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As Bem-aventuranças: Os Perseguidos por Causa da Justiça

É evidente que vivemos em um cenário de depravação total, onde o correto tornou-se errado e o errado obteve aprovação. Os valores e objetivos buscados pelo homem não são aqueles que Deus estabeleceu em sua Sagrada Escritura. Desde sua queda, por não querer submeter-se a Deus, o homem procura satisfação através de seus próprios caminhos. Com isso, não percebe que está cada vez mais cego em sua loucura, e a busca pela felicidade e satisfação pessoal como um fim em si mesma tem levado a humanidade a terríveis inversões e a uma falsa alegria, muito aquém daquela que realmente é genuína e eterna.


Em contrapartida, a felicidade que Deus preparou para nós não é um fim em si mesma, mas consequência de uma nova identidade nEle. Neste contexto, ao longo dos editoriais de nossa série “As Bem-aventuranças” fomos expostos às características que marcam uma vida piedosa. Vimos que elas nos mostram marcas do caráter que Deus espera ver em Seus filhos e nos mostram o caráter do nosso Rei, Jesus. Tais características validam uma vida de plena satisfação em Cristo e de felicidade genuína.


Neste editorial veremos mais uma característica dos filhos de Deus. Diferentemente das outras bem-aventuranças, esta não é uma característica do cristão em si, mas uma consequência de viver as outras características.

A identidade do cristão é marcada pela verdadeira felicidade


Em meio a essa confusão e distorção a respeito da felicidade, precisamos entender que a verdadeira felicidade descrita por Deus ao longo de sua Palavra é um grande paradoxo aos olhos do mundo. Enquanto o mundo, sem identidade, procura alcançar a felicidade através dos diversos prazeres que ele cria, a verdadeira felicidade está ligada à nossa nova identidade em Cristo Jesus (filhos de Deus), e do nosso relacionamento com Ele (Salmos 1.1, 2; 33.12; 34.8; 144.15; Provérbios 16.20; 28.14a). De maneira mais clara, ao longo de nossa série vimos que o cristão é pobre de espírito, que chora, é manso, puro de coração e tem fome e sede da justiça de Deus, e por possuir essas características ele é bem-aventurado. Essas características são visíveis e diferem o cristão do resto do mundo.


O cristão é perseguido por causa da sua identidade


É importante frisarmos que o cristão é diferente do resto do mundo, não superior. Como vimos há algumas semanas, ter fome e sede da justiça de Deus (Mateus 5.6) são características da nova identidade recebida pelo cristão e representa o ardente desejo pela libertação completa do pecado, desejo que o move a viver uma vida de luta incessante contra o pecado. Por isso, à medida que o caráter de Cristo é moldado na vida do cristão, sua vida expõe o pecado e a imoralidade das pessoas que vivem ao seu redor, assim como aconteceu com Jesus e Seus discípulos. Suas vidas retas expunham o caráter das pessoas que não viviam uma vida de retidão, causando ódio no coração delas — exatamente como Jesus alertou aos Seus discípulos que aconteceria:


“Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós, me odiou a mim.

Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu,

mas porque não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo,

por isso é que o mundo vos odeia. Lembrai-vos da palavra que vos disse:

Não é o servo maior do que o seu senhor. Se a mim me perseguiram,

também vos perseguirão a vós; se guardaram a minha palavra,

também guardarão a vossa.”

(João 15.18–20)


A perseguição é inevitável


“E também todos os que querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos.”

(2 Timóteo 3.12)


É impossível vivermos uma vida piedosa e não sermos perseguidos pelas trevas! Assim como Cristo sofreu retaliação e perseguição por viver uma vida de retidão, outros cristãos também foram perseguidos. Abel foi perseguido (e morto) pelo seu próprio irmão quando obedeceu ao Senhor (Gênesis 4). Daniel foi perseguido pelos governadores de sua época (Daniel 6). Davi foi perseguido por Saul (1 Samuel). Portanto, se não estamos sofrendo perseguição onde vivemos, é porque provavelmente não estejamos vivendo uma vida piedosa.



“Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça,

porque deles é o Reino dos céus; bem-aventurados sois vós quando vos injuriarem,

e perseguirem, e, mentindo, disserem todo o mal contra vós,

por minha causa. Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus;

porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós.”

(Mateus 5.10–12)


Perseguição é uma prova de filiação. Como vimos ao longo deste editorial, só é perseguido por causa da justiça de Deus aqueles que receberam uma nova identidade em Cristo Jesus, e por este motivo herdarão o Reino dos Céus.


Entretanto, é desafiador lermos “exultai e alegrai-vos” por causa da perseguição, não é mesmo? Entretanto, logo em seguida nos deparamos com “porque é grande o galardão nos céus”. Paulo em 1 Coríntios 2.9 diz que coisas inefáveis esperam aqueles que amam a Deus. A ideia não é procurarmos ou festejarmos a perseguição. Contudo, não devemos recebê-la como algo negativo e destruidor. Cristo está conosco em nossa perseguição, e através dela nos tornamos parecidos com Ele em seu sofrimento!


Um versículo que me chama muito a atenção quando o assunto é provação/perseguição é o trecho em que Paulo diz aos Coríntios:


“Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente, não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se não veem são eternas.”

(2 Coríntios 4.17, 18)


O cristão é feliz porque tem a garantia da eternidade com o Senhor, e não há nenhum sofrimento nessa vida que possa se comparar com os benefícios e a alegria que desfrutaremos por viver ao lado dEle eternamente.


Para refletir


  • Por que não tenho sofrido perseguição em minha vida? Será que tenho vivido uma vida piedosa?

  • A maneira como eu vivo tem evidenciado o caráter de Jesus ao ponto de impactar as pessoas que vivem ao meu redor?

  • A perseguição que tenho sofrido é por causa da justiça de Deus ou porque tenho sido um cristão inconveniente?

Editorial de Rafael Ceron



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