Em muitos momentos de minha vida eu tive medo. Certamente você também. Esta emoção é real na vida de todos nós. Lembro dos medos de criança: ficar sozinho, medo do “Jason” do filme Sexta-Feira 13, de apanhar dos garotos mais velhos na escola, entre outros. Na vida adulta os medos da infância ficam para trás, mas novos medos surgem: medo de não ter dinheiro para as contas, desemprego, morte, solidão, sofrimento e muito mais. A lista é grande a depender de cada pessoa. Mas, por que estamos a todo tempo carregando medo internamente? Por que muitas vezes pautamos nossas vidas baseados em nossos medos? Por que muitas vezes somos freados e paralisados pelo medo? Quero tratar neste texto como a Palavra de Deus pode te ajudar a entender o medo e como lidar com ele da maneira correta. E, assim, cresceremos diante de Deus, com as ferramentas que Ele nos dá para uma vida espiritual saudável apesar dos medos.
Medo — o início
A primeira citação sobre o medo na Bíblia aparece em Gênesis 3.10 após a queda do homem, onde diz: “...porque estava nu, tive medo, e me escondi”. E este contexto vem carregado de problemas. Em primeira perspectiva o homem começou a fugir de Deus. Quando Ele os chama, ambos fogem e se escondem. Aquele belo relacionamento com Deus estava quebrado. Em segundo lugar, o relacionamento entre homem e mulher, marido e esposa, estava quebrado. O homem joga a culpa de tudo na mulher, e a mulher na serpente. A paz e harmonia haviam acabado. O pecado se tornou realidade trazendo consigo muitas coisas ruins, inclusive a realidade do medo que nós experimentamos.
Uma emoção real
O medo é uma emoção universal, presente na vida de todos em algum momento. Situações difíceis e assustadoras podem marcar profundamente nossas vidas, como no caso de minha filha, que desenvolveu um medo de cães após uma experiência bem ruim quando foi perseguida por um vira-lata. Sua reação de buscar segurança ao segurar a mão dos pais é uma resposta natural ao medo, procurando proteção e conforto. Esse tipo de medo é uma resposta instintiva a uma ameaça percebida e constitui uma forma de preservação.
O medo, em sua essência, é uma emoção destinada a nos proteger de perigos. Trata-se de um mecanismo de defesa que nos alerta sobre possíveis ameaças e nos prepara para reagir, seja lutando, fugindo ou congelando. No caso de minha filha, o medo de cães é uma reação direta a uma experiência ruim, onde o corpo e a mente dela reconhecem o animal como uma ameaça, mesmo que o perigo não seja imediato.
Consequências negativas do medo
Apesar de ser uma resposta natural, o medo pode ter consequências negativas quando se torna paralisante ou sufocante. Algumas pessoas podem desenvolver fobias, que são medos irracionais e excessivos de objetos ou situações específicas. Um exemplo é a aracnofobia, onde a simples visão de uma aranha pode provocar pânico extremo. Esses medos podem limitar a vida cotidiana e impedir que a pessoa desfrute de atividades triviais.
A ansiedade é outra manifestação do medo, onde a preocupação com eventos futuros, possíveis ou não, domina os pensamentos. Este tipo de medo não está ligado a um perigo imediato, mas à incerteza do que pode acontecer. A perda de controle sobre situações também pode levar à ansiedade, como quando alguém se sente impotente diante de um problema, resultando em medo e preocupação excessiva.
Perspectiva bíblica sobre o medo
Na ótica bíblica, o medo é reconhecido como uma emoção humana legítima, mas Deus nos convida a não sermos dominados por ele. A Bíblia está repleta de encorajamentos para não temer. Isaías 41.10 e Mateus 10.31 são exemplos claros de como Deus nos assegura Sua presença e cuidado, mesmo diante das incertezas.
A Bíblia distingue diferentes tipos de medo. O primeiro é o medo natural ou instintivo, que é uma resposta à ameaça física ou emocional. Este tipo de medo não é em si pecaminoso, pois faz parte da nossa natureza humana. Um exemplo é o medo que Davi sentiu ao fugir de Saul (1 Samuel 21.12).
O segundo tipo é o medo reverente, conhecido como temor do Senhor. Este não é um medo paralisante, mas uma atitude de respeito e reverência a quem Deus é. O temor do Senhor é considerado o princípio da sabedoria (Provérbios 9.10), leva à obediência e para longe de caminhos ruins. Este tipo de medo é positivo e desejável, pois nos aproxima de Deus e nos guia em caminhos bons.
Vencendo nossos medos
A base da luta contra nossos medos está no temor do Senhor. O Salmo 56.11 nos diz: “nesse Deus eu confio, e não temerei. Que poderá fazer-me o homem?”. O salmista declara sua estrita confiança em Deus a ponto de que o mal que alguém possa lhe fazer não é relevante, pois Deus cuida dele. O texto de 1 João 4.18 põe clareza à nossa fé de que Deus nos aperfeiçoa com base em Seu amor, pois onde o amor está não há lugar para o medo. Este versículo nos encoraja a nos basearmos no amor perfeito de Jesus para vencer os medos que enfrentamos e a experimentarmos a paz e a segurança que vêm da confiança em Seu amor por nós, demonstrado na cruz.
Para reflexão:
Como eu reajo normalmente quando estou com medo?
Como o medo tem impactado minha vida espiritual e emocional?
Na jornada de fé, como o medo e o temor do Senhor se entrelaçam?
Como o entendimento do caráter de Deus influencia o meu temor diante dEle?
Como posso compartilhar minhas experiências com o medo e o temor do Senhor com outras pessoas, inspirando-as a buscar liberdade em Cristo?
Que passos concretos posso tomar hoje para fortalecer o temor do Senhor em minha vida e vencer o medo pecaminoso?
Como a comunidade da fé tem sido um bálsamo na minha luta contra o medo? Como tem sido esta ajuda?
Editorial de William Rubial
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