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Os Dez Mandamento – A Grama do Vizinho é Sempre Mais Verde

E quando as pessoas à nossa volta prosperam? Como lidamos com as conquistas de um vizinho, irmão, primo ou qualquer outra pessoa que faça parte de nosso convívio? Neste editorial chegamos ao décimo Mandamento: a cobiça. Pecado que faz “a grama do vizinho sempre parecer mais verde do que a nossa”. A cobiça é um sentimento cultivado em nossa sociedade moderna que nos incentiva a buscar mais, a ter mais, a acumular mais. Somos bombardeados com propagandas que nos dizem que precisamos ter as últimas novidades tecnológicas, os carros mais luxuosos e as casas mais espaçosas. E isso pode nos levar a desejar o que não temos, a invejar o que os outros têm e até mesmo a agir de forma desonesta para conseguir o que queremos.


No entanto, a Bíblia nos ensina que a cobiça é um pecado que desagrada a Deus e que impacta diretamente o nosso relacionamento com Ele e com as pessoas que estão à nossa volta. Somos encorajados a buscar o contentamento em Deus, a sermos gratos pelo o que temos, e a cuidarmos uns dos outros em vez de apenas nos concentrarmos em nossos próprios desejos e necessidades. Por isso, vamos explorar algumas características da cobiça e como podemos vencê-la à luz do Evangelho.


O desejo


Em primeiro lugar, é importante afirmar que desejos não são, necessariamente ruins. Deus nos criou com desejos, e nos encoraja a colocar nossas necessidades e desejos diante dEle (Lucas 11.9–12). Assim como um pai amoroso que tem prazer em dar boas coisas para seus filhos, assim é o nosso Deus para conosco. Deus se preocupa tanto com as nossas necessidades mais básicas como, comida, alimento e vestimenta (Mateus 6.26–30), quanto com os nossos desejos (Salmo 37.4).


Contudo, seja uma necessidade real ou um simples desejo, devemos colocá-los diante de Deus, confiando que Ele é poderoso e bondoso para nos dar exatamente o que precisamos. Esse é o coração que Ele espera que tenhamos: reconhecer que todas as coisas vêm dEle e que nada está acima dEle. Com corações assim, somos blindados da cobiça e não somos governados por desejos desenfreados.


Os desejos desenfreados e suas consequências


No entanto, quando o oposto acontece e colocamos nosso coração em nossos desejos, eles assumem um local que não lhes é devido e a idolatria ganha espaço em nosso coração, espaço que deveria ser ocupado pelo amor a Cristo, buscando em primeiro lugar o Seu reino e a Sua justiça (Mateus 6.33). Como consequência, nos afastamos dEle e nos aproximamos de nossos ídolos, e ao invés de investirmos tempo orando e colocando nossos desejos e necessidades diante de Deus, gastamos tempo pensando no que gostaríamos de ter e nas coisas que as outras pessoas possuem. Assim, ficamos impossibilitados de perceber o quanto já temos, e começamos a desejar desesperadamente o que os outros possuem. Essa condição é uma total desobediência ao décimo Mandamento:


“Não cobiçarás a casa do teu próximo.

Não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo,

nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento,

nem coisa alguma que pertença ao teu próximo.”

(Êxodo 20.17)


Isso impacta diretamente a qualidade de nossos relacionamentos. Ao invés de nos alegrarmos com as conquistas de nossos amigos e irmãos (Romanos 12.15), nos tornamos pessoas infelizes, amargas e tendemos a nos afastar das pessoas que conquistam o que gostaríamos de possuir. Paulo descreve esse fenômeno em sua carta a Timóteo (1 Timóteo 6.10), onde explica que a cobiça é a raiz de todos os males.


O pecado da cobiça é tão grave, que a Bíblia adverte sobre seus perigos em várias outras passagens. Em Provérbios 28.16 vemos que "o líder sem entendimento é grande opressor, mas aquele que odeia a ganância prolongará os seus dias". Já em Colossenses 3.5, o apóstolo Paulo exorta os cristãos a "fazer morrer a cobiça, a avareza e outros vícios", pois tudo isto "é idolatria".


O exemplo do rei Acabe, registrado em 1 Reis 21, também ilustra as consequências graves da cobiça. Acabe desejou a vinha de Nabote e acabou matando-o para tomar posse dela, o que levou à sua própria queda e condenação perante Deus. Em Josué 7, lemos sobre o pecado de Acã, que cobiçou e roubou objetos sagrados do acampamento do povo de Israel. Esse ato de cobiça trouxe maldição sobre todo o povo e resultou em sua derrota em batalha. O rei Davi também caiu no pecado da cobiça e sofreu as consequências desse pecado.


Por isso, devemos lutar constantemente contra a cobiça, investindo tempo em intimidade com Deus, colocando todas as nossas necessidades e desejos perante Ele. Confiar em Deus, nutrir um relacionamento íntimo com Ele e sermos gratos por tudo o que Ele já nos deu é como lutamos contra a cobiça, que é idolatria.


Vencendo a cobiça confiando no Senhor


A boa notícia é que podemos vencer a cobiça, confiando em Deus e em Seu amor por nós. Quando confiamos em Deus e nos contentamos com o que Ele nos dá, somos livres para amar e servir aos outros sem nos preocuparmos com nossos desejos e necessidades ou com os bens dos que estão à nossa volta. E a única maneira de fazer isso é buscando, em primeiro lugar, as coisas de Deus (Mateus 6.33). Dessa maneira, desfrutamos do mesmo contentamento que o apóstolo Paulo sentia:


"Não digo isto como por necessidade,

porque já aprendi a contentar-me com o que tenho.

Sei estar abatido, e sei também ter abundância; em toda a maneira,

e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura,

como a ter fome; tanto a ter abundância, como a padecer necessidade.

Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece."

(Filipenses 4.11–13)


Esse contentamento impulsionava o apóstolo Paulo a servir as pessoas que estavam à sua volta sem a preocupação e sem o apego às coisas que ele poderia ter ou que os outros possuíam. Da mesma maneira, ao vivermos uma vida de contentamento e confiança em Deus, desfrutamos da liberdade da escravidão do pecado, e nos tornamos úteis para o Reino de Deus, que deve ser o nosso principal objetivo.


Que nossas preocupações e desejos não tomem o lugar em nosso coração que deve ser ocupado exclusivamente por Cristo, para que possamos ser verdadeiros servos de Seu Reino!


Editorial de Rafael Ceron


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