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Ética Cristã — Black Friday

Black Friday — Quando os preços caem, mas nossos valores permanecem.


Passeando pelo shopping, um homem viu uma televisão numa loja, entrelaçada com uma faixa amarela, com letras vermelhas, escrito: “Black Friday — Metade do preço!”. O homem não precisava de uma televisão nova — a dele funcionava muito bem —, mas o anúncio causou nele um senso de urgência, como se aquela oportunidade fosse passar. Sem pensar duas vezes, entrou na loja e comprou a televisão, dividindo o pagamento em algumas parcelas no cartão de crédito.

 

Dias depois, descobriu que o “desconto” era apenas um truque: o preço havia sido aumentado na véspera. E, pior, o parcelamento estourou o limite do cartão. Naquele momento, ele percebeu que o problema não era o valor da televisão, mas o preço que pagou ao agir sem sabedoria com suas finanças.

 

O livro de Provérbios nos ensina os valores preciosos da sabedoria e a apresenta como uma personagem que sempre está disponível e clamando por atenção (Provérbios 1.20–23, 33). Então, por que não damos a devida atenção? Talvez a propaganda excessiva, com o uso de ofertas miraculosas, cores chamativas, influenciadores digitais e demais mecanismos de atenção, nos libere tanta dopamina no cérebro que nos leva a tomar decisões antes de consultar o Senhor. O senso de urgência para aproveitar a oportunidade do momento tem sido maior do que o nosso senso de urgência em estarmos próximos de Deus e aplicar Sua sabedoria divina.

 

Isso traz a nós, cristãos consumidores, duas reflexões: pelo que temos sido dominados? Em que temos nos contentado?

 

“O homem paciente dá prova de grande entendimento,

mas o precipitado revela insensatez.”

(Provérbios 14.29)

 

Ser precipitado é agir por impulso, sem antes consultar o conselho de outras pessoas (Provérbios 11.14), sem levantar uma lista de orçamentos antes (Lucas 14.28), e principalmente, sem consultar o Senhor em oração por confiar na própria experiência (Provérbios 3.5 e 6).

 

O fato é que o precipitado tem o coração dominado pela ansiedade, que muitas vezes o impede de tomar decisões sábias. Por isso, Jesus, quando entra no tema da ansiedade financeira — o que comer e o que vestir —, nos pede para confiarmos no que Deus tem provido e encher o nosso coração com as coisas de Deus (Mateus 6.25–34).

 

O problema não está na dopamina liberada em nosso cérebro ao ver a propaganda de desconto, mas no quanto o nosso coração está cheio do desejo pelas coisas erradas. Se ao invés de encher o nosso coração de ganância, o enchêssemos do relacionamento com Jesus, teríamos Ele dominando nossas vidas e nossas vontades.

 

Efésios 5.18–20 destaca que não devemos ser dominados pelo vinho (ou pelas coisas deste mundo), mas pelo Espírito Santo. No versículo 20, Ele nos condiciona a trocar esse domínio por ações de graças:

 

“...dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai,

em nome de nosso Senhor Jesus Cristo.”

 

É interessante refletir que, para estarmos livres do domínio do mundo, precisamos estar debaixo do domínio de Deus. A forma como identificamos se uma pessoa está dominada por Deus é através de suas palavras (ações de graças), pois sabemos que a boca fala do que o coração está cheio (Lucas 6.45). Por isso, enquanto nosso coração não estiver contente com tudo o que Deus tem feito em nossas vidas, jamais teremos a verdadeira felicidade. Sem esse contentamento suficiente em Cristo, não nos desvincularemos das mazelas impulsivas de nossa ansiedade. Mas quando Cristo ocupar o topo da lista de prioridades de nosso coração, experimentaremos o hedonismo cristão e seremos completamente satisfeitos: “Deus é mais glorificado em nós quando estamos mais satisfeitos nele” (John Piper).

 

Por fim, ao comerciante cristão que com certeza aproveita a Black Friday para pensar em ótimas propagandas e fechar mais vendas, fica a reflexão: Se Cristo fosse o CEO da sua empresa, Ele aprovaria a forma como você tem conduzido o seu trabalho?

 

Nós enxergamos leads¹, Deus vê almas — pessoas criadas à imagem dEle, com histórias que importam para a eternidade. Fazemos marketing para conquistar clientes, ao invés disto, Deus anuncia a verdade para servir corações.

 

Jesus edificou o empreendimento mais duradouro da história investindo em doze homens comuns. Ele preferiu a transformação de vidas ao crescimento de números, a fidelidade à eficiência, o discipulado ao lucro. Mais de dois mil anos depois, o que Ele iniciou continua crescendo — não por estratégias humanas, mas pelo poder de um amor que não se desgasta. Empresas vêm e vão; o Reino que Cristo construiu permanece para sempre!

 

Editorial de Victor Simão

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¹ Leads: potenciais clientes que demonstraram interesse em um produto ou serviço.

 
 
 

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