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Os Dez Mandamentos - Respeitando a Hierarquia

Temos vivido dias com grandes distúrbios nas famílias, onde os papéis parecem trocados ou até mesmo não presentes. A base da família tem sido atacada, e uma das armadilhas mais comuns que temos encarado é em relação aos filhos e o respeito e honra aos seus pais.


Enquanto os primeiros quatro Mandamentos abordam principalmente nosso relacionamento vertical — nós e Deus, a partir do quinto Mandamento damos início a parte que se volta às relações humanas — nós e os outros, como um reflexo do nosso relacionamento com Deus.


O quinto Mandamento fala justamente sobre a família. A âncora para todos os nossos relacionamentos com as pessoas começa em nosso lar, com a honra que temos com os nossos pais.


“Honra a teu pai e a tua mãe,

para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá.” (Êxodo 20.12)


Como honrar pai e mãe?


Quando o quinto Mandamento diz: “honra teu pai e tua mãe...”, devemos entender como um chamado a tratar os nossos pais com dignidade, obediência, cuidado, amor e submissão. Isso é honrar. Não podemos nos esquecer que as Leis são a revelação do caráter de Deus e fornecem princípios éticos permanentes, e que definem o chamado cristão para responder à graça divina com amor a Deus e aos outros (Romanos 13.8).


“Mas e quando meus pais não são crentes? Eu não devo honrá-los?” A Bíblia não especifica que só devemos honrar nossos pais se eles forem crentes. A ordem do Mandamento é clara: “honra teu pai e tua mãe...”. Portanto, todos somos chamados a honrar nossos pais.¹ Assim como qualquer outra autoridade (Hebreus 13.7), a dos nossos pais foi colocada sobre nós por Deus, e devemos obedecê-los e nos submeter a eles.


E embora o papel do jovem, do adolescente e principalmente da criança seja mais claro quando pensamos em honrar pai e mãe, pois ainda estão morando com os seus pais, o filho adulto e/ou casado também deve honra aos pais. Talvez o que mude seja a forma de aplicação, mas o princípio permanece válido. Seja no cuidado financeiro, em ligações ou visitas semanais, ou alguma outra forma de demonstração de amor e cuidado, filhos são chamados a honrar seus pais.


Por outro lado, também é importante entender que honrar os pais não é igual a idolatrar os pais.


Não devemos transformar nossos pais em ídolos


“Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim;

e quem ama o filho ou a filha mais do que a mim não é digno de mim. E quem não toma a sua cruz, e não segue após mim, não é digno de mim.”

(Mateus 10.37, 38)


Como já vimos algumas semanas atrás, nosso coração é uma fábrica de ídolos, e isso se aplica também ao nosso relacionamento com os nossos pais. Não podemos amar mais os nossos pais do que ao próprio Senhor, e a honra que é pedida que prestemos a eles não é uma honra que os coloca no lugar do Senhor.


“Abandonar os ídolos implica também em abandonar a adoração equivocada. A adoração a Jeová envolve consagração e não apenas execução de sacrifícios vazios; ela visa reconhecer a santidade de Deus e não apenas receber favores. Abandonar os ídolos não é simplesmente adorar a Deus da forma como estávamos acostumados a adorar os ídolos (buscando prazer pessoal, tentando provar ser digno por meio de boas obras e sacrifícios, reagindo mal quando não conseguir o que se quer, se tornando um escravo do pecado etc.), mas sim adorá-lO da forma como Ele determina e desfrutando do prazer que é servi-lO.”²


E os pais?


Os pais têm um papel essencial, que é ensinar aos seus filhos através do exemplo. As crianças aprendem a honrar, respeitar, obedecer e se submeter a seus pais quando os veem honrando um ao outro, quando se sentem respeitados e amados por seus pais e quando observam a obediência deles a Deus. Este Mandamento não é dirigido apenas às crianças, mas a todos nós.


O maior exemplo


“Então uma voz dos céus disse:

Este é o meu Filho amado, em quem me agrado.”

(Mateus 3.17)


Ao olharmos para Cristo, temos o modelo supremo de obediência e amor aos pais. Em Sua vida aqui na terra, Jesus não só honrou seu Pai celestial como também aos Seus pais terrenos.


“Adiantando-se um pouco, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo:

Meu Pai, se possível, passa de mim este cálice! Todavia, não seja como eu quero,

e sim como tu queres […] Vigiai e orai, para que não entreis em tentação;

o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca.”

(Mateus 26.39, 41 – ênfase do autor)


Em Sua condição de servo, Cristo foi obediente ao Pai cumprindo a Sua missão. Como o apóstolo Paulo diz: “a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz” (Filipenses 2.8). Cristo nos ensina submissão, pois Ele foi submisso à vontade do Pai.


“Vendo Jesus sua mãe e junto a ela o discípulo amado, disse:

Mulher, eis aí teu filho. Depois disse ao discípulo: Eis aí tua mãe.

Dessa hora em diante, o discípulo a tomou para casa.”

(João 19.26, 27)


Mesmo em meio à morte na cruz, Jesus cumpre o Seu dever como filho de Maria, mais uma vez em um grande exemplo de obediência à Letra e ao Espírito do quinto Mandamento. Enquanto experimentava a pior das dores, Jesus nos ensina a honrarmos nossos pais e a pensarmos no próximo.


Busquemos, assim como Cristo, honrar os nossos pais, obedecendo, cuidando, amando e se fazendo presente em suas vidas. Que em meio a dias corridos, busquemos parar e dedicar tempo àqueles que dedicaram, e dedicam, muitas coisas ao nos ensinar.


Editorial de Natalício Queiroz

¹ A não ser que eles nos peçam para pecar. Nesse caso, temos permissão bíblica para desobedecê-los. Nossa submissão primária é a Deus, e depois aos nossos pais.

² CAVALCANTE, Tássio. Os Dez Mandamentos – Desmontando a Fábrica de Ídolos. Igreja Batista Maranata, 2023.

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