top of page

"Vítimas" do nosso próprio pensamento

Atualizado: 12 de set. de 2018

Hoje em dia não é raro ouvirmos frases como “Como isso pode acontecer comigo?”, ou “Eu só fiz isso porque fulano agiu de forma errada comigo.” Vivemos em uma sociedade vitimizada, onde assumir responsabilidades é cada vez mais raro e o individualismo é cada vez mais palpável. Inclusive, deixamos de desenvolver amizades por medo de sermos machucados, e as amizades que temos muitas vezes são superficiais.


Pessoas falham conosco, não temos como negar isso. Mas o que fazemos com essas ofensas é nossa responsabilidade. Não estou dizendo que Deus não age compassivamente quando pessoas fazem o mal contra nós, porque Ele age sim. Também não estou dizendo que Ele não irá responsabilizar os ofensores, porque Ele irá. O que precisamos entender é que a nossa reação pecaminosa é tão grave quanto o pecado do ofensor, que uma cultura de vitimização nos impede de crescer e de cumprir nosso papel como indivíduos e como corpo de Cristo, e que não somos nós os responsáveis por executar a justiça de forma última, mas Deus é (Lucas 18.7).


Isso quer dizer que Deus usa as falhas dos outros para forjar em nós o caráter de Cristo? Sim. Isso significa que devemos comunicar de forma sincera e amorosa áreas deficientes em nossos irmãos? Sim. Isso significa que devemos estar dispostos a ouvir e ser gratos quando outros fazem o mesmo conosco? Claro! Isso é difícil para pessoas orgulhosas como nós? Muito, mas nossa salvação se desenvolve num contexto coletivo e precisamos aprender a viver nesse ambiente que Deus nos colocou.


Deus é soberano e nada foge ao Seu controle

Somente Deus tem a capacidade de fazer o bem sempre, e Ele sempre faz o melhor para nós (Romanos 8.28). Por isso, não devemos ter a visão de que algo não deveria acontecer conosco. Ele nunca nos prometeu uma vida fácil, mas prometeu que sempre estaria conosco (Deuteronômio 31.6‑8). Por vezes, nós não conseguimos enxergar isso claramente, mas podemos ter a certeza de que a vontade de Deus sempre prevalecerá (Isaías 55.8‑11). Isso significa que Deus pode e irá usar outras pessoas, com suas qualidades e defeitos, no nosso processo de santificação.


Nada do que alguém nos faça será pior ou maior do que o nosso pecado contra Deus

Quando alguém nos ofende, nosso primeiro pensamento deve ser como nosso pecado ofende a Deus, que é Santo, e como Ele responde em amor. Simplesmente pensar nisso irá tirar o foco de nós mesmos, e as ofensas recebidas já não terão o mesmo peso que antes. Essa sempre é a nossa dificuldade, tirar o foco de nós mesmos. Somos muito orgulhosos, e temos a tendência de pensar que somos o centro de tudo o que acontece ao nosso redor. Nós não somos. Deus é. E quando conseguimos pensar assim, as circunstâncias começam a entrar na perspectiva correta.


Nós somos responsáveis pelas nossas atitudes

O termo vítima permite que a pessoa ignore a sua responsabilidade pelo que aconteceu ou pela sua reação após o ocorrido. Nós não percebemos que remover nossa responsabilidade não resolve nosso problema, muito pelo contrário. Nós jamais teremos qualquer controle sobre as circunstâncias ao nosso redor, portanto, nossa única esfera de ação somos nós mesmos, e temos deixado isso de lado. A Bíblia ensina claramente que somos responsáveis pelos nossos próprios pecados (Romanos 14.12).


Nossa cultura vitimizada incentiva a fofoca

Porque sabemos que muitas pessoas não gostam de ouvir sobre áreas em que precisam crescer, nós não as procuramos. Mas também não ficamos calados. Procuramos outras pessoas para falar sobre aquilo, gerando fofoca e causando divisão.


Nossa cultura vitimizada nos impede de crescer e de edificar nossos irmãos

Quando nos “vitimizamos”, desenvolvemos autocomiseração, justiça própria e atitudes sem esperança. A vitimização nos impede de crescer. Deixamos de assumir a responsabilidade pelos nossos atos, e, se não somos responsáveis, não precisamos mudar. Precisamos nos treinar para ouvir o que as pessoas têm enxergado em nós, deixando de lado o nosso orgulho.


A vitimização também nos impede de edificar os nossos irmãos. Por medo da possível reação dos outros, nós não falamos o que temos enxergado. Precisamos entender que somos responsáveis pelos nossos irmãos em Cristo, e que pecamos contra eles quando não mostramos a eles atitudes erradas e áreas deficientes que eles têm demonstrado.


Cristo é o nosso exemplo e Salvador

Cristo foi o único que realmente sofreu injustamente, e ainda assim, respondeu em amor. Ele se entregou pelos nossos pecados, para que através dEle pudéssemos ter vida.

“Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca. Todavia, ao SENHOR agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando der ele a sua alma como oferta pelo pecado, verá a sua posteridade e prolongará os seus dias; e a vontade do SENHOR prosperará nas suas mãos. Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito; o meu Servo, o Justo, com o seu conhecimento, justificará a muitos, porque as iniquidades deles levará sobre si.” (Isaías 53.5, 7, 10, 11 - RA)


“Pois Deus fez de Cristo, aquele que nunca pecou, a oferta por nosso pecado, para que por meio dele fôssemos declarados justos diante de Deus.” (2 Coríntios 5.21 - NVT)


Vivemos em um mundo caído e, enquanto estivermos aqui, pessoas falharão conosco. (E sabe do que mais? Iremos falhar com eles também!). Isso deve nos lembrar de que Cristo nos salva, de que Ele está preparando um lugar para nós e que, enquanto estivermos aqui, devemos andar como Ele andou, sendo intencionais na construção de relacionamentos saudáveis que irão moldar em nós e nos outros o caráter no nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo.


Editorial de Gustavo Henrique



bottom of page