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Os Dez Mandamentos – Ladrão Que Rouba Ladrão

Talvez um dos Mandamentos considerados um pouco mais brandos, se comparado a matar, por exemplo, “não furtarás” (Êxodo 20.15), pode não ser tão enfatizado pelo fato de muitas vezes não caracterizarmos uma série de atitudes corriqueiras em nossa sociedade como furto.


Alguns exemplos para considerarmos são: i) comprar algum produto “paralelo”, o qual não remunera os detentores dos direitos; ii) deixar de declarar alguma fonte de recursos para que não incida o imposto de renda; iii) usar a impressora do trabalho para impressões pessoais; iv) assistir uma série usando a conta de streaming de um amigo; v) enrolar no trabalho, em vez de fazer valer as horas pagas pelo seu empregador; vi) comer alguma coisa antes de pesar no restaurante por quilo; vii) trazer produtos do exterior na mala para revender sem pagar impostos; viii) usar uma fonte, sem citar (plágio); ix) acessar sem autorização canais de TV por assinatura (“gatonet”) e, x) assistir vários filmes com um ingresso de cinema. A lista está longe de ser exaustiva, mas acho que já deixa claro o suficiente para nós que este Mandamento é um dos mais infringidos em nosso dia a dia.


Ladrão que rouba ladrão...


“Mas o governo é tão corrupto, não pagar esse imposto não vai fazer nem diferença!”, “os artistas são milionários, ouvir suas músicas ou assistir seus filmes sem pagar não vai mudar isso”, “a empresa em que trabalho teve lucros recordes esse ano, não tem problema enrolar só um pouquinho hoje que estou cansado”. Frases como essas são frequentes em nossas mentes para justificarmos esses “pequenos” furtos, já que, muitas vezes, aqueles que estamos furtando, em nossa concepção também furtam em vários outros sentidos. Tanto governo, quanto empresas, quanto famosos, ou até nossos conhecidos, também são ladrões em algum sentido, o que nos ajuda a tornar esses furtos quase que legítimos. Entretanto, roubar de quem rouba, não muda em nada o oitavo Mandamento e tudo o que está por trás dele.


Roubar é coisa séria


“Ou não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus?

Não vos enganeis: nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros,

nem efeminados, nem sodomitas, nem ladrões,

nem avarentos, nem bêbados, nem maldizentes,

nem roubadores herdarão o reino de Deus.”

(1 Coríntios 6.9 e 10 – ênfase do autor)


Note as outras transgressões que são colocadas juntas com o furto. Não são coisas leves aos nossos olhos, muito menos aos de Deus. O roubo é muito sério, pois evidencia nossa falta de fé no Senhor, já que Ele, o detentor e provedor de todas as coisas, é quem distribuiu tudo conforme a Sua grande sabedoria.


“Ao Senhor pertence a terra e tudo o que nela se contém,

o mundo e os que nele habitam.”

(Salmo 24.1)


É Ele também quem institui todas as autoridades, as quais estabelecem as regras de propriedade, de direitos e deveres.


“Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores;

porque não há autoridade que não proceda de Deus;

e as autoridades que existem foram por ele instituídas.”

(Romanos 13.1)


Ou seja, qualquer um daqueles dez pequenos furtos que mencionei, até os grandes roubos que vemos nos noticiários, é uma clara afronta a esses princípios e, dessa forma, torna-nos indignos de herdar o Reino de Deus.


...cem anos de perdão


Ainda assim, há perdão! Apesar de o perdão para aquele que rouba não ser oriundo do fato de estar roubando outro ladrão (como queremos nos justificar), há sim graça para quem cai nesse pecado.


“Jesus lhe respondeu:

Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso.”

(Lucas 23.43)


Jesus deixou claro que o ladrão que estava ao seu lado na cruz foi perdoado. Esse perdão foi proveniente de uma fé genuína de que Jesus era inocente (sem pecado) e detentor de todas as coisas, e que o Seu Reino era muito maior do que o mundo visível (Lucas 23.42). Além disso, ele reconheceu a seriedade de seus atos como ladrão, os quais eram puníveis com a morte (Lucas 23.41).


Não furte, trabalhe!


O ladrão na cruz não teve tempo de mudar o seu procedimento, como teve, por exemplo, Zaqueu (Lucas 19.1–10), contudo, podemos nos despojar de qualquer tipo de furto e nos revestir de trabalho e generosidade:


“Aquele que furtava não furte mais; antes, trabalhe,

fazendo com as próprias mãos o que é bom,

para que tenha com que acudir ao necessitado.”

(Efésios 4.28)


Por mais que muitas vezes o trabalho não necessariamente recompense quem o faz com diligência (Eclesiastes 9.11), nossa recompensa não deve ser vista com o fim de nos trazer ganhos pessoais (dinheiro, status, etc.). O objetivo de nosso trabalho e de nossos recursos deve ser o de ajudar pessoas! Isso é uma verdade libertadora, que efetivamente remove as tentações do furto, já que ele, de forma totalmente oposta, gera danos a outras pessoas para favorecer a nós mesmos.


Dessa forma, quando qualquer tentação de roubar vier à tona, olhe para Jesus, Aquele que estava em meio a dois ladrões numa cruz após ter vivido de forma a fazer o que é bom e a acudir ao necessitado. Mesmo com a tentação proferida por um dos ladrões de roubar a glória de Deus e salvar-Se a Si mesmo (Lucas 23.39), Ele entendia que Deus era o provedor de todas as coisas e que, se era necessário que Ele estivesse ali — sem qualquer bem material, sem qualquer proteção — era porque o Pai tinha um plano, o qual não poderia ser frustrado e era, e é, o melhor para Ele e para cada um de nós!


Editorial de André Negrão Costa


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