Imagine que entre uma caminhada e outra pelo seu bairro, você se depare com uma casa completamente abandonada. E nota, ao chegar mais perto, que ela possui um pequeno jardim, mas que está repleto de lixo e dominado por pragas. Em meio àquela imagem desoladora, você encontra uma frágil plantinha sufocada por ervas daninhas. Então, você decide retirá-la e, com todo cuidado, a leva para sua casa, escolhe a parte mais fértil do seu jardim e a replanta. E passa, desde então, a adubá-la e a se certificar de que não lhe falte água, nem luz solar.
Agora, longe do lixo, sem o domínio das ervas daninhas e livre do poder das pragas, a planta possui as condições ideais de que ela precisa para se desenvolver. E essa, certamente, será a expectativa de todos nós, que ela cresça, floresça e produza muitos frutos.
De modo semelhante, depois da queda, o ser humano passou a habitar uma terra amaldiçoada, contaminada pelo lixo das paixões carnais e dominada pela imundice do pecado. Por causa de Adão, nossa natureza passou a ser perversa e miserável (Romanos 1.24-32) e, por isso, todos nós já estamos condenados a receber das mãos do Senhor o cálice da Sua ira e a beber do vinho da Sua cólera (Salmo 75.8).
Mas, Deus, por meio do grande amor com que nos amou, nos encontra em meio à nossa deplorável condição e, ao invés de nos fulminar com toda Sua fúria, Ele a derrama no Seu próprio Filho na cruz do calvário. Nosso Verdadeiro Agricultor nos retira da sujeira e imundice desse mundo e nos faz ramos da videira que é Cristo (João 15.1).
Por pura graça e misericórdia, Deus nos concede uma nova vida e um novo coração que, fortalecido com os nutrientes da fé, nos capacita a crer na pessoa e obra do Senhor Jesus. E é por meio dessa fé que Deus nos declara justos, imputando a nós os méritos perfeitos de Seu Filho amado.
Agora, regenerados e justificados, começa em nós um processo de santificação, no qual o Espirito Santo vai, progressivamente, transformando o nosso homem interior, nos libertando cada vez mais do poder do pecado e desenvolvendo em nós, ao longo dos anos, as virtudes do caráter de Cristo.
E essa é a expectativa que existe para todos aqueles que, verdadeiramente, professaram Jesus Cristo como seu Senhor e Salvador: crescimento contínuo. O problema é que muitos cristãos se frustram porque esperam da santificação o que a justificação já fez por eles. Imaginam que a santificação seja um ato perfeito e acabado que, de uma vez por todas, já tirou a culpa, o poder e a presença do pecado de suas vidas. Mas, não é assim! Nós fomos declarados justos, não inocentes e, embora o pecado não mais nos domine, ele ainda permanece latente em nós.
A verdadeira vida cristã é repleta de batalhas diárias contra o mundo, a carne, o diabo e o pecado, e isso não é algo fácil, pois requer esforço, atitude e uma postura sempre ativa no conhecimento do nosso Salvador. É certo que, muitas vezes, vamos desbotar e até murchar nesse processo, mas se fomos replantados em Cristo, o autor e consumador da nossa fé (Hebreus 12.2), estaremos sempre sendo revigorados com Sua seiva sagrada, que nos fornece todas as condições que necessitamos para florescer espiritualmente e frutificar boas obras.
Em sua segunda carta, o apóstolo Pedro descreve a reação esperada de quem é assim agraciado: “...por isso mesmo, vós, reunindo toda vossa diligência, associai com a vossa fé a virtude; com a virtude, o conhecimento, com o conhecimento, o domínio próprio; com o domínio próprio, a perseverança; com a perseverança, a piedade; com a piedade, a fraternidade; com a fraternidade, o amor” (2 Pedro 1.5-7). Essas qualidades dão vigor à nossa fé e representam a garantia de que a maior necessidade de todo ser humano sempre será conhecer o Senhor Jesus, porque é somente nEle onde encontraremos o poder transformador que fará com que nossos relacionamentos se tornem cada vez mais autênticos, nossas palavras comuniquem mais bom senso, mais serenidade, mais alegria, mais realidade e nossas vidas deixem de ser uma montanha russa de sentimentos e emoções. Pois, saberemos como lidar com a nossa sexualidade, nosso dinheiro, nosso trabalho, nossas amizades, namoro, casamento, criação de filhos, enfim, nossa obediência será prazerosamente possível e nossa esperança cada vez mais lúcida.
O que se conclui, portanto? Quanto mais percebemos quão maravilhoso, santo e majestoso Deus é e quão miserável e pecadores nós somos, mais gratos e satisfeitos ficamos ao compreender e admirar o que Cristo fez por nós na cruz do calvário. E é a percepção diária dessas coisas que irá potencializar nossa fé e, progressivamente, maximizar o crescimento da nossa santidade.
Editorial de Walter Feliciano
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