A bondade de Deus é o externar do Seu caráter glorioso, a fonte e o padrão de tudo o que é bom, e o combustível que nos move a praticar as boas obras que Ele preparou para nós.
Logo no primeiro capítulo do livro de Gênesis podemos ver esse atributo de Deus sendo demonstrado em várias ações criativas e originais, acontecimentos descritos por Moisés de forma enfática e sempre destacando que “eram bons”, até a expressão definitiva da conclusão da criação: “E viu Deus que tudo era muito bom” (Gênesis 1.31 – ênfase do autor). Paulo, escrevendo a Timóteo, reafirma com toda a clareza esse aspecto do ser divino — “pois tudo que Deus criou é bom...” (1 Timóteo 4.4a).
No livro dos Salmos, o qual reúne orações e cânticos de louvor a Deus, encontramos por diversas vezes destaques à bondade de Deus. Trechos como “Porque o SENHOR é bom, a sua misericórdia dura para sempre, e, de geração em geração, a sua fidelidade” (Salmo 100.5), e “Oh! Provai e vede que o SENHOR é bom; bem-aventurado o homem que nele se refugia” (Salmo 34.8), deixam claro que não somente Deus possui essa característica como também mostram que o ser humano desfruta dos benefícios disponibilizados por ela.
Outras passagens dos Salmos, indicam que a bondade demonstrada pelo Senhor deve despertar gratidão e conduzir ao louvor os que observam a manifestação de Deus. Isso fica evidente na repetição enfática que o salmista faz da expressão “Rendei graças ao Senhor, porque ele é bom”, mencionada após a citação de muitos eventos da história do povo de Israel, bem como na menção das intervenções de Deus na criação (Salmos 106, 107, 118 e 136).
Ao longo do Antigo Testamento, vários exemplos de demonstração da bondade do Senhor aos Seus servos são apresentados pelos escritores bíblicos, tais como: Abraão, José, Davi, dentre outros. O profeta Jeremias, mesmo diante de tristezas e muitas dificuldades, destaca que Deus é bom — ”Bom é o Senhor para os que esperam por ele, para a alma que o busca” (Lamentações 3.25).
Outro aspecto claro da demonstração deste atributo de Deus é evidenciado na atividade de chamamento dos pecadores. Esse ponto é mencionado como base de Paulo na carta aos Romanos, utilizando como argumentação para descrever a atividade salvadora de Deus: “Ou desprezas a riqueza da sua bondade, e tolerância, e longanimidade, ignorando que a bondade de Deus é que te conduz ao arrependimento?” (Romanos 2.4). Diante desta verdade apresentada pelo apóstolo, existe a clara advertência de não sermos dominados pela presunção e nem nos apoiarmos em nossos próprios méritos diante de Deus.
Além disso, o autor de Hebreus explica que houve um ponto de destaque na revelação: “Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho” (Hebreus 1.1, 2), Jesus foi enviado, na plenitude dos tempos (Gálatas 4.4), como manifestação visível e corpórea de Deus, como demonstração perfeita e suficiente da bondade. Ele manifestou a bondade através dos cuidados com os outros, dos milagres, das curas, orações, durante todo o tempo da Sua encarnação.
Quando Jesus ensinava a respeito do que era esperado ao cidadão do reino, mencionou que aqueles que O seguissem deveriam manifestar as mesmas boas obras realizadas por Ele — “Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus” (Mateus 5.16), e, por fim — “Portanto, sedes vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste” (Mateus 5.48).
No contexto no qual esses versículos estão inseridos, há um destaque especial sobre a necessidade daquele que ama a Deus, exercitar, através de evidências, o amor e a bondade, e superar o padrão dos gentios, ou seja, daqueles que não amam a Deus.
Pode-se destacar que a bondade também é um dos frutos do Espírito que caracteriza os cristãos: “Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade” (Gálatas 5.22). A Bíblia nos faz lembrar também que proveem de Deus os dons e talentos dados a nós para utilização na Sua obra: “Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança” (Tiago 1.17).
A resposta natural de alguém que entendeu a bondade de Deus é adorá-lO. Nós não merecemos ser alvo da Sua bondade, nós não merecemos servir a um Deus tão bondoso, mas ainda assim Ele continua demonstrando Sua bondade a nós. E ao reconhecermos a bondade de Deus para conosco em Cristo, devemos desejar aprender Seus caminhos e mandamentos para nossas vidas, porque confiamos que Seus caminhos são bons.
Editorial de Neemias X. P. Santos
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