Infertilidade
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Quando os planos de Deus são diferentes dos nossos
Hoje trataremos um dos grandes desafios que Deus planejou para a vida de alguns de nós: a infertilidade. Um tema pouco abordado, mas muito presente em nossas igrejas e círculos de amizade. A infertilidade é definida segundo a OMS como a incapacidade de conceber um filho após um ano sem medidas contraceptivas¹. Ou seja, um casal pode viver essa realidade por uma vida inteira sem nunca chegar a ter um filho, ou pode viver anos de infertilidade e depois chegar a engravidar (p.ex.: Sara que foi descrita como infértil/estéril, mas que o Senhor lhe concedeu ter um filho — Gênesis 11.30; 21.1 e 2).
A infertilidade, muitas vezes, envolve: perdas, luto de gestações que não avançaram, dores causadas por condições físicas (como trombofilia, ovário policístico, endometriose…), tratamentos, e outras complicações. Enfim, é uma gama de situações que muitas vezes, estamos alheios ou desconhecemos. Além da parte física, ainda existe a parte emocional que é extremamente afetada. Podemos dizer que a infertilidade é sentir saudade de alguém que nunca existiu. É dúvida que se perdura muitas vezes sem “respostas” claras. É ver amigos engravidando, enquanto há uma espera inacabada. É lidar, a cada novo ciclo, com o equilíbrio entre ter fé que é possível, sim, “estarem grávidos”, mas, ao mesmo tempo, serem sóbrios em suas expectativas, sabendo ser possível mais um resultado negativo. Por tudo isso, identificamos como é essencial estarmos mais preparados — não só para enfrentar essa jornada, mas para acolher e caminhar com essas irmãs e famílias que estão passando por ela.
No livro Aconselhando uns aos outros², Edward T Welch faz um paralelo do nosso sofrimento com o sofrimento do povo de Israel no deserto a caminho da Terra Prometida. Esse paralelo tem muito a contribuir com a luta da infertilidade. Quando o povo de Israel passou 40 anos no deserto, muitas coisas vieram à tona sobre suas verdadeiras crenças, o quanto eles precisariam depender mais do Senhor e o quanto a fé deles teria que ser depurada no processo de espera até a chegada em Canaã. O mesmo acontece no coração de uma mulher infértil. Edward descreve que o deserto é um lugar de privação e impotência. Essa frase resume bem o sentimento de uma família que passa pela infertilidade — esse é o seu deserto.
Pensando nisso, seguem alguns aprendizados dessa desafiante jornada:
O Senhor Não Te Ama Menos Por Não Ter Te Dado Filhos
Tudo o que recebemos é do Senhor e para o Senhor. Não por algo que somos, temos ou fazemos (próprio mérito), mas para os propósitos dEle (Romanos 2.11). Ou seja, Ele não te ama menos por não ter te dado filhos; Ele tem planos diferentes dos seus neste momento. E os planos de Deus envolvem a Sua glória. O que significa que Deus te colocará em situações em que Ele será mais glorificado. O Senhor não amava menos o povo de Israel por deixá-lo 40 anos no deserto. Pelo contrário, Ele o amava tanto que planejou aquele tempo para que se cumprisse os propósitos soberanos dEle naquele povo. Nossas vidas não estão sem controle, Cristo cuidadosamente as administra para nosso benefício (Efésios 1.22 e 23).
Seu Sofrimento Tem Propósito — Não É Em Vão!
“Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam,
dos que foram chamados de acordo com o seu propósito.
Pois aqueles que de antemão conheceu,
também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho,
a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos.”
(Romanos 8.28 e 29)
Deus está agindo e está presente no seu sofrimento. Ele está cuidando de você e usando tudo que você está vivendo, cada lágrima, cada choro em noites de insônia e tristeza para forjar em você um caráter conforme à imagem do seu Filho. Não é em vão! Você está aprendendo mais sobre Ele e partilhando do sofrimento de Cristo. Use essa oportunidade para se munir da palavra de Deus. Encha-se dEle. Deus quer usar sua vida e suas lutas para que você seja uma ferramenta nas mãos dEle dentro da sua igreja e no meio do corpo de Cristo, o que nos leva ao próximo ponto:
Você Foi Feito Para a Glória dEle. Por Isso, Viva Uma Vida Frutífera!
Viva sua vida em torno de Deus e dos planos que Ele tem para você! (Isaías 43.7) Entregue seus sonhos aos pés dEle, descansando que Ele fará o melhor. Ofereça-se como oferta viva, pronta para viver os planos do Senhor. Lembre-se e creia que o que Ele planeja para você é muito melhor do que os seus próprios sonhos (Efésios 3.20).
Aprenda a Lamentar!
O lamento é um convite para não silenciar diante da dor. Deus nos chama a continuar falando com Ele, mesmo entre lágrimas, para que a dor não se transforme em um poço sem saída, mas um caminho para entender esse mundo quebrado pelo pecado através de Suas lentes bondosas. Use os Salmos como ferramenta para vocalizar o que nem mesmo você está conseguindo dizer (Salmo 130).³
E, para você que caminha ao lado de alguém que está passando por esse deserto, aqui vão duas sugestões:
Esteja atenta a oportunidades de cuidado. Isso pode ser expresso por meio de um ombro amigo, ao ouvir, estar presente ou, simplesmente, convidar para um café (Gálatas 6.2).
Seja um ponto de apoio usando a Palavra de Deus como ferramenta de conforto e ensino ao coração. A Bíblia é tão rica e preciosa — como diz em Romanos 15.4. Use-a! Aconselhe, cuidando para não dar conselhos próprios ou esperanças vazias, do tipo, “vocês ainda são novos, Deus vai mandar filhos…”. Atenha-se à Palavra — ela é suficiente e cura a alma.
Essa é só uma das muitas lutas silenciosas que enfrentamos dentro de nossas igrejas e relacionamentos. Por isso, esteja atenta para como o Senhor quer te usar na vida dos que te rodeiam e passam por lutas e dificuldades em suas caminhadas cristãs!
Deus te abençoe. Seja luz por onde passar!
Editorial de Gabi Chaves

¹Definição baseada na OMS - clinicafecunbda.com.br
²Aconselhando uns aos outros: Oito maneiras de cultivar relacionamentos saudáveis dentro da igreja, Edward T. Welch, Editora: Fiel, Edição: 2019.
³TGC Podcast - Discover the grace of lament
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