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Não julguem uns aos outros

Sobre a série: Uns aos outros.

Durante o ano de 2020, temos refletido de forma intencional sobre "ser e fazer discípulos". Visitamos passagens bíblicas que instruem sobre a vida do discípulo e a prática de fazer discípulos. Reconhecemos que precisamos entender o que é um discípulo e como discipular pessoas e acabamos por redescobrir a simplicidade de nossa fé e passos práticos para o discipulado ao alcance de todos. Dentro dos assuntos tratados, é importante identificarmos as características da comunidade dos discípulos de Jesus Cristo. Ao longo da história da Igreja Batista Maranata, chamamos essas características de "mutualidades". Durante esta série traremos reflexões sobre os mandamentos bíblicos de reciprocidade, marcados pelos mandamentos conhecidos como "uns aos outros". A vida do discípulo acontece numa comunidade marcada por práticas que testemunham do caráter de Deus e Sua obra de salvação que nos transforma para o testemunho do Evangelho.


Passos concretos para um julgador se tornar servo


Na nossa vida como cristãos, somos constantemente lembrados que não devemos julgar os outros. Apesar de muitas vezes esse lembrete vir de forma superficial ou errônea (inclusive de pessoas que nem mesmo são cristãs), o fato é que sabemos que a Bíblia nos dá essa instrução (Mateus 7.1) e ainda assim falhamos em obedecer. De fato, se você está há algum tempo na caminhada cristã, já deve ter percebido que a obediência aos Mandamentos não é algo que simplesmente aparece do dia para a noite. Com efeito, o caminho para a verdadeira obediência sempre começa com o aprender da Palavra, repreender e corrigir seus pensamentos para ter seus desejos reorientados para a vontade de Deus e, assim, dar bons frutos — ou seja, as obras externas provêm de uma realidade interna, de um coração transformado. Por um lado, temos a segurança de que Deus efetua em nós o querer e o realizar (Filipenses 2.13). Por outro, também temos a orientação de que as Escrituras nos equipa para vivermos vidas perfeitas (2 Timóteo 3.16, 17). Dessa forma, além de querer ajudá-lo a confiar na graça diária de Deus para vencer esse pecado, gostaria de ajudá-lo a ver na Palavra de Deus alguns passos que podemos dar para repreender e corrigir nossa postura:


1. Correção da nossa visão sobre o nosso pecado

O primeiro passo que podemos dar é constantemente corrigir nossa visão sobre o nosso pecado. Tendemos a esquecer o tamanho do nosso pecado que foi perdoado na cruz e, por isso, não perdoamos aos outros (Mateus 18.21–35). Com isso, somos rápidos em julgar os outros, visto que a falta de perdão anda junto com o condenar e o julgar os outros (Lucas 6.37, 38). Precisamos tirar primeiro a viga do nosso olho para então podermos ajudar o outro com o cisco em seu olho (Mateus 7.1–5). Sem ver a dimensão do nosso pecado, não conseguimos ver o do outro de forma justa.


2. Correção dos padrões de avaliação do pecado

Precisamos corrigir os nossos padrões de avaliação. Certamente, após um tempo de convertido, você se acostuma com uma lista de coisas que você pode ou não fazer dependendo de seu contexto. Aliado a isso, você também produz sua própria lista individual de parâmetros aceitáveis (por exemplo: para seus filhos, para seu cônjuge, para seus amigos, entre outros). Apesar de sabermos teoricamente que não devemos seguir um padrão próprio, na prática, nós tendemos a fazer isso. Como fugir disso? Bem, o próprio Jesus disse que o julgamento correto segue aos padrões de Deus e não aos do homem, e isso só é possível por meio de uma vida próxima de Deus (João 8.15, 16). Em outras palavras, Jesus define que o padrão correto é aquele que procura agradar a Deus e não a si próprio (João 5.30), enquanto julgar mal significa buscar a glória para si mesmo e não para Deus (João 8.50). Portanto, o segundo passo consiste em abandonar qualquer tipo de exaltação pessoal ao interagir com outra pessoa e pensar na glória de Deus.


3. Correção da nossa visão sobre o nosso papel

Se estamos caminhando em desenvolver os dois passos anteriores, iremos perceber o que alguns escritores da Bíblia perceberam. Quando falamos mal dos outros estamos assumindo o papel de juízes, e esse não é o nosso papel (Tiago 4.11, 12). Não devemos ter uma visão superior de nós mesmos e sim considerar os outros superiores (Filipenses 2.3–7), pois “Deus se opõe aos orgulhosos e concede graça aos humildes” (Tiago 4.6). Por isso, devemos enfatizar o nosso papel como humildes servos de Deus, instrumentos que Ele usa na Sua obra. Ver os outros como superiores nos leva a avaliar os outros não para que nos exaltemos sobre eles, ou tampouco para que eles sejam exaltados sobre nós, mas para que possamos servi-los e assim Cristo seja exaltado.


4. Correção da nossa forma de nos relacionar com os outros

Por fim, vale ressaltar que ao mudar nossa visão dos outros damos espaço para que um relacionamento bíblico aconteça. Com quantas pessoas você não se relaciona devido a seus julgamentos sobre elas? Perceba que essa atitude é resultado de você se considerar superior aos outros (mesmo que o seu julgamento seja que a outra pessoa se considere superior a você). Aliás, muitas vezes nosso julgamento vem de não nos relacionar biblicamente com outras pessoas. Como não nos relacionamos com elas, não as conhecemos, e logo julgamos o que elas fazem. Assim, usamos o nosso julgamento baseado na falta de conhecimento para não nos relacionarmos com essas pessoas, gerando um ciclo vicioso. Nossos relacionamentos (ou a falta deles) precisam ser redimidos pelo Evangelho. E talvez o que você precisa para parar de julgar uma pessoa é buscar se relacionar com ela de forma bíblica.


Em conclusão, é fascinante ver o quanto a Bíblia mostra sobre passos práticos que podemos dar para abandonarmos o pecado do julgamento. Muitas vezes desanimamos de lutar contra o pecado porque ficamos apenas insistindo em vencê-lo na nossa “força de vontade” e não nos apropriamos das verdades que as Escrituras nos apresentam para corrigir nosso pecado, nem contamos com o poder da graça diária que está disponível para nós. Que esses passos possam servir de incentivo para buscarmos um caminho que glorifique a Deus.


Editorial de Tássio Cavalcante


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