Tendo a ciência de que estamos diante de um dos assuntos que desafia nosso cognitivo, somos confrontados em nossa limitação, porém podemos nos alicerçar nas informações disponíveis na Palavra de Deus que possibilita ter clareza e segurança em nossas convicções.
Ao longo da história, muito se debateu a respeito de quem Jesus realmente foi. Grupos negaram Sua humanidade, outros duvidaram de Sua divindade. Alguns acreditavam ser Ele uma mistura da natureza humana e natureza divina, pessoas separadas, ou até mesmo somente uma imagem sem corpo físico.
Mas quem, de fato, a Bíblia diz que Jesus é?
O nascimento virginal
Primeiramente, há de se destacar que desde a primeira citação de um futuro redentor, faz-se menção de que Ele seria proveniente exclusivamente de uma mulher: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gênesis 3.15).
Em um momento posterior na revelação progressiva, Deus, através de Seu profeta Isaías, predisse um sinal: “Portanto, o Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e lhe chamará Emanuel” (Isaías 7.14). Essa profecia se cumpre de forma definitiva no momento do nascimento de Jesus, relatado no Evangelho: “Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel (que quer dizer: Deus conosco)” (Mateus 1.23).
Além disso, na genealogia apresentada por Mateus, todas as gerações são descritas pelos nomes de homens, por exemplo, Jessé gerou ao rei Davi (Mateus 1.6). Porém, no caso de Jesus, é apresentada somente a contribuição de Maria através da expressão “da qual”: “E Jacó gerou a José, marido de Maria, da qual nasceu Jesus, que se chama o Cristo” (Mateus 1.16 — ênfase do autor). Esse conceito é reforçado por Lucas, quando o autor escreve que o Espírito Santo desceria sobre Maria e ela conceberia um ente santo (Lucas 1.35).
E qual a importância de afirmarmos o nascimento virginal? Porque essa forma de nascimento é o que nos garante a santidade de Jesus. Jesus não foi herdeiro do pecado de Adão, Ele não possuía uma natureza pecaminosa e, portanto, era capaz de ser o Cordeiro perfeito que tiraria o pecado do mundo (João 1.29).
A dupla natureza
A dupla natureza, também conhecida como união hipostática, consiste em “a segunda pessoa, o Cristo pré-encarnado vindo e tomando para si mesmo uma natureza humana, permanecendo para sempre como deidade não diminuída e com uma humanidade verdadeira unida em uma pessoa eternamente. O resultado das duas naturezas é o Deus-Homem”.¹
Jesus é perfeitamente Deus
O próprio Jesus afirmou, durante um diálogo com os judeus, que possuía prerrogativa divina de existência contínua e eterna: “Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade eu vos digo: antes que Abraão existisse, Eu Sou” (João 8.58). Essa ideia é afirmada pelo evangelista em João 1.1–3: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez”. O apóstolo Paulo também reforça isso em Colossenses 2.9, quando diz que em Jesus habita “toda a plenitude da Divindade”.
Além disso, Jesus possuía e demonstrava atributos divinos, tais como, onisciência (Marcos 2.8), onipotência (Marcos 4.35–41), afirmava equiparação ao Pai quanto ao poder de ter vida em si mesmo (João 5.26) e perdoar pecados (Lucas 5.24), bem como era digno de receber adoração (Mateus 28.9).
Jesus, perfeitamente Deus, pôde viver uma vida ideal, cumprindo todas as exigências, além disso, ofereceu um sacrifício que satisfez o Pai.
Jesus é perfeitamente homem
Paulo destaca a humanidade de Jesus mencionando que Ele nasceu de mulher e sob a Lei (Gálatas 4.4), e ressalta a humanidade dEle em 1 Timóteo 2.5: “Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem” (ênfase do autor).
Paul Enns afirma que “A palavra encarnação significa ‘em carne’ descrevendo o ato que o Filho de Deus adicionou à sua deidade (divindade), uma natureza adicional humana através do nascimento virginal. O resultado é que Cristo permanece para sempre como deidade imaculada, que Ele tem desde a eternidade passada, mas também possui uma humanidade verdadeira, impecável em uma pessoa para sempre”.²
Como homem, Ele nasceu (Lucas 2.7), demonstrou sentimentos e reações humanas, tais como: fome (Mateus 21.18), sede (João 19.28), tristeza (João 11.35), e até mesmo enfrentando a morte.
Perfeitamente homem, Jesus pôde ser o representante da raça humana caída em toda sua expressão.
A vida perfeita de Jesus
Jesus demonstrou obediência ativa, obedecendo a todos e a cada um dos mandamentos da Lei, como relatado no Evangelho: “Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, vim para cumprir” (Mateus 5.17). Como segundo Adão, Jesus veio cumprir aquilo que o primeiro Adão havia falhado em realizar (Romanos 5.12).
Além disso, o Deus-Homem, desempenhou de forma perfeita todos os ofícios executados anteriormente pelos homens, de modo incompleto. Como Rei, havia a promessa de instauração de um Reino, o qual Jesus inaugurou na Sua primeira vinda.
No período do Antigo Testamento, muitos desempenharam o papel de profeta, os quais realizaram a comunicação de ordens e princípios. Jesus, no entanto, ensinou completamente a vontade de Deus, além disso, revelou o próprio Pai aos homens (Hebreus 1.1 e 2).
Já no ofício de sacerdote, Jesus cumpriu todas as exigências de um intercessor perante Deus, e desde então, representa o crente diante do Pai através de um sacerdócio sem pecado, único, perfeito e de uma intercessão continua (Hebreus 7.24–27).
Cristo veio ao mundo para morrer de forma substitutiva, e com isso, pagar o preço pelo pecado, satisfazendo as justas condições de um Deus Santo, reconciliando com Deus aquele que crê, o qual é declarado justo pelo Pai através da justificação (Romanos 3.21–26).
Devemos sempre nos lembrar e sermos gratos pelo fato de que Deus manifestou tal amor ao enviar Jesus para nos libertar da condenação eterna, nos dando vida e vida em abundância (João 10.10), e virá nos buscar para vivermos para sempre com Ele.
Editorial de Neemias X. P. Santos
¹ENNS, Paul, Manual de Teologia Moody, São Paulo: Editora Batista Regular, 2014, p. 264.
²ENNS, Paul, Manual de Teologia Moody, São Paulo: Editora Batista Regular, 2014, p. 256-257.
*Vide "O QUE CREMOS”: https://www.ibmaranata.org.br/sobrenos
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