top of page

Mídias Sociais

É provável que ao ler o título “Mídias Sociais” você tenha se lembrado de várias vezes que já ouviu/leu sobre o assunto. Também é provável que você pense que o principal problema nesse assunto é como gastamos muito tempo com coisas inúteis ao invés de investi-lo em um relacionamento com Deus. Porém, mais do que “apenas” um desperdício de tempo, o conteúdo das mídias sociais pode alimentar em nossos corações uma série de desejos contrários aos que Deus espera ver em nós. Nossos corações são enganosos (Jeremias 17.9) e produzem uma diversidade de maus intentos que podem passar despercebidos (Mateus 15.19). Por isso, quero propor uma reflexão sobre pecados que alimentamos por meio de nossas ações e reações nas mídias sociais.


1. Alimentando o descontentamento


Nossos sentimentos em relação a coisas ou pessoas não surgem do nada. Vamos nutrindo certas vontades por meio do que vemos, escutamos, lemos e meditamos, e as mídias sociais são ambientes cheios de coisas para vermos, escutarmos, lermos e meditarmos (1 João 2.16). Quando ficamos horas olhando as mais maravilhosas casas que existem, isso não é neutro. Quando ficamos horas vendo as rotinas de outras pessoas, isso não é neutro. Tudo isso pode alimentar um descontentamento com a nossa própria realidade, conduzindo então a reações ruins, como murmuração, cobiça, inveja, entre outras. Dessa forma, o desafio aqui é avaliar como aquilo a que estamos dedicando tempo nas redes sociais está afetando o nosso contentamento em Deus e com os outros (Filipenses 4.4).


2. Alimentando o orgulho


Como uma forma de círculo vicioso, após alimentarmos nosso descontentamento tendemos a querer ter a vida que as mídias sociais nos apresentam, não é mesmo? Pois o principal não é necessariamente ter uma vida boa, mas ter a capacidade de apresentar uma vida boa, mesmo que não seja a realidade. Nosso orgulho é alimentado por cada postagem que nos valoriza, seja por aparentar que temos recursos e proeminência social ou por aparentar que temos um bom caráter e humildade. Dessa forma, o desafio aqui é avaliar como aquilo a que estamos dedicando tempo nas redes sociais está afetando a forma como nos enxergamos e a forma como queremos que os outros nos enxerguem (Filipenses 2.3, 4).


3. Alimentando a justiça própria


As mídias sociais viraram um dos principais palcos para a apresentação de problemas e discussão de ideias. Muitas vezes podemos considerar que esse seria um bom uso delas, pois estamos usando para aumentar nosso conhecimento. Porém, dificilmente as discussões nos deixam em um estado neutro. Naturalmente vamos escolher um lado e nos deixar consumir por elas: sejam elas sobre política, religião, ou pautas sociais. Nosso coração se ufana ao ver o que consideramos injustiças e absurdos e, novamente, isso não é neutro. Nosso foco está em alimentar nossos corações com os discursos das mídias sociais e alimentar as mídias sociais com os discursos do nosso coração (que muitas vezes não está alinhado em conteúdo, teor ou tom com a Palavra de Deus). Dessa forma, o desafio aqui é avaliar como aquilo a que estamos dedicando tempo nas redes sociais está afetando a nossa visão de justiça e maneiras de alcançá-la (1 Pedro 2.23).


4. Alimentar a falta de domínio próprio


Até o momento falamos de pecados mais internos, muito relacionados com motivações e intenções. No entanto, as mídias sociais estão repletas de armadilhas para nos tentar em nossas fraquezas que se manifestam de forma externa. Ao invés de nos alimentarmos do Espírito para construir o domínio próprio, estamos nos expondo a cair em diversas tentações. Ver fotos de pessoas fisicamente atraentes podem despertar pensamentos impuros. Perseguir amigos ou pessoas de interesse para ver o que estão fazendo pode despertar explosões de ciúmes. Ver fotos de comidas, receitas deslumbrantes podem te direcionar a comer mais do que precisa/deve. Dessa forma, o desafio aqui é avaliar como aquilo a que estamos dedicando tempo nas redes sociais está nos tentando a pecar (1 Pedro 5.8, 9).


Vocês devem ter percebido que os problemas apresentados não são exclusivos das mídias sociais. Na “vida real” nós também vamos interagir com pessoas e, portanto, também vivenciaremos dificuldades nessas áreas. Porém, não podemos negar que o ambiente das redes sociais favorece esses problemas por conta do anonimato, da impessoalidade, do alcance e do volume de informações.


Assim, não devemos pensar que o acesso às redes sociais é um simples momento de descontração do dia, mas sim que é mais uma situação em que devemos estar alertas às nossas intenções e motivações para cada ação e reação. Os mesmos princípios de relacionamentos da “vida real” devem ser aplicados aos relacionamentos “virtuais”. Portanto, eis o desafio de usar as mídias sociais para desenvolvermos relacionamentos que edificam pessoas (1 Tessalonicenses 5.11) e glorificam a Deus (1 Coríntios 10.31).


Editorial de Tássio Cavalcante


bottom of page