreus 12.5b, 6; Provérbios 3.11, 12). Quando nos desviamos da vontade de Deus e pecamos, Ele irá providencialmente nos disciplinar, a fim de nos alertar sobre as consequências do pecado e nos levar ao arrependimento (1 Coríntios 11.30; Hebreus 12.7, 8).


A doutrina da adoção também nos dá o privilégio de experimentarmos união com nossos irmãos e irmãs em Cristo. O apóstolo Paulo a descreve como “a unidade do Espírito no vínculo da paz” (Efésios 4.3). A igreja não é meramente um clube social ou político com interesses comuns. Pelo contrário, estamos profundamente unidos, não porque temos os mesmos interesses, mas por causa da adoção do Pai, baseada na obra do Filho, através do poder do Espírito. Não é à toa que a igreja primitiva se dirigia uns aos outros como irmãos e irmãs (Atos 1.15, 16; Romanos 12.1; Filipenses 4.1).


Como a adoção nos ajuda a dar o próximo passo?


A doutrina da adoção nos ajuda a dar o próximo passo, pois ela nos insere na família divina (igreja), com o recurso divino (Espírito Santo) e a promessa divina (herança). Na família de Deus, somos chamados a buscar e preservar a unidade criada pelo Espírito Santo. Um motivador dessa busca é o relacionamento íntimo com o Pai que experimentamos por conta da adoção. A promessa da herança que possuímos como filhos também nos encoraja a perseverar até o fim como o nosso Salvador Jesus e irmão mais velho (Romanos 8.29; Hebreus 2.17, 18).


Por fim, o fato de Deus ter nos adotado nos move a imitá-lO: “Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados” (Efésios 5.1). Como filhos de Deus, devemos ser santos como Ele é santo (1 Pedro 1.14–16), e viver vidas que apontam para o nosso Deus incomparável (1 Pedro 1.17; Filipenses 2.15).


O seguinte hino escrito por Caroline V. Sandell Berg em 1855 retrata uma faceta deste diamante que é a doutrina da adoção. Louvado seja o nosso Deus Pai por nos adotar como Seus filhos por meio da fé em Jesus Cristo!


“Deus é nosso Pai celeste,

Somos sempre bem guardados;

Nem às aves e às estrelas;

Ele mostra tais cuidados.


Deus, com zelo, com ternura,

Seus filhinhos alimenta;

Do pecado Ele os livra

E em Seus braços os sustenta.


Na tristeza ou na bonança,

Nunca os filhos Deus olvida;

Seu desejo é guardá-los

Puros, santos para a vida.”


Editorial de Leonardo Cordeiro


¹ Wayne A. Grudem, Teologia Sistemática: Uma Introdução à Doutrina Bíblica (Leicester, Inglaterra; Grand Rapids, MI: Inter-Varsity Press; Zondervan Pub. House, 2004).



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