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Os Dez Mandamentos – Assassinos Profissionais

Em vários momentos nos quais se discute a respeito de uma situação ou um evento, as pessoas gostam de emitir opiniões e, em muitas ocasiões, acabam estabelecendo um comparativo entre atitudes e comportamentos. Nestas horas, é bem comum ouvirmos a seguinte frase: “pelo menos nunca roubei, nem matei ninguém...”. Essa expressão é utilizada como forma de atenuar possíveis erros e faltas de atitudes comumente esperadas. Contudo, sob o ponto de vista bíblico, seria algo realmente verdadeiro no qual poderíamos nos apoiar firmemente?


Inicialmente, é necessário esclarecer que na língua hebraica, na qual foram escritos os Dez Mandamentos, existem vários termos para expressar a ideia de morte em diversas situações, tais como: morte em geral, sacrificial, matança de animais, etc. Para o caso específico do sexto Mandamento, o verbo utilizado transmite a ideia de uma ação intencional. Assassinar seria o melhor verbo a ser utilizado para transmitir a essência da ordem de Deus mencionada neste Mandamento, que por sinal, é um dos mais sucintos de todo o decálogo: “Não assassinarás” (Êxodo 20.13 – adaptação do autor), e ponto final.


Para um hebreu que recebeu essa ordem estava claro qual era o objetivo deste Mandamento: proibia a extinção intencional da vida de alguém legalmente inocente, de forma injusta, premeditada, violenta, por meio de uma ação direta, por omissão ou até mesmo por imprudência.


Essa proibição tinha como alvo o ser humano por ter sido criado à imagem de Deus e ser o representante pelo qual Deus exerceria Sua soberania e governo sobre toda a criação. Sendo assim, o assassinato configurava uma grave afronta a Deus. Se o conceito fosse concluído nestes termos, muitos já seriam inescusáveis. Porém, ainda há uma percepção ainda mais completa.


No Novo Testamento, durante Seus ensinamentos no Sermão do Monte (Mateus 5–7), podemos observar Jesus ensinando a respeito do padrão de ética do Reino de Deus. Ele utilizou esse Mandamento e atribuiu uma aplicação ainda mais completa utilizando um comparativo que expandia os conceitos ensinados. “Ouvistes o que foi dito”, referindo-se a forma como os fariseus interpretavam as leis — ou adicionavam a elas — e “Eu, porém, vos digo”, para a nova perspectiva apresentada.


Jesus não somente apresentou os significados visíveis referentes ao homicídio “Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; e: Quem matar estará sujeito a julgamento” (Mateus 5.21), já claros e totalmente compreensíveis a qualquer ouvinte judeu, mas acrescentou a percepção de que era possível assassinar alguém com aspectos não visíveis — “apenas” com as motivações e os intentos muitas vezes secretos do coração. “Eu, porém, vos digo que todo aquele que se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento; e quem proferir um insulto a seu irmão estará sujeito a julgamento do tribunal; e quem lhe chamar: Tolo, estará sujeito ao inferno de fogo” (Mateus 5.22 – ênfase do autor).


Com essa ampliação do conceito de assassinato, Jesus destaca os aspectos não visíveis e coloca ênfase na origem de toda transgressão — os desejos que procedem do coração. Nesta ocasião, Jesus menciona a ira e a palavra utilizada de forma inadequada.


Na passagem relatada por Mateus, Jesus ainda alerta para a necessidade de estarmos continuamente buscando o perdão de Deus e dos envolvidos para que não existam empecilhos para nossa adoração a Deus: “Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta” (Mateus 5.23 e 24).


Jesus traz para nós, então, um novo padrão — um padrão muito superior. Ninguém escapa dessa descrição. Somos todos assassinos, e assassinos profissionais. Mas há esperança. O Senhor Jesus foi alvo de diversas tentativas de assassinato por parte dos líderes judeus: “Passadas estas coisas, Jesus andava pela Galileia, porque não desejava percorrer a Judeia, visto que os judeus procuravam matá-lo” (João 7.1 – ênfase do autor). Ele não merecia ser assassinado. Porém, o único justo, sem pecado, entregou voluntariamente Sua vida por assassinos como eu e você: “Por isso, o Pai me ama, porque eu dou a minha vida para a reassumir. Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou. Tenho autoridade para a entregar e também para reavê-la. Este mandato recebi de meu Pai” (João 10.17 e 18 – ênfase do autor). O único que nunca assassinou, foi assassinado por assassinos, para transformá-los em pessoas que amam o próximo, assim como Ele nos amou (1 João 4.19).


Portanto, a suposição mencionada no início de que somos inocentes quanto à violação deste Mandamento, não se sustenta diante da perspectiva revelada por Jesus. Temos que agradecer e reconhecer o sacrifício feito por Ele para que “assassinos profissionais” como nós pudessem ser resgatados de nossos pecados.


Editorial de Neemias X. P. Santos


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