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O amor de Deus por Deus

Atualizado: 26 de out. de 2018

Uma das frases mais comumente usadas hoje é: Deus é amor! Ela é usada para confrontar atitudes de julgamento, para justificar atitudes contra a vontade de Deus revelada na Palavra e até para isentar Deus de aplicar a Sua ira. Porém, levando em consideração o contexto em que a frase é usualmente empregada, nota-se que o que realmente é comunicado é que “o Amor é deus”!


Nós assumimos não que Deus é amor, mas que o Amor é deus. Em outras palavras, não vamos até o verdadeiro criador do Universo e lhe dizemos: Por favor, diga-nos como o Senhor é e como o Senhor define o amor. Em vez disso, começamos com o nosso próprio conceito autodefinido de amor e permitimos que esse conceito defina o que é certo e errado, bom e mau, mesmo quando esse tipo de avaliação pertence somente a Deus. O amor se torna o ídolo supremo. [1]


Nesse caso, o amor de Deus é geralmente entendido como algo universal, indiscriminado e incondicional. E por trás dessa concepção está geralmente a centralidade do Homem. Contudo, de fato, encontramos nas Escrituras que o amor de Deus é totalmente centrado em Deus, o que significa que Ele é mais complexo que a concepção comum poderia imaginar. Ele combina salvação e julgamento. Ele é gracioso e discriminatório. Ele muda o exterior e o interior. A membresia da igreja é uma ilustração de todas essas coisas – da salvação e do julgamento, da graça e da discriminação, do cuidado interior e do exterior – e por essa razão, ela define o amor de Deus para o mundo.


Portanto, se Deus é a coisa mais importante em Suas próprias afeições, então, todos os outros amores devem estar condicionados a esse primeiro amor. Note um exemplo do amor de Deus por Deus (1) e sua relação com a membresia na igreja (2):


1. Deus ama sua criação

Deus não nos ama por causa de algo intrinsecamente valioso ou amável em nós, mas sim porque Deus nos criou a Sua imagem e semelhança (Gênesis 1.27) e diz que Sua criação é muito boa (Gênesis 1.31). Deus ama a todos, porque contempla Seu próprio trabalho manual, Sua própria imagem e glória em todos. O amor de Deus é centrado em Deus.


Por outro lado, Deus ama Se opor a tudo que se opõe a Ele. Deus ama todos os pecadores à medida que eles refletem Sua glória; e Ele Ee opõe a eles à medida que eles não fazem isso. O que significa é que o amor centrado em Deus deve discriminar; deve ter preferências; deve fazer julgamentos e deve fazer essas coisas à luz do pecado e da queda. Ele não é universal, porque não ama coisa alguma que se oponha a Deus. O amor centrado em Deus não ama o pecado. O que é pecado? Pecado é qualquer coisa que se oponha a Deus e, enfim, intente o mal de Deus. Por essa razão, o amor de Deus, que é centrado em Deus, fará discriminação entre o que é pecado e o que não é; entre aqueles que pertencem ao pecado e aqueles que não pertencem; entre aqueles que O amam e buscam a Sua glória e aqueles que não o fazem.


Por essas razões, o coração que ama verdadeiramente combinará aspectos de amor e ódio. Ele odeia qualquer perversão de sua imagem ou qualquer coisa que possa depreciar seu amor, mas esse mesmo ódio se baseia no amor pelo bem.


2. Membresia na Igreja

Considere o que a membresia e a disciplina da igreja são. Elas são atos preventivos de julgamento, feitos por uma congregação local, os quais prenunciam o julgamento ainda maior, o veredicto vindouro. Elas são uma declaração, na Terra, sobre quem pertencerá ao povo de Deus, no céu (Mateus 16.19). Elas são uma avaliação de quem pertence a Ele e de quem não pertence. Se o que Deus mais ama for Ele mesmo, então Deus pode escolher livremente julgar aqueles que não O amam. Na verdade, Ele deve julgar. Se esse for o caso, então os julgamentos preventivos feitos pela membresia e pela disciplina da igreja podem ser vistos como misericordiosos e bondosos. Essas práticas se tornam uma graciosa advertência sobre um julgamento muito maior que está por vir.


Portanto concluímos que o amor de Deus é um bumerangue que o homem natural ama e despreza. Nós amamos quando o bumerangue nos rodeia, à medida que ele voa para fora, mas desprezamos a exigência do bumerangue à medida que ele nos chama de volta para amá-lo com todo o nosso coração, mente, alma e força. Também desprezamos a insinuação de que esse amor o leve a julgar.


O evangelho de Deus é um bumerangue que o homem natural ama e despreza. Amamos o anúncio de perdão e amor sem que haja mérito de nossa parte, mas desprezamos o chamado para o arrependimento, para abandonarmos tudo e seguirmos a Jesus. Desprezamos a exclusividade desse chamado.


A igreja de Deus é um bumerangue que o homem natural ama e despreza. Amamos a ideia de uma comunhão calorosa que nos adote, mas desprezamos as exigências dessa comunhão para que abandonemos a adulação da família e dos amigos, com a qual estamos acostumados, e nos submetamos a essa supervisão e disciplina.


Precisamos de ambos. Só assim seremos uma igreja que testemunha de forma madura o amor que recebemos de Deus Pai em Jesus.


Editorial de Leonardo Cordeiro


[1] Muitos trechos desse artigo foram retirados do livro "A Igreja e a Surpreendente Ofensa do Amor de Deus" de Jonathan Leeman.



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