Jesus e Sua primeira vinda, uma história de preparação
Imagine o passado remoto onde nada existia, somente Deus eternamente reinando:
“Teu trono permanece desde os tempos antigos; tu existes desde a eternidade.”
(Salmo 93.2)
Deus não é um ser solitário, pelo contrário, Ele existe como Trindade: três pessoas divinas e eternas, em perfeita harmonia. Esse é um conceito difícil de explicar, que é compreendido em parte pela fé, mas fundamental para se entender a finalidade do Natal, pois essas Pessoas não precisaram de criaturas para se sentirem realizadas, mas tiveram uma ideia maravilhosa: dividirem Sua glória com os seres humanos, que Eles criaram.
“Quem são os simples mortais, para que pensem neles? Quem são os seres humanos,
para que com eles te importes? E, no entanto, os fizeste apenas um pouco menores que Deus e os coroaste de glória e honra.”
(Salmo 8.4, 5)
Porém, haveria um terrível problema nesta história: Deus, ao criar os anjos e os homens com capacidade de decisão já sabia que alguns anjos conscientemente iriam se revoltar contra o próprio Criador, por orgulho. Sabendo de tudo o que aconteceria, desde a queda desses anjos maus e a entrada do pecado na humanidade, Deus planejou um sistema judicial para aplacar Sua ira contra o pecado, que exigiria um sacrifício de Si mesmo. Nesse Plano, a primeira das Pessoas Divinas seria o Pai, o qual também executaria o papel de Administrador do Universo e Juiz do Pecado; a outra seria o Filho, enviado ao mundo como sacrifício pelo pecado, o qual se esvaziaria do Seu próprio poder para Se tornar plenamente homem e salvar pessoas escolhidas para o Pai, pelo Seu sacrifício; a terceira Pessoa, o Espírito Santo, seria o elo que daria poder divino do Pai ao Filho, seria o responsável por abrir o entendimento de alguns sobre seus pecados e por selar esses escolhidos pelo Pai para a salvação por meio do Filho.
Deus separaria, então, um povo de onde Seu Filho viria. O povo de Israel viveria um sistema político-religioso, tendo como figura central o sacrifício de um cordeiro sem defeito pelos pecados, o que aconteceria nos altares de pedra, no Tabernáculo e finalmente no Templo. Israel também receberia a promessa do nascimento de um Libertador.
“Pois um menino nos nasceu, um filho nos foi dado. O governo estará sobre seus ombros,
e ele será chamado de Maravilhoso Conselheiro, Deus Poderoso,
Pai Eterno e Príncipe da Paz.”
(Isaías 9.6)
“Um menino nos nasceu…” Assim é apresentada uma parte do currículo do Messias, que quer dizer o Enviado, o Escolhido. Assim começa a história do Natal, que preenche as antigas profecias do Velho Testamento com a vinda do Messias, o Cordeiro sacrificial oferecido por Deus para morrer pelo pecado, vencer a morte e ressuscitar, reassumir seu Trono de Glória e no futuro, retornar como Rei triunfante para reinar eternamente com os Seus resgatados do pecado.
Deus presente
Aquele que conheceríamos como o Filho de Deus nas páginas do Novo Testamento, a segunda pessoa da Trindade, não ficou escondido nos bastidores atrás da cortina da história até o Natal, mas teve uma presença ativa nos acontecimentos passados, na figura do Anjo do Senhor. Sua primeira aparição foi à Agar, uma escrava egípcia abandonada por Abrão e desprezada por Sarai, seus senhores, como se fosse viúva e futura mãe de um órfão:
“E o anjo do Senhor a achou junto a uma fonte de água no deserto, junto à fonte no caminho de Sur. E disse: Agar, serva de Sarai, donde vens, e para onde vais? E ela disse: Venho fugida da face de Sarai minha senhora. Então lhe disse o anjo do SENHOR:
Torna-te para tua senhora, e humilha-te debaixo de suas mãos.”
(Gênesis 16.7-9)
Eis o Anjo do Senhor se identificando como o próprio Deus Cuidador de órfãos e viúvas (Salmo 68.5), ensinando a submissão aos mais velhos e autoridades (1 Pedro 5.5-7) e mostrando a esta escrava desprezada o alívio da mansidão e humildade, como Ele mesmo ensinaria e viveria séculos mais tarde (Mateus 11.28-30). Assim, como nesse exemplo, Jesus (cujo nome significa Jeová é Salvação), já estava ativamente atuando no plano Divino, planejando, criando, salvando, preservando, guiando e protegendo Seus escolhidos nos tempos antigos do Velho Testamento, mesmo antes do Natal. Abraão (Gênesis 22.11; João 8.56), Josué (Josué 5.13-15), os pais de Sansão (Juízes 13) e tantos outros desfrutaram dessa companhia do Anjo do Senhor.
Os acontecimentos preparados por Deus que antecederam o Natal
A necessidade de sacrifícios: Adão e Eva pecaram e um animal foi morto pelo pecado, para os cobrirem (Gênesis 3.21). Na história de Caim e Abel, o animal apropriado para o sacrifício aceitável por Deus é um cordeiro (Gênesis 4.2-5). Os patriarcas, tais como Noé, Jó, Abraão, faziam sacrifícios pelo pecado e em gratidão a Deus (Gênesis 8.20; 12.8; Jó 1.1-5). Em um episódio especial, um Anjo do Senhor propiciou o cordeiro do sacrifício em lugar de Isaque, símbolo do Seu futuro sacrifício por nós (Gênesis 22; João 1.29)
Sacrifícios, pecados e a promessa de libertação: Na páscoa, percebe-se que o sacrifício do cordeiro é o marco da libertação do povo de Israel da servidão do Faraó (Êxodo 12), assim como Cristo é a nossa páscoa de libertação da servidão do pecado (1 Coríntios 5.7). As leis de Israel mostram a santidade de Deus em contraste com o homem pecador, como vemos no livro de Levítico. A história do povo de Israel mostra que este falhou em seu papel de proclamar a salvação de Deus. Os profetas levantaram denúncias contra os pecados do povo que se afastava de Deus. Uma era de escuridão de 400 anos de silêncio divino esperava por Israel, dominado pelas nações estrangeiras. Finalmente, o nascimento do Filho de Deus, o Anjo da Aliança, traria a esperança e romperia a escuridão, como profetizado:
“Esse tempo de escuridão e desespero, no entanto, não durará para sempre.
A terra de Zebulom e de Naftali será humilhada, mas no futuro a Galileia dos gentios, localizada junto à estrada entre o Jordão e o mar, se encherá de glória.
O povo que anda na escuridão verá grande luz. Para os que vivem na terra de trevas profundas, uma luz brilhará.”
(Isaías 9.1, 2)
“Eis que eu envio o meu mensageiro, que preparará o caminho diante de mim; e de repente virá ao seu templo o Senhor, a quem vós buscais; e o anjo da aliança, a quem vós desejais, eis que ele vem, diz o SENHOR dos Exércitos.”
(Malaquias 3.1)
Então, do primeiro pecado até a vinda de Jesus, Deus preparou um povo para receber Seu Filho, o qual já tinha se apresentado a ele como Anjo do Senhor. E finalmente veio o Natal, o nascimento do Anjo da Aliança, do Libertador Prometido.
Quer ver a conclusão dessa gloriosa história? Aguarde o editorial "Natal no Novo Testamento". Deus os abençoe! Até lá!
Editorial de Nilson Silva
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