O que é o homem?
“Porque onde está o teu tesouro, aí também estará o seu coração.”
(Mateus 6.21)
Um grande problema dos cristãos atuais, em geral, é o entendimento equivocado de como o ser humano é definido na Bíblia. Somado a uma compreensão errada do que é o homem, temos sido influenciados por diversos pensadores, entre eles Descartes, que ficou famoso por seu axioma: “Penso, logo existo”. Além, é claro, de toda a ênfase dos céticos na ciência e naturalismo, que idolatram o pensamento, a lógica e o intelecto do homem como características que o distingue dos demais seres criados. Os cristãos, infelizmente, têm seguido esta definição e não têm olhado para a Palavra de Deus para definir o homem.
Porém, há muitos anos, um dos pais da igreja no século IV, Agostinho, proferiu um axioma bem diferente de Descartes e que condiz com a Palavra de Deus: “Fizeste-nos, Senhor, para ti, e o nosso coração anda inquieto enquanto não descansar em ti”. Da ideia de Agostinho, tiramos conceitos fundamentais de quem somos e como funcionamos.
Você é aquilo que ama
O homem é muito mais um ser amante do que um ser pensante. A essência deste pensamento está na forma de como a Bíblia fala do coração, deixando claro a maneira como o homem é impulsionado e dirigido por ele.
Biblicamente, o coração humano age como uma bússola e um localizador, em alguns momentos apontando para nosso maior amor e dirigindo nossas ações, emoções e vontade naquela direção. Em outros momentos, o coração trabalha recalibrando para algum norte adotado, definindo alguma visão da “boa vida”.
Veja como Jesus deixa claro no texto de Mateus 6.21 que o nosso coração estará onde nosso tesouro estiver. Ou seja, nossa vida vai seguir aquilo que mais amamos, o nosso tesouro.
O amor é como um hábito
Se todos os dias nossa vida é impulsionada para a direção do nosso maior amor e tesouro, podemos dizer que o amor é como um hábito. Nosso coração é calibrado por meio da imitação de exemplos e quando imerso em práticas, ajustam nosso coração para um fim determinado.
Aprendemos a amar, portanto, não primariamente ao adquirirmos informações sobre o que devemos amar, mas por meio de práticas de modelagem de como amamos. Esses tipos de práticas são as “pedagogias” do desejo, não por serem como palestras informativas, mas por serem rituais que formam e direcionam nossas afeições.
O alerta para nós é se somos o que nós amamos e nosso coração é uma bússola e localizador, precisamos regularmente calibrar nosso coração, ajustando-o para que esteja apontado para o Criador.
Recalibrando o nosso coração
Se queremos recalibrar nossos corações, precisamos estar imersos em liturgias santas. Liturgias são práticas que moldam ou remoldam nosso coração. Essas liturgias santas, quando praticadas fielmente, remodelam nosso coração para apontar para o nosso Criador e Redentor Jesus Cristo.
Liturgias culturais, porém, podem nos levar a, mesmo que inconscientemente, harmonizar nosso coração com os cânticos da Babilônia, e não com os cânticos de Sião (Salmo 137).
A liturgia santa mais eficaz que remodela nossos corações é o culto cristão. Temos alguns ingredientes essenciais neste ajuntamento que já tem perdurado 2 milênios. Esses ingredientes têm o poder de recalibrar o nosso coração: Batismo; Ceia; Oração; Louvor; Pregação da Palavra; Comunhão e o Anúncio da Palavra.
Conclusão
Precisamos adotar esta visão mais holística (completa) acerca do homem que é apresentada na Palavra de Deus. Assim, iremos nos apropriar do poder formador dos nossos hábitos diários. Se somos o que amamos, como Jesus mesmo afirma, tudo o que fazemos faz algo em nós. Sejamos, então, diligentes e fiéis nos meios de graça que Deus prometeu abençoar e usar para reformar nossos corações para temermos e amarmos o nosso Senhor!
Editorial de Leonardo Cordeiro
* Alguns trechos foram extraídos do livro “Você é aquilo que ama” de James K. Smith.
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