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O Pastor do Salmo 23 – Parte II

Atualizado: 15 de fev.

Espero que você tenha sido desafiado e edificado com a primeira parte  do editorial “O Pastor do Salmo 23”. Caso não tenha lido a primeira parte, quero encorajá-lo a fazer, pois assim, fará sentido a progressão e a linha melódica que o Salmo confere.

 

Na primeira parte vimos aquilo que o Pastor faz por Davi e por nós, Suas ovelhas, a saber: Ele concede descanso, depois, Ele supre com alimento e Ele conduz às águas tranquilas, logo, porque o Senhor, meu Pastor, está comigo, nada me faltará!

           

Quarto aspecto: Ele nos proporciona vitalidade

 

“refrigera-me a alma”

 

Significa que Ele restaura a minha vida. O pastor nos proporciona descanso, bem como comida e água suficientes para que a nossa vida seja restaurada. A ideia é vivificar, dar nova vida. Observe que uma ovelha não pode fazer nenhuma dessas coisas sozinha. Nem mesmo Davi, nem nós podemos fazer nenhuma dessas coisas por nós mesmos. Mas o nosso Pastor proporciona descanso, comida, água e vitalidade para que possamos continuar a viver apesar das dificuldades.

 

No idioma hebraico, as palavras "refrigera-me a alma" podem significar "me leva ao arrependimento (ou conversão)”. Mas como a palavra traduzida “alma” é na verdade “vida” e como a metáfora aqui é a de pastorear, as palavras provavelmente significam “o Senhor me restaura à saúde (ou salvação) física”. Phillip Keller foi um pastor e autor que, durante oito anos, pastoreou ovelhas, com base nessa experiência, ele escreveu o livro Um Pastor Olha para o Salmo 23.¹ Nesta obra, ele explica o que acontece quando uma ovelha fica presa. Ou seja: Uma ovelha pesada, gorda ou de lã comprida deita-se confortavelmente em alguma pequena depressão ou buraco no solo. Ela pode rolar ligeiramente para o lado para se esticar ou relaxar. De repente, o centro de gravidade do corpo muda, de modo que ela se vira de costas o suficiente para que os pés não toquem mais no chão. Pode sentir uma sensação de pânico e começar a se mexer freneticamente. Frequentemente, isso só piora as coisas. Ela rola ainda mais. Agora é quase impossível que ela se recupere. Nesta posição, os gases se acumulam no corpo, interrompendo a circulação nas pernas, e muitas vezes leva apenas algumas horas até que a ovelha morra. O único que pode restaurar a saúde das ovelhas é o pastor.

  

Às vezes somos como ovelhas presas. Estamos espiritualmente desamparados, bastante indefesos, mas Jesus vem até nós quando estamos nesta condição, como fez com Pedro depois que este O negou, mesmo com juramentos e maldições (Mateus 26.72, 74), e Ele nos restaura. Jesus restaurou Pedro. Ele nos coloca de pé e continuamos.

 

Talvez você querido(a) leitor(a) esteja vivenciando algo nesse sentido. Necessitando de restauração e um recomeço em seu relacionamento pessoal com o Senhor. Volte-se em contrição, confesse seu pecado e abrace a graça incansável de Jesus.

 

Quinto aspecto: Ele conduz por caminhos certos

 

“Guia-me pelas veredas da justiça por amor do seu nome."

 

Ovelhas são criaturas que se afastam facilmente e por isso, se perdem. Elas possuem uma inclinação natural para se desviarem dos caminhos retos, de seguirem com perseverança o Bom Pastor que amorosamente conduz o rebanho para pastos verdejantes, águas tranquilas e áreas de descanso.

 

Quando se desviam, vagueiam por pastos estéreis e encontram água que não pode ser consumida. Note como o profeta Isaías coloca: “Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho” (Isaías 53.6).

 

Por isso a necessidade de dependermos do Bom Pastor tendo em vista nossa realidade de inclinações e fracassos. Precisamos de alguém que nos guie, nos conduza para os caminhos certos.

 

O Bom Pastor faz com bondade e graça, pois tem um nome e uma reputação a zelar. O nome do pastor é Yahweh, “Eu sou o que sou”, o Deus fiel que prometeu proteger Seu rebanho e suprir todas as suas necessidades. Por amor do Seu nome, pela Sua reputação, Ele deve conduzir o Seu rebanho pelos caminhos certos. É impensável que Ele escolhesse o caminho errado e se perdesse com as Suas ovelhas.

 

Sexto aspecto: Ele está pessoalmente conosco

 

“Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo.” 

 

Em Israel, os pastores muitas vezes tinham de conduzir o seu rebanho através de ravinas escuras. É aí que os perigos se escondem: predadores à espreita de uma boa refeição ou ladrões que procuram se aproveitar do momento e do ambiente. A boa notícia é que o nosso Pastor está conosco nestes vales sombrios.

 

Apesar de todo o terror do lugar, Davi não tem medo do desastre. Isto não é porque há holofotes no vale, mas porque “tu estás comigo”. Você percebe aqui como Davi está esnobando você? Não há necessidade de se sentir insultado. Mas observe como nos versículos 1–3 ele se referiu a Yahweh na terceira pessoa (ele… ele… ele…); mas aqui no versículo 4 ele usa a segunda pessoa (você). Os versículos 1–3 são falados a você, ouvinte/leitor(a), sobre o Pastor, mas no versículo 4 ele se afastou de você e fala ao Pastor. Esta nota mais íntima não ocorre no descanso e revigoramento dos versículos 2 e 3, mas na escuridão e angústia do versículo 4. É como se o problema no vale o aproximasse do Pastor e trouxesse uma intimidade mais profunda com Ele. Não descobrimos muitas vezes que é assim? Não é que Cristo esteja mais perto no vale, mas percebemos no vale quão perto Ele sempre esteve.²

 

Sétimo aspecto e não menos importante: Ele concede encorajamento

 

“o teu bordão e o teu cajado me consolam”

 

Os pastores carregavam um bordão para combater os predadores. Essa arma encorajava as ovelhas a atravessar vales escuros e perigosos. Com o seu bordão, o pastor as protegia. Os pastores também carregavam um cajado, para se sustentarem e para estimular e direcionar as ovelhas, quando necessário. O fato de o pastor carregar um cajado encorajava as ovelhas a continuarem a caminhar, mesmo através do vale mais escuro.

 

Então, o Senhor é o nosso Pastor. Ele nos proporciona descanso, comida, água e vitalidade; Ele nos conduz pelos caminhos certos, está conosco e nos encoraja. Isso é o que um bom pastor faz.

 

No Novo Testamento Jesus chamou a Si mesmo de “o bom pastor” (João 10.11, 14). Como um bom pastor, Jesus proporciona descanso ao Seu rebanho. Ele disse: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei” (Mateus 11.28). Jesus também alimentou Seu rebanho. Ele disse: “Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim, será salvo; entrará, e sairá, e achará pastagem” (João 10.9).

 

Durante sua vida na Terra, Jesus literalmente deu descanso e alimentou as pessoas (Marcos 6.30–44).

 

Jesus providenciou descanso para Suas ovelhas e bastante alimento. Ele também forneceu água para elas, mas muito mais do que “águas tranquilas”. Jesus forneceu às Suas ovelhas “água viva”. Ele disse à mulher samaritana que estava junto ao poço: “aquele, porém, que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der será nele uma fonte a jorrar para a vida eterna” (João 4.13 e 14). Jesus ofereceu “água viva” para que Seus seguidores recebessem a vida eterna.

 

Como é que Jesus pode ser um Pastor tão bom para nós como o Senhor foi para o Seu rebanho de Israel? Mateus explica o milagre que aconteceu quando Jesus assumiu a forma humana. Mateus escreve: “Ora, tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que fora dito pelo Senhor por intermédio do profeta: Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel (que quer dizer: Deus conosco)” (Mateus 1.22 e 23).


Assim como Deus como Pastor estava com Israel no passado, agora em Jesus, Deus está conosco. Deus em Jesus é o nosso Bom Pastor.³

 

Editorial do Pr. Fábio Moreira

¹ James Montgomery Boice, Psalms 1-41: An Expositional Commentary (Grand Rapids, MI: Baker Books, 2005), 209–210.

² Dale Ralph Davis, Slogging along in the paths of righteous: Psalms 13–24 (Scotland, UK: Christian Focus Publications, 2014), 168.

³ Sidney Greidanus, Preaching Christ from Psalms: Foundations for Expository Sermons in the Christian Year (Grand Rapids, MI: William B. Eerdmans Publishing Company, 2016), 359.

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